A queda na avaliação da gestão Eduardo Paes e a crise estrutural do Rio de Janeiro
Em relação à pandemia, 37,8% dos entrevistados afirmaram que a performance da Prefeitura do Rio de Janeiro nesse campo foi boa ou ótima. Em novembro, era 54,5%. Uma redução de 16,7 pontos percentuais.
Na gestão da saúde, 24,7% entrevistados declararam que a atuação do governo municipal tem sido boa ou ótima. Era 35,5% em novembro, caiu 10,8 pontos percentuais.
A educação também caiu. Eram 32,5% de ótima ou boa em novembro de 2021, esse percentual foi 22,2% em março de 2022, queda de 10,3 pontos.
Quanto à preservação ambiental, a queda foi de 11,3 para boa ou ótima. Era de 29,6% e passou para 18,3%.
Em conservação urbana e patrimonial, 20,2% em março avaliaram como bom ou ótimo, uma queda de 9,4% em relação a novembro de 2021, quando a avaliação foi de 29,6%.
Na avaliação da assistência social, a queda foi de 5,6%. Em novembro, 19,9% a consideraram boa ou ótima. Em março, caiu para 14,3%.
Por fim, o transporte foi o tema pior avaliado em março de 2022. Somente 7,9% dos entrevistados consideraram como bom ou ótimo. Em novembro do ano passado, já era a pior avaliação e estava em 14,5%.
Ou seja, Paes cai em todos os quesitos avaliados na pesquisa do Instituto Rio 21.
Uma crise estrutural no Rio
Os resultados obtidos por Paes indicam um grau muito grande de insatisfação da população carioca com sua gestão e uma queda acentuada de sua popularidade.
A queda em alguns quesitos, como saúde e educação, poderia ser atribuída a situações sazonais, tais como o retorno das aulas presenciais depois de quase dois anos de EAD, ou o repique da pandemia com a variante Ômicron, e inclusive ao efeito da volta às aulas no aumento de viroses em geral, que levou o já sobrecarregado sistema de saúde à beira de um novo colapso no início do ano.
Além disso, para aqueles que são otimistas, tanto o aumento do preço do petróleo quanto a venda da CEDAE devem influir direta, no caos dos royalties do petróleo, ou indiretamente, no caso da venda da CEDAE, nas finanças do Rio e nos investimentos que serão feitos no próximo período.
Some-se a isso o fato de que estamos em ano eleitoral e que os governos estadual e federal deverão aumentar seus gastos com finalidades eleitoreiras e podemos ter alguma melhora na situação dos serviços, nas condições gerais de vida dos setores mais afetados pelas diversas crises que nos atingem e, como consequência, uma melhora na imagem de Paes.
Mas, mesmo que isso ocorra, o que não é certo, a perspectiva mais geral é que esta percepção dos problemas siga, porque ela é real. O Rio de Janeiro vive uma crise estrutural profunda de projeto. O atual gestor da cidade, Eduardo Paes, obviamente, é um dos responsáveis pela crise, uma vez que, em vez de enfrentá-la, busca maquiar a situação, muitas vezes atuando como um “showman” nas mídias e redes sociais.
Os ricos devem pagar pela crise.
Não há saída fácil para os problemas do Rio de Janeiro, que são parte e consequência da crise do Brasil. Os grandes problemas de nossa cidade, como educação, transporte e meio ambiente, não são frutos de falta de dinheiro ou somente de “má vontade” dos gestores. São fruto de uma política consciente, que tira dinheiro dessas áreas e entrega aos grandes bilionários do país.
No Rio, onze pessoas têm um patrimônio de mais de 400 bilhões de reais. O equivalente a cinco anos do orçamento do estado. Com esse dinheiro, se resolveriam os problemas de moradia, transporte e educação no estado por anos.
As soluções para o Rio devem passar por um plano municipal, e também estadual, que aumente os impostos das grandes mansões nas áreas nobres da cidade, que busque formas de taxar os ricos, que acabe com todos os benefícios e isenções fiscais das grandes empresas, que saia do plano de recuperação fiscal, por um lado.
E, por outro, que canalize os recursos para um plano de obras públicas, que garanta construção de moradias, saneamento básico, transporte (metrô), creches e hospitais. Um plano que, obviamente, seja amplamente discutido com a população em geral e com a classe trabalhadora de maneira especial. Isso poderia dar novos horizontes à cidade e ao estado.
Isso, que, em nossa opinião, é parte da solução estrutural necessária, não pode nem será feito por Eduardo Paes nem pelos políticos de sua linhagem, porque eles representam, de diferentes formas, justamente os que ganham, e ganham muito, com a situação atual. Essa é uma tarefa que toca a nós, trabalhadores. Reverter os recursos e riquezas gerados por nós em nosso benefício. Fazer com que os ricos paguem pela crise.