Lutas

Camaçari (BA): Sindicato denuncia que a BYD desrespeita legislação trabalhista

Entidade sindical diz que a montadora chinesa vem impondo horas extras abusivas, redução do intervalo refeição e cárcere privado dentro do ambiente de trabalho

Redação

16 de outubro de 2025
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Fábrica da BYD na cidade de Camaçari (BA) | Foto: Thuane Maria/GovBA

No último dia 9, com a presença do presidente Lula ,foi inaugurada em Camaçari (BA) a primeira fábrica de carros elétricos da montadora chinesa BYD no Brasil. Em seu discurso, Lula disse que a empresa vai começar produzindo 300 mil carros por anos, mas que a meta dobrar a capacidade da produção anual da fábrica, chegando a 600 mil veículos. O presidente ressaltou que o objetivo é ampliar a venda dos veículos para além do Brasil e investir na exportação para países da América Latina, África e outras regiões do mundo.

Lula só não disse que tudo isso a custa da superexploração da classe trabalhadora baiana. Uma semana após a inauguração da fábrica, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Camaçari veio a público, nesta quinta-feira (16), denunciar os abusos que vem sendo praticados pela BYD, que vem desrespeitando os trabalhadores e a legislação trabalhista brasileira.

De acordo com o Sindicato, a BYD vem impondo horas extras abusivas, que levam os trabalhadores a cumprir jornadas acima de 48 horas semanais, em total desacordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e das normas de saúde do trabalhador.

Para agravar ainda mais a situação, surgiu dentro da fábrica, por meio de lideranças da empresa, uma proposta de jornada para o segundo turno, que prevê apenas 40 minutos de “lanche” no lugar do tempo legal de refeição. De acordo com o Sindicato, “essa proposta, encaminhada internamente de forma irresponsável e sem negociação com o Sindicato, fere frontalmente os direitos trabalhistas e os acordos coletivos da categoria”.

Nesta quinta-feira, o Sindicato recebeu a denuncia que a BYD impediu que os trabalhadores deixassem o local, obrigando-os a permanecer dentro da fábrica até às 19h, enquanto outros ainda realizavam hora extra. “Essa conduta viola o direito de ir e vir e representa uma prática inaceitável, semelhante a cárcere privado dentro do ambiente de trabalho. Muitos trabalhadores ficaram retidos por mais de uma hora, sem acesso ao transporte, e diversos conseguiram chegar em casa só 21h, mesmo tendo encerrado oficialmente sua jornada às 18h”, diz a nota publicada pelo Sindicato.

Mobilização

Diante deste cenário de desrespeito, o Sindicato diz que vai mobilizar a categoria em um grande ato de protesto em defesa da dignidade, do respeito e dos direitos dos metalúrgicos.

O Sindicato reafirma que não aceitará abusos, jornadas ilegais nem propostas que desrespeitam a classe trabalhadora. A entidade seguirá atenta, firme e mobilizada para garantir que cada trabalhador da BYD seja tratado com o respeito que merece. O trabalhador não é escravo, nem máquina! O Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari não vai se calar diante desse desrespeito“, finaliza a nota da entidade sindical.

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