Agronegócio ataca cientista renomada
Em apoio a Luciana Gatti, vários cientistas e ambientalistas lançaram uma “Moção de Apoio e Solidariedade” à cientista
Uma recente declaração realizada pela coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), Luciana Gatti, desencadeou uma onda de indignação no agronegócio. Durante uma entrevista à Globonews, em 15 de setembro, a cientista responsabilizou diretamente o setor pelos incêndios que devastam o país.
O agro reagiu com sua costumeira truculência, esbanjando negacionismo científico. O Secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, classificou as declarações como “nefastas e criminosas”, acusando Gatti de fazer militância política. “É uma tentativa de criminalizar um setor que é a mola propulsora de nossa economia”, afirmou. Além disso, enviou um ofício à Ministra Luciana Santos, do Ministério das Ciências e Tecnologia (MCTI), pedindo explicações sobre tais declarações. Trata-se de uma acusação injuriosa e de uma evidente tentativa de intimidação que não pode ficar sem a devida resposta. Luciana Gatti é uma das mais experientes cientistas do Brasil, com grande reconhecimento nacional e internacional, se destacando particularmente em pesquisas relacionadas ao aumento de emissões de carbono na Amazônia. A cientista apenas disse a verdade: o maior responsável pela destruição dos nossos biomas é o agronegócio, cuja frente de expansão avança pela Amazônia, o Cerrado e o Pantanal. Tudo isso é facilmente confirmado por imagens de satélites.
Em apoio a Luciana Gatti, vários cientistas e ambientalistas lançaram uma “Moção de Apoio e Solidariedade” à cientista. O documento critica a investida do agro contra ela e explica: “Como sempre, esse setor do agronegócio e seus porta-vozes políticos valem-se da velha tática de imputar às vítimas e aos acusadores a autoria dos próprios crimes”.
A moção ainda conclama que “os cidadãos brasileiros e de todo o mundo precisam dar um basta a um modelo econômico que não produz alimentos, mas commodities agrícolas infestadas de agrotóxicos proibidos nos países que os fabricam e que estão cada vez mais envenenando o povo brasileiro. Precisamos de uma lei proibindo totalmente o uso de fogo na agropecuária brasileira. Precisamos dar um basta à destruição da natureza, de que somos todos dependentes e parte integrante. Não podemos mais tolerar uma atividade eivada de crimes, mas patrocinada por parcelas majoritárias do Poder Legislativo e altamente subsidiada pelos nossos impostos através de financiamentos públicos e incentivos e isenções fiscais. É preciso escolher, aqui e agora, entre a impunidade e a salvaguarda de nosso presente e de nosso futuro”.
Para assinar a moção basta acessar aqui