Lutas

Marcha dos servidores mostra o caminho para derrotar a reforma administrativa

Eduardo Zanata, de Brasília (DF)

7 de novembro de 2025
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No dia 29 de outubro, trabalhadores e trabalhadoras do serviço público das três esferas realizaram um importante processo de mobilização no Distrito Federal contra a reforma administrativa. A marcha dos servidores contou com mais de 20 mil pessoas e demonstrou disposição de luta das categorias para derrotar a PEC 38/2025, protocolada alguns dias antes, depois que o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) conseguiu as 171 assinaturas necessárias para a proposta de emenda à Constituição.

A força da mobilização já começou a dar os primeiros frutos. Doze deputados que assinaram a PEC 38/2025 pediram a retirada de sua assinatura do projeto. Infelizmente, isso não altera mais o processo de tramitação da matéria, mas dificulta as tentativas do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) de acelerar o processo de tramitação. E coloca em xeque a aprovação da matéria, a qual depende de quórum qualificado de pelo menos 308 dos 513 deputados.

Pedro Paulo e Hugo Motta acusaram o golpe

Na semana anterior à marcha, o deputado Pedro Paulo, depois de protocolar a PEC 38/2025, em entrevistas, fez um apelo aos trabalhadores e trabalhadoras do serviço público e à bancada do governo no Congresso Nacional para ajudar a aprovar a reforma administrativa. Pedro Paulo alega que a reforma administrativa será feita mais cedo ou mais tarde e argumenta que é melhor fazer uma reforma com um governo progressista do que com um governo de direita.

Essa fala demonstra certo desespero de Pedro Paulo e Hugo Motta para tentar vencer a resistência que existe para aprovação da matéria. A força da mobilização dos servidores e servidoras, que desde agosto realizam, toda semana, atividades nos aeroportos do país para pressionar os deputados, obrigou os partidos do chamado “campo progressista” a definir posição contra a aprovação da PEC 38/2025.

Saiba mais

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No dia 22 de outubro, na mesa nacional de negociação permanente dos servidores federais, as entidades cobraram uma posição de Lula e do Ministério da Gestão e da Inovação (MGI) contra a proposta de reforma administrativa apresentada pelo grupo de trabalho da Câmara e ouviram que o Governo Federal não vai se posicionar nem contra nem a favor da proposta. Esse suposto abstencionismo na verdade demonstra que a política de Lula é permitir a aprovação da PEC 38/2025, e que ele não vai fazer nenhum movimento para impedir a aprovação da matéria.

Essa posição é coerente com a política neoliberal de Lula para o serviço público federal, tendo em vista que o MGI já está aplicando uma reforma administrativa com os mesmos objetivos e mecanismos que existem na PEC 38/2025. O governo Lula, em seu terceiro mandato, levou adiante o processo de privatização dos hospitais federais do Rio de Janeiro, criou um sistema de metas, desregulamentando a jornada de trabalho dos servidores, instituiu mecanismos de avaliação de desempenho para progressão nas carreiras, aumentou a quantidade de níveis e rebaixou o piso de várias carreiras do serviço público federal, criou as carreiras transversais e aprofundou o processo de contratação temporária por meio do Concurso Nacional Unificado.

Seguir a mobilização e preparar uma greve geral dos servidores

Diante da disposição de luta demonstrada pela Marcha Contra a Reforma Administrativa, as centrais sindicais e as entidades de servidores públicos precisam seguir articulando as ações contra a reforma e, desde já, preparar o terreno para realizar uma greve geral unificada dos servidores caso a PEC 38/2025 comece a tramitar na Câmara dos Deputados.

Além disso, também é preciso exigir de Lula que interrompa a reforma administrativa que está realizando no serviço público federal, revogando as medidas implementadas, e que se posicione de forma clara contra a aprovação da PEC 38/2025.

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