As ondas de calor e o colapso ambiental sob o capitalismo
As terríveis ondas de calor que consomem o Brasil nas últimas semanas têm sido difíceis de suportar. Chegamos a tal ponto que o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) destacou o calor como um grande perigo que atinge mais de 1.200 municípios em três regiões do país. Esta situação impõe risco à saúde de milhões de brasileiros.
O calor excessivo faz com que nosso organismo tenha de se esforçar muito mais para manter o equilíbrio interno. Desse modo, eleva o cortisol, hormônio ligado ao estresse, afetando o sono, o humor e até a menstruação.
Na capital de São Paulo, sexta-feira (26), quebrou-se o recorde pela maior onda de calor já registrada, 36,2°C. No Rio de Janeiro, foi registrado 37,6°C. Em matéria do G1, se destaca:“A rede municipal de Saúde do Rio registrou 2.053 atendimentos médicos possivelmente relacionados ao calor entre os dias 23 e 26 de dezembro, período em que a capital fluminense sofre impactos de uma onda de calor extremo, que deve se manter até pelo menos domingo (28).”
Ocorridos como insolação, queimaduras, desmaios e fadiga foram os sintomas mais comuns.
Os problemas da onda de calor não apenas se manifestam na temperatura, mas também reverberam na questão de estrutura. No portal ND Mais, é relatado que estudantes da moradia estudantil da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão sofrendo com falta de água e vários outros problemas estruturais da edificação. Essas questões, que existem há tempos na moradia, somadas com a intensa onda de calor atual, torna a vida do estudante de baixa renda mais precária do que já costuma ser. O Reitor da universidade, Irineu Manoel de Souza, alegou aos estudantes que a moradia passará por reformas, mesmo com as limitações orçamentárias que a UFSC enfrenta. Pois como se não bastasse os cortes do Governo Lula (PT), o Congresso Nacional, inimigo do povo, aprovou também um corte de R$ 488 milhões no orçamento das universidades federais para 2026.
Para além da própria temperatura e de questões estruturais, também temos a questão de o que alimenta as ondas de calor, e quem, ou melhor, que classe as alimenta. Pois o indivíduo da classe trabalhadora é sem dúvida o mais afetado, enquanto que nossa burguesia vive em suas residências luxuosas com dois ar-condicionados em cada cômodo.
Em nosso encarte sobre o colapso ambiental e a COP30, já muito bem assinalamos:
O Brasil ocupa um lugar de destaque sombrio na crise climática: é historicamente o quarto maior emissor de Gases de Efeito Estufa (GEE) do mundo. No entanto, a origem de nossas emissões revela uma particularidade alarmante: ao contrário de potências industriais como EUA, China e Rússia, o Brasil emite principalmente pela destruição de seus ecossistemas.
O desmatamento e a expansão da agropecuária capitalista são os grandes vetores das emissões. Quase metade de todas as emis- sões nacionais (48%) vem de queimadas e o desmatamento (mudanças no uso do solo). Logo atrás, a agropecuária responde sozinha por 27% do total, consolidando um modelo de devastação que alimenta o aquecimento global.
Nosso país está secando cada vez mais. Não apenas a extrema direita, mas o próprio Governo Federal, não mais de Bolsonaro, mas de Lula, auxiliam massivamente neste processo:
Um exemplo claro disso são as negociações com o governo Trump, nas quais o tema da exploração de minerais críticos e terras raras têm sido incluído na pauta. Paralelamente, o governo busca atrair a instalação de data centers no Brasil e já assinou uma medida provisória para conceder isenção fiscal ao setor – cujo impacto ambiental é brutal, especialmente pelo consumo intensivo de água e energia, sem trazer benefícios reais para o país. O grau de submissão é tamanho que o próprio diz que durante as conversas com Trump ‘não pintou química, pintou uma indústria petroquímica.
O Governo Lula não enfrenta os ataques ao meio ambiente promovidos pelo Congresso Nacional, muito menos ousa mexer no Plano Safra, que dá dinheiro para os capitalistas do agronegócio, os quais destroem ainda mais o meio ambiente e atacam os povos originários. Plano esse que, por sinal, em seu governo, se destaca como obtendo em seu investimento o maior valor de toda a história do Brasil até então (R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial).
Tendo em vista todo esse cenário, as fortes ondas de calor que estamos sofrendo, o colapso ambiental que se aproxima a cada dia, e a relação direta que o modo de produção capitalista tem com todo esse esquema nefasto, é preciso de maneira imprescindível que nos unamos enquanto trabalhadores assalariados e oprimidos, para combater as políticas devastadoras da extrema direita, ser oposição de esquerda ferrenha ao Governo Lula e lutar por um modo de produção que vise atender as necessidades básicas e essenciais do povo, mediado pela própria classe trabalhadora, ao invés da necessidade insaciável e predatória do capital por mais e mais lucros. Somente a constituição de uma sociedade socialista pode deter o avanço da crise climática e do colapso ambiental.
Em síntese, como dito na última página de nosso encarte sobre o meio ambiente:
Precisamos de um programa capaz de unir operários, indígenas, camponeses, quilombolas e povos da floresta contra a devastação ambiental capitalista. Mas que seja um programa socialista e revolucionário, que aponte claramente para a superação do capitalismo.