Nacional

O Maranhão, novamente, vira caso de brigas de grupos políticos e de polícia

A frente ampla de partidos se esfacela!

PSTU-MA

30 de outubro de 2025
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Ex-governador e atual ministro do STF, Flávio Dino; Carlos Brandão, atual governador do MA e seu vice, Felipe Camarão

Vivenciamos, hoje, no Maranhão, um esgotamento da frente ampla de partidos que vai desde os ditos de “esquerda”, passando pelo centrão e chegando à extrema direita. Frente essa que elegeu Flávio Dino governador em 2014 e o reelegeu, em 2018.

Uma frente que, na eleição a governador do seu vice, Carlos Brandão, em 2022, incorporou o MDB, controlado pelo grupo Sarney, de onde o próprio Brandão veio. Então, tudo parecia dominado, misturado e apaziguado. Conseguiram unificar desde o PT de Lula e do vice-governador Felipe Camarão, o MDB de Sarney (comandado por Marcus Brandão, irmão do governador), ao PL de Bolsonaro/Josemar de Maranhãozinho. A Assembleia Legislativa, por exemplo, ficou sem oposição, já que os (as) deputados (as) passaram a fazer parte do grupo governista, aprovando tudo que o governo mandava.

Com a saída de Flávio Dino do campo partidário, porém, após uma passagem meteórica pelo Senado Federal de pouco mais de 20 dias (o que todo mundo já sabia), a sua posse como ministro da Justiça e Segurança Pública e, posteriormente, sua nomeação como ministro do Supremo Tribunal Federal, o caldo começou a derramar. As disputas pelo poder começaram a se acirrar, e o governador Carlos Brandão passou a tirar poder e cargos do grupo mais próximo de Flávio Dino, principalmente do PT e PCdoB, os entregando para sua família, no velho estilo patrimonialista, autoritário e coronelista de fazer política, marca de sua trajetória.

Com isso, começa a reação dos descontentes, que cobram um suposto acordo firmado com o atual governador para a eleição do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao governo do estado, em 2026. O governador Carlos Brandão, que frita o Camarão, faz campanha aberta para mais um membro de sua família, o sobrinho Orleans Brandão (MDB), filho do seu irmão Marcus Brandão, querendo dar o primeiro emprego de governador ao pupilo, fechando um grande campo oligárquico familiar. Dentro dessa disputa, o governador perdeu o controle do PSB estadual e busca uma nova sigla de aluguel.

Nesse jogo político, são várias ações judiciais que tramitam no STF. Uma delas, a cargo do ministro Alexandre Moraes, retirou parentes do governador de cargos públicos, inclusive o do próprio irmão do governador, Marcus Brandão. Outra, nas mãos do ministro Flávio Dino, contesta indicações para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), presidido pelo sobrinho de Carlos Brandão, o conselheiro Daniel Brandão.

E, no meio desse tiroteio, aparecem várias acusações entre integrantes desse grupo rompido sobre participação em dois assassinatos: 1) O de João Bosco Sobrinho, em 2022, que, conforme denúncias na imprensa, estava cobrando propina sobre valores devidos a uma empresa de segurança pela Secretaria da Educação, cujo secretário era o vice-governador Felipe Camarão, e que nomeou o próprio João Bosco para um cargo em comissão na secretaria. Acontece que, conforme relatos, no ambiente em que ocorreu o crime estavam o sobrinho de Carlos Brandão, o presidente atual do TCE, Daniel Brandão, apesar de seu nome não constar no inquérito policial, além do vereador Beto Castro (Avante), aliado do governador e que mantinha relações de trabalho com o João Bosco. Esse caso foi federalizado a partir da condenação do executor Gilbson Júnior, já que novas informações surgiram questionando eventuais omissões no processo e uma possível blindagem do governo estadual. 2) O assassinato do empresário Josival Cavalcanti da Silva, o Pacovan, ocorrido em 2024, e que, segundo algumas matérias publicadas na imprensa, existiria uma suposta ligação, a partir de operações financeiras e de influências, entre o empresário e a deputada Iracema Vale (PSB), presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, aliada de primeira ordem do governador Carlos Brandão, e Marcus Brandão, irmão do governador.

