Retomar a luta e a independência da classe trabalhadora frente aos patrões e aos governos

Enquanto fechávamos esta edição, o governo Trump anunciava a taxação sobre os produtos brasileiros, tentando rapinar e explorar ainda mais o mundo todo. O governo brasileiro, contudo, não move um dedo contra o imperialismo ou os setores capitalistas. Enquanto isso, o preço dos alimentos continua nas alturas, engordando os bolsos do agronegócio e dos monopólios que especulam no mercado internacional.
O Arcabouço Fiscal continua sendo um torniquete que estrangula o orçamento, tirando dinheiro da Saúde e da Educação e transferindo fortunas para os rentistas, que lucram cada vez mais com a dívida pública, enquanto direitos são paulatinamente atacados, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A isenção do Imposto de Renda até os R$ 5 mil anunciada pelo governo, embora importante, é extremamente insuficiente. Já está atrasada e precisa ter garantido o reajuste automático, ainda mais com uma inflação anual de mais de 5%. Sem falar que essa isenção poderia ser mais ampla, desonerando todos os trabalhadores, se os bilionários capitalistas fossem de fato taxados.
Já as enchentes desta época do ano atingem, sobretudo, a população mais pobre e vulnerável. Cada vez mais destruidores, os fenômenos climáticos extremos expõem duas duras realidades: um planeta caminhando para o colapso, devido à ganância dos capitalistas e das grandes potências, e a omissão e abandono da população atingida.
Todo apoio à greve dos trabalhadores de aplicativos
A superexploração e a precarização do trabalho são mascaradas por supostos bons índices de emprego, quando sabemos que a realidade é totalmente oposta. O que prima é a uberização do trabalho, com jornadas extensivas e mal pagas, que só garantem lucros bilionários às “big techs” estrangeiras.
A classe trabalhadora, porém, não vem engolindo tudo isso calada. Os trabalhadores de aplicativos acabam de protagonizar uma forte greve nacional. Já os operários da Avibras estão há mais de dois anos lutando por seus empregos e contra a entrega de uma das únicas empresas de tecnologia bélica para as mãos de grupos estrangeiros.
Nos estados, servidores fazem greve e lutam por seus direitos, como na Saúde Municipal de Porto Alegre, ou os professores estaduais do Rio Grande do Norte, ou, ainda, os trabalhadores e trabalhadoras da Educação na cidade de São Paulo.
A luta pelo fim da jornada 6×1 também está na pauta de mobilizações que se desenvolvem, tomando cada vez mais corpo e adesão país afora.

O ato realizado em São Paulo reuniu centenas de ativistas de diversas categorias e setores populares | Foto: Sérgio Koei
Por um 1º de Maio de luta, independente dos governos e patrões, e classista
O 1º de Maio é uma oportunidade de fazer confluir todas essas lutas, de ir às ruas, construindo a independência de classe. Não haveria momento mais propício para os trabalhadores e trabalhadoras retomarem o real sentido desta data, que é a mobilização independente contra a exploração capitalista e por suas reivindicações.
Outra marca que a classe trabalhadora precisa retomar é o seu internacionalismo proletário. É dia de denunciar o governo Trump e suas ameaças e perseguições. É o momento de denunciar o que está acontecendo com nossos irmãos e irmãs trabalhadores, que estão sendo mortos pela criminosa invasão colonialista russa na Ucrânia. E cobrar a postura vergonhosa do governo Lula, de apoio a Putin. É dia de lutar contra o genocídio do povo palestino e, também, de exigir do governo Lula a ruptura total de todas as relações com o Estado terrorista de Israel.
Retomar a mobilização, com independência de classe
A CSP-Conlutas divulgou um manifesto, chamando à construção de um 1º de Maio de luta, com independência de classe e internacionalista. As demais centrais, porém, assim como a esquerda governista, não querem saber de lutar contra o Arcabouço Fiscal ou enfrentar o governo Lula na defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Algumas, como a Força Sindical, farão suas tradicionais festas, com sorteios e políticos de direita. A CUT, assim como a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular, tende a repetir o fiasco dos atos que, apesar da justa pauta do “sem anistia”, não tratavam das demandas dos trabalhadores, como o fim do Arcabouço Fiscal e o aumento de salários, para enfrentar a inflação dos alimentos. Tudo isto justamente para não bater de frente com o governo Lula.
Sem anistia para os golpistas! Punição para Bolsonaro e toda a sua corja!
Junto às suas reivindicações, os trabalhadores devem exigir a prisão de Bolsonaro e de todos os golpistas. É preciso punição para que isso nunca mais aconteça. Também é preciso enfrentar os governadores bolsonaristas e a ultradireita, inclusive no Congresso Nacional, com suas pautas reacionárias que querem fazer retroceder os poucos direitos dos setores mais oprimidos, como as mulheres e as LGBTIs.
O governo, porém, faz o contrário. Ao invés de lutar contra eles, faz parcerias com Tarcísio, inclusive financiando, via Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), a privatização de escolas em São Paulo. Sem contar a base aliada do governo, cheia de direitosos amigos do bolsonarismo. Inclusive fortalecer uma oposição de esquerda ao governo Lula é o caminho para conseguirmos derrotar de uma vez por todas a ultradireita bolsonarista.
Por um programa da classe trabalhadora
É preciso derrotar a política econômica do governo Lula, acabando com o Arcabouço Fiscal e os recentes ataques ao salário mínimo, ao BPC e demais direitos. É preciso lutar contra a inflação dos alimentos, exigindo a redução e congelamento dos preços. Também devemos lutar pelo fim da escala 6×1, com a redução de jornada, e a revogação das reformas Trabalhista e Previdenciária.
Para isso, é preciso atacar os interesses dos bilionários capitalistas. Suspender o pagamento da dívida aos banqueiros, expropriar o agronegócio e os grandes monopólios capitalistas que controlam a maior parte da nossa economia. Por uma reforma agrária radical e pela demarcação e titulação de todas as terras indígenas e quilombolas.
Vamos construir uma alternativa socialista e revolucionária, dos trabalhadores, para acabar com esse sistema capitalista.
Entrevista
“A tarefa é construir atos de luta, classistas e internacionalistas, no 1º de Maio”