Bolsonaro réu: punição e cadeia para todos os golpistas

Bolsonaro se tornou réu pelo crime de tentativa de golpe de Estado. A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) já era esperada e não traz muitas novidades. Está mais do que demonstrado que as manifestações do “8 de janeiro” foram organizadas, financiadas e construídas pelos golpistas ligados ao Palácio do Planalto, como uma forma de tentar criar um caos para gerar as condições para um golpe.
Todas as provas e evidências revelam a tentativa de, por uma medida de força, alterar o resultado eleitoral e desferir um golpe reacionário. Isto teria significado o fechamento do regime político e a instalação do projeto autoritário capitalista defendido por esta ultradireita bolsonarista.
Se Bolsonaro tivesse sido vitorioso, não se voltaria apenas contra as instituições desta democracia dos ricos, ou o PT e demais partidos da ordem. Seria um ataque contra as liberdades democráticas e todas as organizações sociais, populares e dos trabalhadores. Tudo para aprofundar ainda mais a exploração e a opressão, fazendo tudo que os grandes monopólios capitalistas querem.
Nesse sentido, a luta pela punição de Bolsonaro e todos os golpistas é fundamental para fortalecermos a luta dos trabalhadores e trabalhadoras. A suposta democracia sob a qual vivemos é ilusória, sendo uma real democracia apenas para os ricos, os bilionários e as grandes empresas. Para os trabalhadores é só sangue, suor e porrada. Mas, uma ditadura capitalista, como a defendida por Bolsonaro, seria ainda pior. Por isso, defender as conquistas e liberdades democráticas é fundamental, pois isto possibilita um melhor terreno para a luta dos próprios trabalhadores.
Hipocrisia
Sem anistia para golpista!
Há uma campanha dos bolsonaristas pedindo anistia. Estão chorando nas redes sociais, dizendo que muitos inocentes foram presos, enquanto Bolsonaro insiste que não cometeu crime algum.
São hipócritas ao falarem sobre a “seletividade da justiça”. No Brasil, a justiça é seletiva, mas contra a população pobre e negra das periferias, que são presos, assassinados e violentados todos os dias pelo Estado. Os ricos e seus crimes de Estado ficam sempre impunes.
A manifestação bolsonarista em 8 de janeiro não tem nada a ver com legítimas manifestações dos trabalhadores, como a manifestação contra a Reforma Trabalhista, em 2017, na Esplanada dos Ministérios, contra Temer, a “Marcha dos 100 mil”, contra o FHC, as diversas manifestações contra o machismo, a LGBTIfobia e o racismo, contra a Reforma da Previdência de Lula, em Brasília, ou mesmo o “Junho de 2013”, em todo Brasil.
Uma coisa são manifestações populares, com reivindicações dos trabalhadores e do povo. Outra é um movimento exigindo um golpe reacionário, com apoio dos militares e da Presidência da República, para não reconhecer o resultado eleitoral.
O problema do “8 de janeiro” não foram as depredações ou as ações violentas. Várias manifestações legítimas dos trabalhadores em defesa de seus direitos, diante de uma indignação muito grande e apoio de massa, também já foram violentas e enfrentaram a repressão policial. A questão, aqui, é o sentido e a serviço do que estas ações estiveram. O que foi feito por Bolsonaro foi um atentado contra as liberdades democráticas dos trabalhadores.
Oposição de esquerda
Para derrotar de vez o golpismo, é preciso enfrentar o governo Lula e sua política
Lula foi eleito com a promessa de que derrotaria Bolsonaro, a extrema direita e os golpistas. Mas vem fazendo um governo capitalista que, em última instância, ajuda a ultradireita, ao aprofundar a exploração dos trabalhadores, deixando ainda mais margem para o fortalecimento desta extrema direita. As mais recentes pesquisas mostram isso. É um escândalo, por exemplo, que parte da base do governo esteja articulando votar pela anistia dos bolsonaristas.
Como se não bastasse, segue negando-se a enfrentar os golpistas, não mexeu na cúpula das Forças Armadas ou nas academias militares, nem moveu uma palha contra o artigo 142 da Constituição, utilizado pelos golpistas.
E o pior é que, enquanto Bolsonaro está na defensiva jurídica (enquanto fechávamos esta edição a Procuradoria Geral da República – a PGR – analisava um pedido de prisão preventiva), Lula se limita a jogar as expectativas e confiança no STF e em Alexandre de Moraes, como se eles fossem grandes defensores das liberdades democráticas e dos interesses da classe trabalhadora.
O STF e todo sistema judiciário burguês também são representantes dos interesses dos bilionários capitalistas que, sempre quando precisam, dão trauletadas contra os trabalhadores. Tampouco se pode confiar na alta cúpula militar. Se houve um setor que receava apoiar o golpe, foi muito mais por sentirem que não havia correlação de forças para tal, do que por sentimentos de amor às liberdades democráticas.
Isso reforça que, para derrotar de uma vez por todas a ultradireita, é preciso enfrentar o governo do PT e a sua política de Frente Ampla com setores da direita, o Centrão e até mesmo setores da ultradireita.