Internacional

Forbes 2025: “Os bilionários do mundo sempre foram ricos e poderosos, mas nunca tanto quanto agora”

Wilson Honório da Silva, da Secretaria Nacional de Formação do PSTU

10 de abril de 2025
star4.67 (18 avaliações)
Ilustração da revista Forbes

No dia 1º de abril, a revista norte-americana “Forbes” publicou sua lista anual com pessoas que acumulam fortunas com mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,7 bilhões), abrindo o artigo com uma frase pra lá de reveladora sobre um mundo mergulhado em uma crise sem precedentes: “O clube dos bilionários nunca foi tão grande ou tão rico”.

“Grande”, no caso, sendo um termo extremamente relativo, já que estamos falando de exatas 3.028 pessoas num mundo habitado por mais de 8 bilhões de seres humanos. Mas, com certeza, os “podres de tão ricos” nunca estiveram tão endinheirados, já que, juntos, têm em suas mãos a astronômica quantia de US$ 16,1 trilhões (R$ cerca 92 trilhões)

Isto significa que os membros deste seleto grupo ficaram US$ 2 trilhões (R$ 11,4 trilhões) mais ricos desde o ano passado e, também, que a fortuna que detêm conjuntamente é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países do mundo, tirando os Estados Unidos (EUA) e a China.

E pra quem acredita na balela do “esforço individual” e do “empreendedorismo”, vale lembrar uma constatação feita pelo portal “Fortune”, em base a uma pesquisa da ONG Oxfam: “Os dados mostram também que cerca de 60% da riqueza dos bilionários provém de herança, do poder de monopólio ou de ligações de nepotismo [influência familiar, ou termo “moderninho” para as velhas oligarquias], o que demonstra que a maior parte do dinheiro foi transmitido e não ganho através do empreendedorismo”.

E é desnecessário lembrar que isto ocorre enquanto a enorme maioria do resto da humanidade se vê naufragando na crise (socioeconômica, política e ambiental) que foi criada por estes mesmos senhores e seus comparsas, sejam seus sócios-menores, seja pela atuação junto aos governos e parlamentos que acabam lhes servem como administradores e gerentes de seus negócios e interesses.

A absurda concentração nas mãos de um punhado de gente também se reflete em termos geopolíticos. Os bilionários se encontram em 76 dos 193 países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo, mais de metade deles está nas principais potências capitalistas da atualidade: o coração do imperialismo, os EUA (com 902 bilionários); a nada-comunista China (516, incluindo Hong Kong); a populosa Índia (205) e a principal potência da União Europeia, a Alemanha (171).

Neste artigo e nos próximos, apresentamos uma síntese da listagem, destacando questões que vão desde da área de atuação destes bilionários à localização de negros(as), mulheres e LGBTI+ neste mundinho que é, todo ele, o oposto daquele em que a maioria da humanidade vive, apresentando, também, os 55 brasileiros que integram a listagem.

Musk: o mais podre dentre os já podres de tão ricos

No topo da lista (no chamado “Clube dos US$ 100 bilhões”, exatamente por terem fortunas maiores que este valor, equivalente a R$ 570 bilhões), estão nomes ligados às chamadas “big techs” (empresas de alta tecnologia, informática, comunicações etc.), seguidos por representantes do setor financeiro e nomes ligados à indústria do luxo e outros serviços que, inclusive, jogam luz sob caráter cada vez mais parasitário e sanguessuga desta gente (veja abaixo).

Num cenário como este, não surpreende que o mais podre de tão rico também seja, literalmente, o mais pútrido deles todos: o asqueroso racista, LGBTIfóbico e xenófobo Elon Musk, com uma fortuna avaliada em US$ 342 bilhões (quase R$ 2 trilhões), sendo que cerca de metade, US$ 147 bilhões, foi abocanhada só no ano passado, principalmente através dos negócios fechados pela sua empresa aeroespacial, a SpaceX, e a xAI, que controla seu império no ramo da Inteligência artificial e, agora, também o “X” (ex-Twitter).

E mesmo que ele, como muitos de seus comparsas, neste momento, esteja perdendo bilhões com as desastrosas manobras de Trump em sua guerra nacional-imperialista, Musk não tem razão alguma para se preocupar. Para se ter uma ideia do significado desta montanha de dinheiro, se você tivesse a fortuna de Musk e gastasse R$ 100 mil por dia, demoraria 20 milhões de dias para zerá-la. Ou seja, aproximadamente 55 mil anos.

Segundo, terceiro e quarto lugares também são ocupados por representante das “big techs”: Mark Zuckerberg, da Meta, que controla o Facebook, o WhatsApp e o Instagram (com US$ 216 bilhões, ou R$ 1,22 trilhão); Jeff Bezos, da Amazon (US$ 215 bilhões, ou R$ 1,2 trilhão) e Larry Ellison, da Oracle (com US$ 192 bilhões, ou R$ 1, 09 trilhão).

