Não foi “engano”: foi racismo! Justiça para Guilherme Ferreira e sua família!

O operário negro Guilherme Dias Santos Ferreira, 26 anos, foi mais uma vítima fatal da política de insegurança pública de Tarcísio e Derrite. Toda nossa solidariedade à esposa Sthephanie, aos demais familiares e amigos.
Na sexta-feira, 04 de julho, o rapaz havia saído há poucos minutos da empresa onde trabalhava como marceneiro, em Parelheiros, zona sul da capital, quando foi morto pelo PM Fábio Anderson Pereira de Almeida a caminho do ponto de ônibus. Segundo a versão oficial, o policial teria reagido a uma tentativa de assalto minutos antes e disparou na cabeça de Guilherme ao vê-lo se aproximar.
A família aponta que o tiro foi pelas costas e corretamente denuncia racismo na ação, já que o agente nem sequer abordou o “suspeito” antes do tiro letal. Além do trabalhador, uma mulher não identificada que passava foi ferida por um disparo e socorrida.
Racismo antes e depois de morrer
A primeira versão da polícia e da imprensa capitalista apontou Guilherme como bandido. Já não surpreende: o Estado passa pano para o matador e o jornalismo empresarial copia e cola as calúnias contadas no boletim de ocorrência.
Desta vez, contudo, a denúncia da família obrigou à mudança no discurso de parte da mídia. Mesmo assim seguem no ar relatos mentirosos, como no canal do YouTube do Cidade Alerta da Record.
Existe uma narrativa pronta quando um policial mata alguém, especialmente se não era branco: tratava-se de bandido e merecia morrer. A aparente obviedade do raciocínio faz com que muitos entre nós, trabalhadores e trabalhadoras, concordem com o massacre do nosso próprio povo enquanto não atinge um familiar ou alguém conhecido.
Mas precisamos desconfiar do que parece óbvio. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, entre 2018 e 2024, a polícia paulista matou 946 pessoas com a justificativa de serem criminosos. 62% eram negras. Nenhum policial foi responsabilizado, ou seja, valeu a versão contada pelos matadores.
Aí está em números o que muitos temos denunciado: se o agente disser que você era bandido, polícias e Judiciário dão tapinhas nas costas uns dos outros e fica por isso mesmo. A família que se vire para provar que a vítima não era. Guilherme podia ter sido mais um.
O sistema não se engana quando mata os nossos
Esse é o motivo pelo qual não podemos falar de simples erro de percepção, como consta no BO atualizado, ou de engano, conforme a segunda versão dada pela mídia. O racismo segue o mesmo.
A polícia mata tanto porque a regra no capitalismo é nossas vidas não valerem nada. Somos roubados do direito à saúde, educação, bons empregos e até mesmo do direito de descansar depois de um dia de trabalho. Enquanto nós não podemos nem correr para pegar o ônibus depois do serviço, os ricos podem acelerar seus carros de luxo, atropelar e até matar impunemente.
É essa minoria que se sente segura com a letalidade policial. Ela decide se vivemos ou morremos. Quer poder maior que esse? Por isso, se o sistema nos quer mortos a única reposta possível é: morte ao sistema.
Campanha ‘Fora Derrite!’
Em abril foi lançada a campanha “Fora Derrite! Tarcísio é inimigo do povo! Chega de racismo e mortes nas periferias de todo o Brasil”.
Baixe aqui os materiais da campanha pela demissão do secretário de Insegurança Pública de Tarcísio, Guilherme Derrite: