Greve da construção civil: 8 dias de luta que mostra a força operária no Pará

Há 8 dias, os operários e operárias da construção civil de Belém, Ananindeua e Marituba estão em greve e demonstram a força e disposição, além da capacidade de negociar. Em meio aos bilhões despejados pela COP 30, seguem firmes apesar da pressão para voltarem ao trabalho nos canteiros de obras.
A luta operária no Pará vem dando uma verdadeira aula de classe a nível estadual, nacional e internacional e coloca em xeque o tal legado da COP, propagandeado pelo governador Helder Barbalho (MDB). Que legado é esse que não inclui a classe operária que constrói as obras desse evento capitalista, mas têm migalhas oferecidas pelos patrões?
A patronal, do início da campanha para cá, vem tentando, sem grande sucesso, convencer os operários de que não lucrou nada até agora com a COP. Nada mais mentiroso.
Desde o início da campanha salarial até agora, numa verdadeira queda de braço, ela vem sendo forçada a sentar para negociar com o sindicato e os trabalhadores. Primeiro, 5, 13%, depois 5,5%, 6%. Todas propostas rejeitadas por unanimidade pelos operários, que sabem que podem conseguir aumento maior. A prova disso é que desde o início da greve, quatro empresas, sendo uma de fora do estado com obra da COP 30, já fecharam acordo com o Sindicato e reajustaram os salários dos operários numa porcentagem maior que a oferecida pelo sindicato patronal. O que significa que é uma grande balela os patrões dizerem que não têm dinheiro.
O cenário da greve
A greve da construção civil no Pará ocorre num momento de acirramento da luta de classes no cenário internacional com os imperialismos russo e estadunidense se digladiando na guerra da Ucrânia, ao mesmo tempo que segue a crise humanitária em Gaza provocada pelo Estado genocida e sionista de Israel.
Com a desculpa esfarrapada de combate ao narcotráfico, Trump ataca uma embarcação no Caribe além de manter o tarifaço contra países como o Brasil. No cenário político nacional, a PEC da Bandidagem, aprovada pelos pilantras do Congresso, protege os deputados corruptos enquanto o povo pobre e preto é criminalizado e assassinado, nas periferias das grandes cidades.
Como vemos, não é uma conjuntura fácil para a classe trabalhadora e os setores oprimidos. Ainda assim, há lutas e resistência contra esses ataques. A greve dos operários e operárias da construção civil no Pará é um exemplo disso. Mostra a força dos peões organizados junto ao sindicato, em particular, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém que é filiado à CSP-Conlutas e que tem entre seus diretores militantes do PSTU.
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Para cima da patronal e do Estado capitalista! Por um governo operário, dos trabalhadores e socialista!
A greve é um direito de todo o trabalhador e trabalhadora. No Estado capitalista de opressão e exploração, muita das vezes, é o único caminho que temos para conseguir um aumento de salário e manter nossos direitos que a cada ano vão ficando mais escassos, por conta dos ataques dos governos, sejam governos de direita ou de conciliação de classe (da dita ‘esquerda’ com a burguesia). Um exemplo é a reforma Trabalhista, que acabou com direitos históricos, aprovada no governo Temer (MDB), defendida por Bolsonaro (PL) e que não foi revogada no governo Lula (PT).
Entretanto, só a luta por direitos e salários, infelizmente, não acaba com as mazelas que sofre a classe trabalhadora e o povo pobre. Por isso é necessário lutarmos também contra o sistema que alimenta a opressão e a exploração da nossa classe: o sistema capitalista. Temos que fazer uma revolução socialista com a classe operária e trabalhadora no poder. Só dessa forma é possível acabar com as mazelas e viver com dignidade e plenitude. A nossa luta imediata tem que ser combinada com a estratégia de poder da classe trabalhadora por um governo operário e socialista.
A greve da construção civil continua. Segue os piquetes e blitz nas principais obras. Para cima da ganância dos patrões. Arrancar um aumento justo e digno para os operários e lutar contra o capitalismo. Venceremos!
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