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Absurdo: PMs que mataram estudante de Medicina, agora criminalizam pai da vítima

Israel Luz

30 de julho de 2025
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Estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22 anos, foi assassinado pela PM paulista em novembro do ano passado | Foto: Arquivo Pessoal

A imprensa divulgou que na última sexta-feira, 25 de julho, a defesa dos policiais militares Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado pediu medida protetiva contra Julio César Navarro, pai de Marco Aurélio Cardenas Acosta, estudante de medicina morto pelos agentes em novembro de 2024.

Os PMs teriam se sentido ameaçados pelo médico na audiência de instrução do caso, realizada em 10 de julho. Ambos seguem em liberdade e realizando trabalho interno na corporação.

Logo após a audiência, Julio chegou a publicar um desabafo no qual escreve:

Eu pensava, como chegamos a este momento? Quase 8 meses desde a agressão e crime covarde e ainda estivessem protegidos? Que mundo bizarro é este onde assassino são protegidos e as vítimas são tratados como suspeitos”.

Quinze dias depois, um tempo inexplicavelmente longo para quem se sente tão ameaçado, os PMs têm a covardia máxima de criminalizar a família da sua vítima. Trata-se na verdade de um artifício para insistir na absurda inversão de papéis na qual Marco Aurélio e agora seu pai são representados como ameaça, não os assassinos fardados cujas mãos estão para sempre manchadas de sangue.

Lembremos a advertência de Malcom X para nunca confundirmos a reação do oprimido com a violência do opressor. Enquanto os policiais envolvidos em casos assim são protegidos por um enorme mecanismo que raramente os responsabiliza, quem luta por justiça vive o luto na luta, uma condição dificilmente imaginável para quem apenas observa de fora, são perseguidos e criminalizados.

Nossa solidariedade à toda família. Que mais essa violência do Estado dos ricos apenas reforce a cruzada por Marco Aurélio e todas as vítimas da violência policial.

Deixado para morrer

Em carta aberta, publicada em maio, a médica Silvia Prado, mãe de Marco Aurélio anotava:

Eu tinha um filho lindo, forte e feliz, que a Polícia Militar de São Paulo assassinou covardemente, no 20/11//2024, estando ele sem camiseta, desarmado na frente de uma grade sem poder correr e foi deixado quase morrer esperando um auxílio que demorou tanto, tanto tempo a chegar e o mais irônico na frente de um hospital no centro da Vila Mariana.

A versão inicial dos PMs era de que o disparo fatal foi uma reação à tentativa do estudante de tomar a arma de um deles. Como narra Silvia, e confirmam as gravações do hotel onde tudo aconteceu, mais uma vez a polícia usou o velho discurso do confronto para justificar uma execução.

Em depoimento igualmente emocionante, o médico Julio César Navarro, pai do jovem, escreveu:

Marco Aurélio, quando chegue ao final dos meus dias, e fique triste por ter que me despedir dos seres queridos e de vocês, ficarei triste, chorarei sim, mas depois sorrirei, porque saberei que por fim poderei te abraçar!

Tarcísio tem as mães sujas de sangue. Fora Derrite!

Entre 2023 e 2024, a letalidade policial cresceu 65% no estado de São Paulo. Apesar dos casos seguirem acontecendo, o governo não mostra sinais de que pretende mudar a rota genocida.

O cinismo é tanto que o secretário de Insegurança Pública foi lançado como pré-candidato ao Senado em 2026. Analistas apontam que, caso Tarcísio concorra à presidência da República, Derrite pode ser a opção do bolsonarismo ao governo de São Paulo.

Esses fatos revelam o que sempre esteve por trás de toda a busca por publicidade que caracteriza a gestão do ex-policial. Nunca foi para tornar a vida do povo trabalhador mais segura. Sempre se tratou de trocar mortes por votos.

Ainda mais agora, é fundamental fortalecer a luta para demitir imediatamente Derrite. Não podemos mais aceitar que os assassinos da juventude sejam premiados em nosso país.

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