Jornalista palestino assassinado por Israel deixa última mensagem: “Não parem de falar sobre Gaza”

Nesta segunda-feira, 24, o Exército do Estado de Israel assassinou em Gaza o jornalista palestino Huassam Shabat, correspondente da Al Jazeera.  Ele tinha apenas 24 anos.

O veículo em que Shabat estava foi bombardeado por um drone da IDF (Israel Defense Force) no Norte de Gaza. A justificativa para o assassinato do jornalista foi a de que ele seria um “soldado do Hamas”, embora o repórter fosse conhecido e mantivesse um perfil no “X” (antigo Twitter) reportando diariamente as atrocidades cometidas pelo Estado de Israel contra a população palestina.

Sabendo dos riscos que corria, Huassam Shabat deixou uma mensagem confiada ao colega e também jornalista, Youssef Fares, para ser divulgada caso fosse morto. O Estado de Israel já assassinou 207 jornalistas em Gaza durante a ocupação.

“Get up and report the news… please, speak.”
🚨A heartbreaking farewell from the father of journalist Mohammed Mansour, killed by the Israeli army.

In the end, the grieving father could only say, “I wish I were the journalist instead of you.”

The Government Media Office in… pic.twitter.com/aStuXPER8D

— Gaza Notifications (@gazanotice) March 24, 2025

 Acima, o desespero do pai do jornalista diante do corpo do filho: “Queria ter sido eu o jornalista assassinado ao invés de você

Leia abaixo a última mensagem de Hussam Shabat

“Se você está lendo isto agora, saiba que fui morto — provavelmente alvejado — pelas forças de ocupação israelenses. Quando tudo isso começou, eu tinha apenas 21 anos, um estudante universitário com sonhos como qualquer outro jovem. Nos últimos 18 meses, dediquei cada momento da minha vida ao meu povo. Documentei o horror no norte de Gaza, minuto a minuto, determinado a revelar a verdade que eles tentavam enterrar.

Dormi em calçadas, em escolas, em tendas — onde fosse possível. Cada dia foi uma batalha pela sobrevivência. Enfrentei meses de fome, mas nunca abandonei meu povo.

Juro por Deus, cumpri meu dever como jornalista. Arrisquei tudo para contar a verdade, e agora, finalmente, encontrei descanso — algo que não conheci nos últimos 18 meses. Fiz isso porque acredito na causa palestina, no nosso direito a esta terra. A maior honra da minha vida foi morrer defendendo-a e servindo seu povo.

Agora, peço a você: não parem de falar sobre Gaza. Não deixem o mundo desviar o olhar. Continuem lutando, continuem contando nossas histórias — até que a Palestina seja livre.

— Pela última vez,

Hussam Shabat, do norte de Gaza.”

Jornalistas seguram retrato de repórter assassinado pelo Estado de Israel

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