Internacional

Netanyahu reproduz extermínio nazista sim! Lula tem que romper relações com o Estado genocida

Redação

19 de fevereiro de 2024
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No domingo, 18, o presidente Lula deu uma coletiva de imprensa na capital da Etiópia, Addis Abeba, e expressou sua indignação com o genocídio em curso em Gaza comparando-o com o holocausto nazista, e defendeu um cessar-fogo imediato e o livre ingresso de ajuda humanitária na faixa de Gaza.

No mesmo dia, o primeiro-ministro israelense. Binyamin Netanyahu, declarou que comparar as ações dos nazistas na Europa com a ação do Estado de Israel em Gaza era inadmissível, e chamou a declaração de Lula de antissemita – neste caso discriminação contra os judeus.

No dia seguinte, o Estado de Israel montou uma provocação e convocou o embaixador brasileiro para “reprimendas” em um local público, o memorial do Holocausto Yad Vashem na Jerusalém ocupada, onde o ministro israelense de relações exteriores, Israel Katz, declarou que o presidente Lula é “persona non grata”.

O governo brasileiro então decidiu retirar seu embaixador de Tel Aviv por dez dias, um sinal diplomático de desacordo com a provocação sionista.

Contra Netanyahu, o sionismo e a direita abertamente pró-sionista

É preciso repudiar estas ações diplomáticas de Netanyahu e do Estado de Israel que, na verdade, são um ataque e uma provocação contra o Brasil e todos aqueles que criticam Israel. Vale lembrar que o Estado de Israel é correia de transmissão dos países imperialistas. Não deixa de ser ridículo também que 91 deputados peçam impeachment de Lula por isso. Só mostra o nível de subserviência de parte da direita brasileira à pauta sionista e imperialista. Deve servir de reflexão, aliás, o fato de que 20 assinaturas desse pedido tenha vindo da própria base aliada do governo. Serve como alerta da importância de ser oposição de esquerda a ele.

Não há nada de antissemitismo em criticar o Estado de Israel. E não há nada contra os judeus ser contra Israel, tanto é assim que existem muitos judeus contrários à política sionista e ao Estado de Israel, para além do próprio governo desastroso de Netanyahu.

Netanyahu isolado

Esta controvérsia diplomática se dá em um momento no qual o governo Netanyahu perdeu a guerra por corações e mentes na maioria dos países do mundo onde o genocídio israelense em Gaza é impopular. Além disso, Netanyahu conta com o apoio de apenas 15% da população israelense, e o fim do genocídio implicará no fim do seu governo e seu julgamento por crimes de corrupção.

Por isso Netanyahu quer manter o genocídio em Gaza a qualquer custo, bem como expandir o conflito para o Líbano, a Síria e o Irã. Mesmo em meio ao genocídio, as manifestações de israelenses pedindo a queda do governo Netanyahu e novas eleições crescem a cada semana.

Além disso, os patrocinadores do Estado de Israel como os Estados Unidos e os países europeus, também enfrentam protestos operários e populares. 

A política de Lula

Desde o início do genocídio em Gaza, o governo Lula buscou uma posição equidistante criticando tanto o que ele denomina de “as ações terroristas do Hamas” bem como o genocídio israelense. Além disso, em um flerte com os sionistas, Lula defende a libertação dos presos israelenses em Gaza, mas nada fala sobre os milhares de presos políticos palestinos aprisionados pelo Estado de Israel.

 Passados mais de quatro meses, a realidade cruel em Gaza com 29 mil mortos, nove mil desaparecidos, mais de cem mil feridos, casas, hospitais e escolas destruídos pela ação genocida israelense incendeia a solidariedade internacional com Gaza e obriga diversos governos a realizarem gestos simbólicos de desagrado. Este é o caso do presidente Lula.

