Ceará: Organizações lançam plebiscito contra pulverização de agrotóxicos por drones
Ativistas querem o fim da “chuva de veneno” liberada por lei do governo Elmano de Freitas (PT)

No estado do Ceará, movimentos sociais, partidos, coletivos de juventude, sindicatos, ambientalistas, lideranças comunitárias e indígenas, artistas e representantes religiosos lançaram o plebiscito: Revoga já! Chuva de veneno nunca mais!
A iniciativa foi definida num encontro realizado no último dia 15, no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, em Fortaleza.
O objetivo é mobilizar a população cearense para uma temática que lhe afeta diretamente: a pulverização aérea de agrotóxicos por drones. A prática foi liberada no final do ano passado pela maioria dos deputados e pelo governador Elmano de Freitas (PT), com a aprovação de uma lei.

Reunião em Fortaleza delibera a realização do plebiscito popular
“Essa lei é um crime absurdo e flagrante! Se a Europa não permite lá, porque temos que aceitar aqui? Com o plebiscito, o povo entenderá bem o que está em jogo. Entendendo, lutará até o fim para que a lei seja derrubada e nossos direitos conquistados”, declarou Joelma Lima, integrante do M21 (Movimento 21 de abril).
“Em todos os cantos, em todos os lugares, ninguém quer comer veneno para enriquecer meia dúzia de capitalistas. E quem tem fome tem direito de comer alimentos saudáveis. É dever do Estado garanti-los!”, afirmou.
A pulverização aérea de agrotóxicos é condenada em todo o mundo por seus efeitos devastadores para as pessoas e a natureza. Sob a ação dos ventos, os agrotóxicos atingem grandes extensões de terras, impactando toda a biodiversidade e a população. Segundo estudos, as pessoas afetadas manifestam intoxicação aguda, infertilidade, má formação congênita e câncer, entre outros graves problemas de saúde.
O M21, do qual a CSP-Conlutas faz parte, nasceu em memória do líder camponês José Maria do Tomé, assassinado em 21 de abril de 2010, por lutar contra a pulverização aérea e o roubo de terras por parte de grandes empresas na Chapada do Apodi. Sua luta resultou posteriormente na aprovação da Lei Zé Maria do Tomé, que proibiu a pulverização área de agrotóxicos no estado. Uma luta, infelizmente, traída pelo governador petista que, contraditoriamente, foi um dos coautores da lei.
“É surreal e perverso o que acontece aqui. É um estado de guerra química o que a gente vive e o drone vem pra piorar isso. O pior foi a aprovação vir de um governo que era aliado, das mãos de uma pessoa que é fruto das lutas sociais. Mas ele (Elmano) sabe que a gente não vai desistir. A gente é maratonista, vamos lutar para revogar e para ampliar a proibição em outros estados”, afirma Reginaldo Ferreira de Araújo, que é servidor público e ativista do movimento MR21 e da CSP-Conlutas no Vale do Jaguaribe, em Limoeiro do Norte.
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