Forças militares do Estado de Israel interceptam flotilha e sequestram ativistas em águas internacionais
Com 15 brasileiros mantidos reféns pelo Estado sionista, governo Lula “aplaude” projeto de Trump e Netanyahu para Gaza
Nesta quarta-feira, 1, a Marinha do Estado de Israel começou a interceptar embarcações da Flotilha Global Sumud, que navegavam rumo a Gaza na tentativa de romper o cerco sionista e abrir um corredor humanitário à região. Os ativistas levavam medicamentos, filtros, próteses, fórmulas infantis, entre outros suprimentos de primeira necessidade.
A flotilha começou a ser interceptada pela marinha israelense enquanto navegava pelo Mediterrâneo, ao norte da costa do Egito, a 130 km de Gaza. Mais uma ação do Estado sionista de Israel em águas internacionais, e ilegal sob qualquer ponto de vista. Nesta quarta, os barcos Alma (com a ativista Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila), Adara e Sirius (com vários brasileiros, entre eles Magno Costa e Bruno Gilga, que representavam o Sintusp – Sindicato dos Trabalhadores da USP – e a CSP-Conlutas), haviam sido sequestrados por militares israelenses. Três outros brasileiros compunham a embarcação, dentre os 15 brasileiros presentes na flotilha.
Ao todo, cerca de 51 barcos compunham a Flotilha Sumud, com 500 ativistas de 40 nacionalidades. Dezenas de embarcações ainda seguem rumo a Gaza, sob a ameaça de forças militares sionistas, que inclusive afirmou explicitamente que poderia “afundar” alguns deles.
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Ameaças e intimidação
Logo após zarparem de Barcelona, no dia 31 de agosto, o Estado de Israel comunicou aos governos que utilizaria força militar contra a flotilha, mesmo sabendo se tratar de uma ação pacífica e de cunho humanitário. Ao longo do trajeto, a flotilha já havia sido alvo de drones, como na costa da Tunísia e, horas antes do início das interceptações, navios de guerra israelenses tentaram intimidar as embarcações, e bloquear a comunicação e dispositivos eletrônicos.
Escoltas europeias tentaram sabotar
Diante da enorme mobilização de solidariedade que a Flotilha Sumud despertou mundo afora, principalmente na Europa, os governos da Espanha e da Itália anunciaram “escoltas” às embarcações. No entanto, logo a iniciativa se revelou uma tentativa de sabotagem. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, ordenou a interrupção da ação humanitária, pois ela poderia “atrapalhar” o plano de Trump para Gaza.
Navios da Espanha que acompanhavam as embarcações também deram meia volta com a aproximação da flotilha a Gaza. Assim como as embarcações da Cruz Vermelha enviadas pela Turquia. Isso mostra como essas escoltas, ao contrário do objetivo de “protegerem” a flotilha, eram um elemento a mais de pressão, fazendo coro ao terrorismo sionista de Israel.
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Mobilizações
O sequestro ilegal de ativistas da flotilha estão provocando mobilizações massivas, como em várias cidades da Itália, em Berlim, Paris, Atenas, Ancara, Bruxelas, e várias outras capitais. Na Itália, além das manifestações em várias partes do país, há uma greve geral convocada para este dia 3 contra o genocídio em curso e o sequestro da flotilha.
URGENTE: Manifestaciones en Milán en protesta contra el secuestro de los barcos de la Global Sumud Flotilla. pic.twitter.com/nny97KjVKE
— Palestina Hoy (@Palestinahoy01) October 1, 2025
Governo brasileiro “aplaude” projeto de Trump
Num momento em que mais de 66 mil palestinos foram mortos na limpeza étnica que o Estado de Israel promove em Gaza, sendo mais de 500 por fome, o governo brasileiro anunciou que “aplaude” o plano do governo Trump para Gaza.
“O Brasil está acompanhando, e somente ontem, no final da tarde, tomamos conhecimento de todos os detalhes do plano que foi lançado. E, sem dúvida nenhuma, vamos aplaudi-lo publicamente, possivelmente ainda no dia de hoje”, afirmou nesta quarta o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Mauro Vieira. Foto Lula Marques/Agência Brasil
O projeto de Donald Trump, anunciado junto ao genocida Benjamin Netanyahu, impõe, sob um discurso de “reconstrução de Gaza”, a perpetuação da colonização dos territórios palestinos. O projeto da principal potência imperialista do planeta prevê que a região seja governada por um comitê sob a supervisão de um “Conselho de Paz”, presidido pelo próprio Trump.
Se já é vergonhoso que o governo Lula continue mantendo relações diplomáticas, comerciais e militares com o Estado genocida, torna-se ainda mais escandaloso que anuncie apoio a Trump e Netanyahu num momento em que 15 brasileiros estão sequestrados ilegalmente pelo Estado de Israel.
Liberdade já aos ativistas sequestrados! Lula, rompa com o Estado de Israel
As mobilizações ao redor do mundo apontam o caminho para o fim do genocídio a Gaza. No Brasil, os protestos encabeçados por estudantes forçaram a Unicamp a romper convênio com o Instituto Tecnológico Technion, de Israel. O mesmo aconteceu na UFF (Universidade Federal Fluminense), que rompeu, após protestos, acordos com a Universidade Ben Gurion.
Às ruas contra o genocídio! Palestina livre, do rio ao mar!
O sequestro dos ativistas da Flotilha Sumud está levantando ondas de mobilização no mundo inteiro. É hora de tomar as ruas em solidariedade ao povo palestino, contra o genocídio em Gaza, exigindo do governo brasileiro que mude sua política e não apoie Trump e Netanyahu mas, ao contrário, rompa as relações com Israel e pressione, de todas as formas possíveis, pela libertação dos ativistas sequestrados.

Em São Paulo, o ato será realizado no dia 5, domingo, às 11h no Masp. Ajude a construir o ato em sua cidade. Palestina livre do Rio ao mar! Vamos derrubar o apartheid e o Estado sionista genocida de Israel.