Novembro Negro: Bem Viver só é possível com o fim da violência policial racista, machista e lgbtifóbica
Precisamos lutar pela reparação da escravidão e uma revolução socialista
Neste Novembro Negro, celebramos os 330 anos da imortalidade de Zumbi e Dandara dos Palmares, símbolos da resistência contra a escravização e da construção de um projeto de sociedade completamente oposta à desigualdade estabelecida pelo capitalismo e sem nenhuma submissão e conluio com as classes dominantes, com autonomia e independência de classe.
Hoje enfrentamos novas formas de escravização, precarização, violência e exploração do trabalho impostas pelo capitalismo e pelas potências imperialistas, como o genocídio da juventude negra, o feminicídio das mulheres negras e pobres, a exploração brutal do trabalho e a devastação ambiental que ameaça a vida e os territórios dos povos quilombolas, originários e ribeirinhos.
Criminalidade, chacinas e o genocídio de negros e pobres
Onde faltam ações concretas do Estado, domínio dos territórios e políticas públicas, sobram balas de fuzil à população negra e pobre. Como a operação de extermínio bárbaro que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, deixando centenas de mortos em um território abandonado pelo Estado e dominado pelas facções e organizações criminosas.
Ao não retomar o controle da área após toda incursão militar e guerra urbana pelas forças de segurança do Estado, obviamente o crime organizado se restabelecerá, novos conflitos virão e o ciclo vicioso de genocídio nos morros e favelas segue seu curso macabro.
Marchar na periferia pelo fim do feminicídio e do genocídio da juventude negra
Nesse cenário, o Estado brasileiro continua sendo o principal agente da morte da população negra e pobre, com o aumento da militarização das periferias e escolas e da violência policial. O feminicídio afeta a vida das mulheres em geral, e as mais atacadas são as mulheres negras, portanto são parte essencial do combate ao capitalismo. Nenhuma revolução será completa sem o fim da opressão às mulheres negras e trabalhadoras.
Por isso, precisamos fazer do Novembro Negro um espaço de ação política, formação e mobilização em todo o país, fazendo denúncias e exigências de todos os governos de todos os matizes ideológicos, incluindo o governo Lula que segue ancorado no seu plano de “guerra às drogas” sem demonstrar nenhum êxito, após o encarceramento de milhares de jovens negros e o aumento do genocídio da juventude periférica, conduzido pelas forças de segurança. É preciso seguir no combate à extrema direita e sua política de morte de negros e pobres, ao seu revisionismo histórico e de ataque aos direitos da classe trabalhadora.
A luta das mulheres negras é de raça com independência de classe
Nesse sentido, a II Marcha das Mulheres Negras e a luta antirracista no Brasil são arena de disputa contra a conciliação de classes do governo Lula e contra os avanços da ultradireita e do bolsonarismo.
É necessário lutar pelo fim do capitalismo, colocando no centro do debate a relação indissociável entre raça, classe e gênero, a denúncia do racismo, do machismo, da lgbtifobia e da xenofobia, pois o sistema capitalista e a insuficiência das políticas públicas dos governos de plantão, incluindo Lula e seus ministérios da Mulher, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, sustentam justamente a exploração e a opressão do trabalho das mulheres negras e a desvalorização de suas vidas.
Por isso, a marcha das mulheres negras deve apontar a derrubada das bases materiais e ideológicas: a grande propriedade privada e o Estado capitalista – que sustentam a opressão e a exploração, a desigualdade capitalista, incluindo a denúncia da colaboração de classes do governo Lula.
Reparação histórica da escravidão por saúde, educação, trabalho, moradia e lazer!
A luta por reparação histórica da escravidão é parte da luta por uma revolução socialista. Não há “bem viver” possível dentro da ordem capitalista, que nasceu amparada na escravidão e se mantém com o racismo e a exploração.
A reparação histórica da escravidão não é concessão do Estado burguês, é uma dívida que só será quitada com a luta organizada e coletiva dos negros e não negros da classe trabalhadora pela titulação e demarcação dos territórios quilombolas e indígenas. Empregos e salários de qualidade, moradia digna; transporte coletivo e gratuito, educação e creches públicas de qualidade e laicas, saúde 100% pública e de qualidade, para a classe trabalhadora e voltada para as necessidades da população negra.
Meio ambiente
COP30 e luta revolucionário contra a crise ambiental
Diante da realização da COP30, reafirmamos nossa posição em defesa do meio ambiente e contra a devastação promovida pela ganância dos capitalistas e pela busca de lucros com o aval do Estado brasileiro, incluindo o governo Lula, que acaba de autorizar a exploração do petróleo na Margem Equatorial. Defendemos a soberania dos povos sobre seus territórios e os recursos naturais, contra o avanço do agronegócio e a mineração na devastação ambiental.
Somente uma sociedade socialista pode estabelecer o equilíbrio entre humanidade e natureza, porque ela se organiza em torno às necessidades humanas e não do lucro, como é na sociedade capitalista.
Internacionalismo
Cinquenta anos da independência de Angola e a luta contra a espoliação imperialista

Nas comemorações dos 50 anos da independência de Angola organizadas pelo MPLA, nos somamos aos camaradas angolanos contra a ditadura do governo de José Lourenço e suas alianças com as potências imperialistas na espoliação das riquezas naturais do povo angolano, com apoio da UNITA e da burguesia local, em colaboração inclusive com o governo brasileiro.
Apoiamos a luta da classe trabalhadora em Angola contra a ditadura do MPLA e pela liberdade política, sindical e estudantil, porque a luta contra o racismo e a exploração é uma só, do Brasil à África, das favelas às fábricas.
Nossas bandeiras
– COP30 e o combate ao racismo: contra o capitalismo e os crimes ambientais à população quilombola, indígena e dos povos tradicionais
– Chega de feminicídio e genocídio das mulheres e da juventude negra!
– Sem reparação e revolução, não há bem viver!
– Lula deve garantir reparação, demarcação e titulação das Terras Indígenas, quilombolas e dos povos tradicionais