Editorial

Só a luta independente da classe trabalhadora pode conter a barbárie capitalista

Redação

9 de maio de 2025
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No dia 6 de maio, Lourival Ferreira Silva, um jovem trabalhador, morreu esmagado numa linha privatizada do metrô de São Paulo. Rapidamente, a concessionária ViaMobilidade retirou o corpo, mas os milhares de trabalhadores e a população, que se apertam no transporte superlotado, tiveram que ver as manchas de sangue durante todo o dia.

Para a concessionária privada foi mais um dos tantos “acidentes” que marcam sua administração, prontamente resolvido para não afetar seus lucros. Para o repositor de supermercado, que sonhava em ser professor de Educação Física, foi o fim de sua vida e a origem de um trauma permanente para sua família.

O caso não fala apenas dos efeitos da privatização, que o governador de São Paulo, de extrema direita, Tarcísio de Freitas (Republicanos), promete generalizar para todo o sistema de transporte e todas as áreas dos serviços públicos.

Essa tragédia também expõe a dura realidade da classe trabalhadora, carregada diariamente como gado no transporte público, para cumprir jornadas exaustivas de uma escala 6×1, para ganhar um salário de fome, cada vez mais corroído pela inflação.

Enquanto pobres são explorados, Lula governa para os ricos

Às vésperas do 1º de maio, Lula fez um pronunciamento no qual prometeu “aprofundar” o debate sobre a redução da jornada. Foi uma tentativa de resposta a um movimento que vem, cada vez mais, tomando a sociedade. Porém, para além das palavras, o governo não moveu um dedo a favor da medida.

Antes que se saque o argumento da tal “correlação de forças” no Congresso Nacional, é bom lembrar que o governo Lula aprovou praticamente toda a política econômica elaborada no gabinete do Planalto, junto com Haddad e a burguesia: o Arcabouço Fiscal, que restringe os gastos sociais; a Reforma Tributária, que mantém os impostos nas costas dos trabalhadores e da classe média; e, mais recentemente, um pacote que limita o aumento do salário mínimo e restringe o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos carentes e pessoas com deficiência.

Para beneficiar os banqueiros, grandes empresários e especuladores, o governo não hesita em lançar mão da liberação de bilhões de reais em emendas, conceder ministérios à direita (e inclusive à extrema direita) e tudo mais o que for preciso. Já em relação à uma reivindicação histórica da classe trabalhadora, traduzida pela exigência do fim da escala 6×1, a conversa é outra. É enrolação e a promessa de “na volta a gente compra”.

Enquanto fechávamos esta edição, o Banco Central, com o indicado de Lula, Gabriel Galípolo, à frente, aumentava, mais uma vez, os juros. Serão alguns bilhões de reais a mais, para os banqueiros, todos os anos, enquanto os aposentados e pensionistas, vítimas da fraude bilionária do INSS, estão a ver navios.

1º de Maio” independente apontou o caminho

As manifestações convocadas pela CSP-Conlutas e outras organizações, por um 1º de Maio de luta, independente dos governos e dos patrões, foram, ainda que minoritárias, um importante marco. Apontam o caminho para a classe trabalhadora: a unidade, com independência de classe, em torno a reivindicações como o fim da escala 6×1, a revogação do Arcabouço Fiscal e das reformas Trabalhista e da Previdenciária, um não às privatizações e o “não”, também, à anistia aos golpistas.

A realidade já mostrou que, ao contrário do que defendem setores da esquerda, não é possível “disputar” o governo Lula “pela esquerda”. Neste mesmo sentido, este governo tampouco é uma barreira à extrema direita. É justo o contrário!

Por ser um governo de frente ampla com a burguesia, o Centrão e setores da direita, e até mesmo da extrema direita, é um governo comprometido com os bilionários, com o “status quo” , que só aceita conceder migalhas no varejo, mas que, no atacado, faz avançar e aprofunda um projeto neoliberal, de ataques aos serviços públicos, ao salário mínimo e às aposentadorias. Nisso, também avança num processo de desmoralização, que abre uma avenida à ultradireita.

Tampouco é possível confiar nas instituições desse regime burguês. O Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, que o governo e a maior parte da esquerda veem como os grandes defensores das liberdades democráticas, acabou de suspender os processos relacionados à “pejotização” do trabalho. Isso significa, na prática, jogar a CLT na lata do lixo. O Congresso Nacional, por sua vez, inclusive com votos da base governista, avança num projeto de anistia aos golpistas.

Oposição de esquerda e um projeto socialista e revolucionário

A morte do trabalhador no metrô de São Paulo é uma das inúmeras expressões da barbárie capitalista em que vivemos.

E só é possível enfrentá-la através da luta, da mobilização unificada e independente da classe trabalhadora. Com um programa que exija o fim da escala 6×1 (com redução da jornada); o fim do Arcabouço Fiscal e das privatizações, com a reestatização das empresas privatizadas; e o aumento do salário mínimo. Também é necessário enfrentar o agronegócio que extermina indígenas e destrói o meio ambiente.

Resumindo: só teremos algum tipo de mudança enfrentando, e derrotando, o governo Lula e a sua política econômica. O 1º de Maio de luta e independente apontou o caminho, mas é preciso avançar muito mais. Por isso é necessária a construção de uma oposição de esquerda e o fortalecimento de um projeto revolucionário e socialista, que se coloque como alternativa ao governo de frente ampla e, simultaneamente, à extrema direita.

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