Por último, surgem áudios, expostos pelo aliado de Carlos Brandão, o deputado Yglésio Moisés (PRTB), de conversas entre os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Pereira Júnior (PT), Diego Galdino, secretário executivo do Ministério dos Esportes, comandado por André Fufuca (PP), e um desembargador federal. Segundo os envolvidos, eles sofreram “arapongagem” (gravações ilícitas) por parte do governo Brandão.

Nesses áudios aparecem indícios de conversas diretas com o ministro Flávio Dino sugerindo que, se o governador Brandão tratasse melhor os aliados, como no apoio ao candidato a prefeito de Colinas, irmão do deputado Márcio Jerry, o caso das nomeações do TCE, nas mãos de Dino, iria ser resolvido. Apesar de o deputado Rubens Pereira Júnior afirmar, em discurso na Câmara dos Deputados, que buscava conselhos políticos com o Ministro Flávio Dino, ele negou que continuava discutindo política com quem quer que seja.

Essa pode ter sido a pá de cal em uma possível retomada de aproximação da frente ampla que levou Flávio Dino e Carlos Brandão ao governo estadual, uma vez que o governador foi para as redes sociais afirmar que o governo encerrado em 2022 quis permanecer no comando, fazendo alusão ao ex-governador Flávio Dino e seu grupo, e o que foi revelado nos áudios era dito para vários interlocutores, “com chantagens e barganhas nada republicanas”, inclusive a proposta de Colinas foi feita diretamente a ele pelo deputado Rubens Pereira Júnior.

Enquanto a Casa Grande disputa o poder como ficam os trabalhadores e a juventude?

Durante os governos dessa frente ampla e de conciliação de classes de Flávio Dino e Carlos Brandão, apesar da esperança de parte da classe trabalhadora, que sofreu durante décadas de domínio de uma oligarquia, a do Sarney, de ser mais bem tratada por esses governos, os (as) trabalhadores(as), professores (as), servidores públicos, indígenas, quilombolas foram bastante atacados.

O estado do Maranhão permanece com poucos ricos e uma maioria pobre, com os piores indicadores sociais do país, com os maiores conflitos do campo, a maior informalidade do trabalho, com uma grande desigualdade social.

No caso da segurança, apesar de sua utilização para fazer essa disputa política dos grupos que estão no poder, vivenciamos uma situação bastante terrível, com a população amedrontada, e com toda razão.

Em São Luís, nos últimos dias, ocorreu uma onda de ataques em bairros da periferia, com morte de inocentes e suposto acerto de contas entre facções ligadas ao tráfico de drogas. A cidade está mais violenta, sim, registrando um aumento nos índices de violência em comparação a 2024, segundo a própria Secretaria de Segurança Pública do Maranhão. Em outubro de 2025, foram registrados 20 homicídios dolosos na cidade, enquanto no mesmo mês de 2024 foram 12, representando um aumento de 66,7%. O prefeito da cidade, Eduardo Braide (PSD), tão ativo nas redes sociais, tratou de forma irresponsável e com pouco caso a insegurança vivida pela população, e nem suspendeu as aulas nas escolas da rede municipal, aumentando a insegurança dos (as) alunos(as) e seus familiares, professores(as) e o quadro administrativo.

Mas os principais responsáveis pelo clima de violência e terror são esses que pensam apenas na disputa pelo poder, não são trabalhadores e moradores desses bairros, que lutam diariamente pela sobrevivência. Não estão nem aí para melhorar a vida das pessoas, de garantir políticas públicas de educação, saúde e geração de trabalho e renda que garantam qualidade de vida e emancipação da nossa classe.

Trabalhadores e trabalhadoras!

O PSTU faz um chamado à classe trabalhadora a se organizar e reagir contra a insegurança, a miséria e a falta de dignidade que atingem nosso povo. Chegou a hora de assumir o papel central na luta política, de forma independente, fortalecendo sindicatos, movimentos sociais e partidos verdadeiramente de esquerda, que estejam dispostos a enfrentar o sistema de exploração capitalista e lutar por uma sociedade mais justa.

Paz entre nós, guerra aos senhores!

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