SC: O ataque ao projeto de moradia estudantil da Udesc e os pinschers de Jorginho Mello
Recentemente, um coletivo de direita composto pela juventude do PL e NOVO, produziu um vídeo criticando o projeto de moradia estudantil da Udesc (Universidade Estadual de Santa Catarina) que está em tramitação no CONSUNI (Conselho Universitário). Os argumentos utilizados foram basicamente que a universidade estaria gastando“dinheiro demais” para uma moradia de “apenas 20 pessoas”; que as moradias estudantis públicas possuem infraestruturas extremamente precárias, como é o caso da moradia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), e que se o dinheiro fosse investido no programa de auxílio estudantil, o PROPE, seria muito melhor, como é o caso das moradias do programa Uliving, o qual, segundo eles, gastaria muito menos e o benefício seria maior, já que o estudante também seria subsidiado pela universidade.
Eles argumentam que este dinheiro deveria ser usado para fortalecer o auxílio estudantil, mas o que eles fazem é um ataque a uma das pautas mais importantes do movimento estudantil: a moradia gratuita e pública para os estudantes. A Renova Udesc – coletivo de direita da universidade – não luta pelo auxílio estudantil e nem busca fortalecê-lo, e agora tenta usar isto como argumento para uma suposta defesa, enquanto, na verdade, quer atacar uma das conquistas mais relevantes para os estudantes!
Pois bem, o que parece um benefício é, na verdade, mais uma forma de privatizar a vida estudantil. O governo e as universidades dizem “ajudar” estudantes pagando os aluguéis em moradias privadas, como a Uliving, mas na prática estão injetando dinheiro público no bolso de incorporadoras e fundos imobiliários.
A proposta da Udesc é adquirir apartamentos próximos ao campus de Florianópolis, e ser detentora destes imóveis, ou seja, este dinheiro será gasto uma única vez, e este número que parece assustador, de R$3 milhões, não atenderá apenas 20 estudantes, mas sim centenas que serão beneficiados pelas próximas décadas. Além disso, garantir uma moradia digna aos estudantes é o mínimo, possibilitando que eles morem próximo ao campus, com acesso facilitado a aulas e também ao restaurante universitário.
Também temos que refletir sobre esta Uliving: as moradias mais baratas custam em torno de R$2 mil por mês. A sugestão do colega é que a Udesc pague alugueis para os estudantes, mas o que não é levado em consideração é que colocar a universidade para pagar aluguel para cada um desses estudantes nos valores solicitados por esta Uliving daria quase meio milhão de reais por ano. Além de terceirizar a moradia estudantil, que deve estar sob responsabilidade da Udesc, ainda coloca o orçamento da universidade a mercê destas empresas e a merce da especulação imobiliária.
A moradia estudantil que será adquirida pela Udesc será de propriedade da própria universidade, não estando submetida a valores abusivos de aluguel e de contrato com empresas. Trabalhando com a sugestão dos pinschers do Jorginho Mello, que quer gastar quase meio milhão de reais de aluguel por um único ano, se colocada ao lado da proposta de uma moradia pública e gratuita, é baixa e sem sentido: o valor pago em aluguel pagará a compra e a posse da moradia em torno de 8 anos. A diferença é que, sob gestão total da universidade e dos estudantes, podemos decidir sobre nossa própria moradia e pensarmos políticas focadas, enquanto que, sob o controle de uma empresa, além dela poder praticar valores abusivos quando os contratos forem firmados, não tem qualquer responsabilidade com os estudantes, mas apenas desejo de lucro.
O Coletivo cita a falta de políticas para os campi do interior, mas se a proposta dele é de gastar meio milhão por ano com aluguéis com empresas privadas, que segue aumentando de forma absurda os preços e especulando, podemos traçar um caminho pela compra de casas no interior também. Esta é nossa defesa, enquanto ele busca apenas barrar a garantia de moradia estudantil que está em tramitação no CONSUNI.
A questão da precariedade de moradias como da UFSC não vem do programa de moradia estudantil em si, mas justamente da falta de investimentos da universidade para melhorar a infraestrutura das moradias, pois, quase sempre, para as reitorias, isso não é de interesse. Além disso, há também os cortes orçamentários na UFSC feitos pelos últimos governos, de mais de décadas pelo Governo Dilma, Temer, Bolsonaro e agora Lula, o qual somos oposição de esquerda, desde sempre!
Assim, privatizar a moradia estudantil e entregar dinheiro público à iniciativa privada, por exemplo, só iria diminuir ainda mais o orçamento, tendo em vista a especulação imobiliária, principalmente quando estamos falando de Florianópolis.
A crise de moradia não é falta de recursos — é resultado da escolha de financiar o lucro, não o direito. Quando o Estado paga o aluguel de uma empresa privada, ele não garante moradia — garante lucro. Esse modelo transforma o estudante em cliente subsidiado, não em sujeito de direito.
Inclusive, vale dar uma olhadinha nos valores praticados pela empresa que ele recomendou no vídeo:

Hoje o subsídio existe, amanhã pode acabar.
Hoje ele quer impedir a compra da moradia estudantil, mas defende contratos com empresas, aluguel.
E enquanto isso, o mercado se acomoda: o preço do aluguel sobe, a empresa lucra e a universidade se torna dependente da “parceria”.
É a lógica neoliberal aplicada ao campus: o público sustenta o privado, e o direito vira mercadoria.
No futuro, quando Jorginho Mello ou algum reitor apoiado pelo Renova quiser atacar os estudantes ou aplicar uma política ferrenha de corte de gastos, se tratará de simplesmente uma canetada em uma sala isolada e os estudantes estarão sem moradia. Convenhamos: é bem mais difícil se desfazer com um prédio que a Udesc tem a posse sobre ele, e onde os estudantes estão se autoorganizando e construindo uma resistência!
Chamam de “inovação”, mas é o mesmo velho truque: o Estado socializando o custo e privatizando o ganho.
Por trás dos discursos de “comunidade”, “experiência estudantil” e “bem-estar”, o que existe é exploração disfarçada de modernidade.
A juventude trabalhadora precisa lutar por:
-Residências estudantis públicas e gratuitas, mantidas pelas universidades.
-Um programa de moradia estudantil para a Udesc criado a partir de e com consulta dos estudantes.
-Financiamento integral estatal, sem contratos com empresas privadas.
-Integração da luta por moradia à luta pela educação pública e de qualidade.
Nenhum subsídio vai resolver o que só a organização estudantil e a luta socialista podem conquistar: moradia digna, pública e de todes!
Reitoria, exigimos moradia estudantil, já!
Renova Udesc não se importa com os estudantes de baixa renda!