Lutas

“A tarefa é construir atos de luta, classistas e internacionalistas, no 1º de Maio”

Roberto Aguiar, da redação

3 de abril de 2025
star3.45 (20 avaliações)
Atnagoras Lopes é trabalhador da construção civíl de Belém

A CSP-Conlutas lançou um manifesto convocando atos de luta, classistas e internacionalistas, no 1º de Maio. O Opinião Socialista conversou com o Atnágoras Lopes, militante do PSTU e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

A CSP-Conlutas lançou um manifesto chamando a construção de atos classistas no 1° de Maio. Qual a importância desses atos?

É a de cumprir um dever classista e que se torna mais necessário ainda diante da atual conjuntura; quando, de um lado, devemos exigir a condenação e prisão de todos que participaram e financiaram a tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023; e, do outro, enfrentar os ataques do governo Lula e dos governos das demais esferas de poder.

Lula, desde que assumiu, tem governado submisso a um Arcabouço Fiscal que, na essência, é um cumprimento dos interesses dos organismos internacionais e dos bancos, para que eles possam abocanhar 50% do orçamento do país, como aconteceu em todos os governos anteriores, com amortização e pagamento de juros da dívida pública.

O que estamos vendo no quinto governo do PT é manutenção da desigualdade social e da concentração de riquezas nas mãos de poucos bilionários. Não há política alguma de mudança estrutural e de atendimento das necessidades imediatas da classe trabalhadora, como a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos.

Além disso, o déficit habitacional segue alto, com milhões de pessoas sem direito à moradia; a reforma agrária não avança, assim como a demarcação das terras indígenas e titulação dos territórios quilombolas. O governo ainda aplica uma política internacional subserviente aos interesses do imperialismo e mantém relações econômicas com o Estado de Israel, que comete um genocídio contra o povo palestino.

Essas pautas precisam ser defendidas no 1º de Maio. Em torno delas fizemos um chamado e estamos dialogando com várias organizações que não irão subir nos atos-palanques governamentais e patronais. A importância é demarcar um 1º de Maio internacionalista, classista, sem amarras com governos e patrões.

!° de maio de 2024 em SP

Como está se dando a construção dos atos classistas? Quais pontos são importantes para a construção dessa unidade?

Estamos trabalhando em diálogo com outras organizações políticas e, principalmente, a partir de nossa intervenção nas lutas que estão ocorrendo, como a greve dos trabalhadores de aplicativo, a luta dos povos originários, a exemplo do Pará, que confronta a COP 30, que será mais um evento recheado de hipocrisia capitalista. Também estivemos na construção de plenárias unificadas, como ocorreu no último final de semana em São Paulo, pelo fim da escala 6×1; na luta de vários setores operários, como a greve dos petroleiros do dia 26; e tantos outros processos de lutas. Assim, vamos fazendo a defesa da construção de um 1º de Maio internacionalista, classista, de oposição de esquerda ao governo Lula e de enfrentamento com a ultradireita, exigindo a prisão dos golpistas do 8 de janeiro.

As centrais sindicais governistas irão realizar atos-festa em São Paulo. Como você avalia isso e o papel dessas centrais hoje?

São atos festivos e de conciliação de classe. Realizam sorteios de carros financiados por empresas. É um apagamento do perfil de luta, de classismo, de independência diante dos governos e patrões, que marcam a própria história do 1º de Maio, que é o Dia Internacional do Trabalhador. Uma data marcada por greves, lutas e enfrentamentos que obtiveram conquistas históricas para a classe trabalhadora mundial. Conquistas essas ameaçadas permanentemente. As grandes centrais sindicais buscam apagar esse espírito de luta e revolucionário do 1º de Maio.

As cúpulas políticas dessas centrais defendem o governo e não os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras. Mesmo em momentos de polêmicas, como agora, quando a CUT questiona o sorteio dos carros, o que é essencial – o caráter festivo, governista e de conciliação de classes dos atos – não entra na discussão. Por isso, a CSP-Conlutas, junto com outras organizações políticas, como PSTU, vai realizar atos alternativos, com caráter internacionalista e classista, em defesa das pautas históricas da classe trabalhadora e do socialismo.

Quais são as bandeiras de luta que serão defendidas pela CSP-Conlutas nos atos?

Dentre as bandeiras de lutas apresentadas no “Manifesto” da CSP-Conlutas podemos destacar o fim da escala 6×1, combinado com a histórica luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos; reforma agrária sem indenização, sob controle dos trabalhadores; titulação das terras quilombolas; demarcação de todas as terras indígenas e não ao Marco Temporal; fim das privatizações, revogação das reformas Trabalhista e Previdenciária; combate a todas as formas de opressão; legalização do aborto, seguro e gratuito; direito à moradia popular e pelo fim dos despejos; todo apoio à resistência palestina, que Lula rompa as relações diplomáticas, econômicas e militares com o Estado genocida de Israel e todo apoio à resistência ucraniana.

Leia também

Manifesto da CSP-Conlutas: construir um 1° de maio de luta, classista e internacionalista

WordPress Appliance - Powered by TurnKey Linux - Hosted & Maintained by PopSolutions Digtial Coop