Nota da Secretaria Nacional de Negras e Negros do PSTU sobre a partida de Wilson H. Silva

É com muita tristeza e pesar que escrevemos essa nota sobre o falecimento de nosso camarada, amigo, professor, mestre Wilson H.Silva, que nos deixou nesta quarta-feira, 17 de setembro.

Nós, membros da Secretaria Nacional de Negras e Negros do PSTU, devemos muito ao Wilson, que foi uma grande referência teórica negra, no marxismo, trotskismo, na luta contra o racismo e contra o capitalismo, rumo a uma sociedade socialista.

Wilson, um socialista, marxista, negro, gay, como gostava de se apresentar, sabia o quão difícil era se manter vivo e firme na defesa intransigente de uma sociedade sem opressão e exploração. Pagou um preço alto por isso, porém sempre foi firme em suas convicções políticas e sempre nos incentivou ao estudo e formação teórica, sobretudo na luta negra. Escreveu textos fundamentais e importantes,sendo o principal,”O Marxismo e a Questão Racial”, resgatando a luta da nossa corrente contra o Racismo e calando a boca dos críticos e caluniadores que nos atacavam por sermos negros marxistas revolucionários.

Mas Wilson não foi só um formador teórico. Ele amava a Arte e a Cultura. E como um bom trotskista, sabia que toda Arte e Cultura é carregada de ideologia e representa o zeitgeist de uma época. Ainda assim, apreciava e escrevia sobre Arte com uma análise crítica e sensível, nos inspirando e nos fazendo entender como a artista Nina Simone, uma de suas cantoras favoritas, que o papel da arte é refletir seu tempo. E revolucionar.

Nosso Quilombo, essa palavra tão cheia de significados para nós, está de luto. Choramos e sentimos a ausência desse revolucionário que foi Wilson H. Silva. Honraremos seu legado e seguiremos, com muitas saudades, mas firmes como Wilson era.

Wilson, um negro oprimido, explorado, descendente de um povo escravizado, revolucionário, é pra você o poema grande que Solano Trindade fez. Grande como o Nilo. Grande, porque você foste imenso em sua luta para libertar a humanidade do jugo do Capital.

Até o Socialismo, camarada!