Lula apoiou o pleito da África do Sul de levar o Estado de Israel ao banco dos réus na Corte Internacional de Justiça por crime de genocídio. Também anunciou a ampliação do financiamento à agência da ONU de assistência aos milhões de refugiados palestinos, a UNRWA. E agora a comparação das ações israelenses com as ações nazistas e a retirada do embaixador brasileiro por dez dias. 

Estes gestos simbólicos são importantes mas Lula, através deles, busca atrair o apoio do povo palestino, e evitar uma medida de ruptura com o Estado de Israel. 

O problema da declaração de Lula é o contrário das críticas que vem recebendo. O problema é que ela ainda é limitada. O povo palestino, neste momento, precisa de muito mais. O reconhecimento de que há um genocidio em curso deve ser acompanhado da ruptura de todas as relações diplomáticas, econômicas e políticas com Israel. Senão, seria similar a manter relações com a Alemanha nazista ou a África do Sul do Apartheid. Outro problema é que, diante de um genocídio em curso, qualquer equiparação entre a resistência do povo palestino com a violência do Estado de Israel serve ao Estado de Israel.

Na história da diplomacia brasileira, a defesa do Estado de Israel sempre esteve presente. Num primeiro momento, a linha diplomática de Osvaldo Aranha de alinhamento incondicional com os Estados Unidos, levou ao apoio incondicional ao Estado de Israel desde sua formação. Nos anos 70, durante a ditadura militar, o ministro Azeredo da Silveira manteve o apoio ao Estado de Israel mas tornou pública a posição brasileira favorável a constituição de um Estado Palestino ao lado do Estado de Israel. Durante os treze anos de governos petistas, esta posição de dois estados foi mantida, mas o Brasil se tornou um dos cinco maiores importadores da indústria armamentista israelense. Com Bolsonaro, houve um alinhamento incondicional com Israel, e agora o governo Lula busca retornar a política brasileira para a defesa dos dois estados e de crítica às atrocidades israelenses.

A polêmica sobre o holocausto

O holocausto nazista na Europa representou o assassinato em escala industrial de milhões de judeus, ciganos, dissidentes de esquerda e os povos da ex-União Soviética em campos de extermínio e execuções sumárias.

No entanto esse não foi o único holocausto na história. O holocausto nuclear em Hiroshima e Nagasaki é outro exemplo conhecido. O conhecido intelectual Mike Davis escreveu “Holocaustos Coloniais – a criação do terceiro mundo” no qual denuncia o extermínio de 50 milhões de pessoas. A jornalista Daniela Arbex escreveu “O Holocausto Brasileiro” sobre a tragédia do sistema manicomial brasileiro, particularmente a hospital colônia de Barbacena.

Então o uso do conceito de holocausto não é exclusivo ao extermínio nazista. E tampouco devemos comparar um holocausto com outro. Todos os holocaustos devem ser combatidos e o sofrimento de suas vítimas respeitados.

O que é necessário é entender o que está ocorrendo na faixa de Gaza. A desumanização das famílias palestinas, seu assassinato em massa seja por bombardeios indiscriminados, execuções em massa, ou por tornar impossíveis as condições de sobrevivência em Gaza se caracteriza como um holocausto. Não é maior nem menor que qualquer outro extermínio em massa. Por isso organizações de judeus antissionistas e sobreviventes do holocausto utilizam o chamado “Nunca Mais, para Mais Ninguém”. 

Romper relações com o Estado genocida

Os palestinos estão enfrentando um genocídio e Lula não pode ser limitar a fazer gestos diplomáticos. É necessário que Lula rompa todas as relações diplomáticas, comerciais, militares e institucionais com o Estado de Israel, medida defendida pelos movimentos de solidariedade à Palestina.

O PSTU chama a classe trabalhadora, as organizações sindicais, os movimentos populares, os grupos de Direitos Humanos e os partidos de esquerda para fortalecer a mobilização em apoio ao povo Palestino e a se somarem à campanha para que Lula rompa todas as relações com o Estado terrorista de Israel.