Já o quinto colocado neste ranking maldito é outro exemplo do caráter do caráter parasitário da burguesia e de que as absurdas fortunas que estes bilionários possuem estão a serviço única e exclusivamente de seus próprios privilégios e futilidades: o francês Bernard Arnault (com US$ 178 bilhões, ou cerca R$ 1 trilhão), dono do conglomerado LVMH, que controla o mercado de altíssimo luxo, com marcas como Louis Vuitton, Christian Dior, Bulgari, Fendi, Givenchy, Kenzo, Tiffany, dentre outras.

Todos os demais na lista dos “10 mais” também são de áreas que têm a ver com as “big techs”, com a especulação no mercado financeiro ou dividendos obtidos em diferentes negócios, como o megainvestidor Warren Buffett (6º lugar, com US$ 154 bilhões ou R$ 878,8 bilhões); Larry Page e Sergey Brin (cofundadores do Google, em 7º e 8º, com US$ 144 bilhões – ou R$ 820,8 bilhões –, e US$ 138 bilhões – R$ 786,6 bilhões –, respectivamente), o espanhol Amancio Ortega (9º, da rede varejista Zara, com US$ 124 bilhões, ou R$ 706,8 bilhões) e Steve Ballmer (10º, ex-dirigente da Microsoft, com US$ 118 bilhões, ou R$ 672,6 bilhões).

Cada vez mais parasitários, nocivos e, lamentavelmente, poderosos

Ainda segundo o portal da revista, os bilionários se concentram principalmente nos seguintes ramos de atuação, que, diga-se de passagem, evidenciam o abismo que existe entre a fonte de suas fortunas e as necessidades mais urgentes da humanidade nos dias de hoje:

  • 464, ou 15% deles, atuam na especulação do mercado financeiro e de investimentos (nas Bolsas de Valores etc.);
  • 401, ou 13%, são das chamadas “big techs”;
  • 342 (11%) estão no setor fabril ou de produção industrial;
  • 297 (10%) são do mercado de moda ou varejistas;
  • 230 (7%) são de áreas da Saúde e assistência médica;
  • 223 (7%) são dos setores de alimentos e bebidas;
  • 210 (7%) têm negócios diversificados;
  • 206 (7%) lidam com especulação imobiliária;
  • e 116 (4%) são de setores do entretenimento

Também diz muito sobre o mundo em que vivemos o fato de que, desde o início do ano, Musk, além de detentor do primeiro lugar na lista da “Forbes”, tenha se transformado em chefe todo-poderoso do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) no governo de Donald Trump (ele próprio um dos membros da seleta lista, com uma fortuna declarada de US$ 5,1 bilhões, ou R$ 28,5 bilhões), responsável pelos cortes generalizados de trabalhadores e trabalhadores em serviços fundamentais (na Saúde, Educação etc.), principalmente os destinados para os setores mais explorados e marginalizados na sociedade norte-americana.

O crescimento e enriquecimento dos bilionários caminham par e passo tanto com o “neoliberalismo anabolizado” que é pregado e praticado pelos setores mais reacionários e sanguessugas da burguesia mundial quanto com as ideologias reacionárias, opressivas e fundamentalistas que eles defendem para jogar os custos da crise sobre as costas dos setores historicamente marginalizados e, ainda, dividir a classe trabalhadora, tentando, assim, minar sua capacidade de enfrentamento com esta situação.

Uma unidade que, inclusive, é apontada pela própria “Forbes”, em um artigo publicado em seu portal, no qual os editores não se avexaram em fazer a seguinte análise da listagem que eles próprios celebram:

Os bilionários do mundo sempre foram ricos e poderosos, mas nunca tanto quanto agora. Isso é particularmente verdade nos Estados Unidos, onde Donald Trump foi empossado (novamente) como o bilionário-chefe da América, em janeiro. Desta vez, ele está dando à classe bilionária mais controle sobre o governo do que nunca. O seu braço direito é a pessoa mais rica do planeta. A sua administração inclui pelo menos dez bilionários ou pessoas casadas com bilionários. E dezenas de executivos bilionários – desde Mark Zuckerberg, da Meta, até Bernard Arnault, o francês rei dos produtos de luxo – alinharam-se atrás de Trump”.

Algo que deve servir para reforçar a necessidade de que, em todas nossas reivindicações e lutas, levantemos, em alto e bom som, a necessidade de lutarmos contra estes bilionários, tendo como estratégia a expropriação de suas fortunas que, sabemos, foram construídas e engordadas, geração após geração, através de níveis absurdos de exploração, de maracutais das mais diversas.

WordPress Appliance - Powered by TurnKey Linux - Hosted & Maintained by PopSolutions Digtial Coop