Argentina: Como votamos para enfrentar o próximo ataque?
Sérgio Massa “virou o jogo” contra o prognóstico de todas as pesquisas. Ante o estancamento de Javier Milei (“A Liberdade Avança”) e o retrocesso de Patrícia Bullrich (“Juntos pela Mudança”), a coligação “União pela Pátria” aumentou cerca de 3 milhões de votos, o que fez com que saísse na frente no primeiro turno das eleições presidenciais da Argentina

O povo argentino tem que escolher entre dois projetos patronais, submissos ao FMI, que só prometem mais padecimentos para o povo trabalhador.
O que mudou?
Uma parte daqueles que se abstiveram ou votaram em branco nas Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO), agora, foi votar. E, em geral, votou em Massa. As PASO foram marcadas por uma “onda” de rejeição à “União pela Pátria” (UP) e ao “Juntos pela Mudança” (JxC, na sigla em espanhol). Mas, o primeiro turno das eleições foi marcado por uma “contra onda”, que enfrentou Milei, possibilitou a vitória de Massa e, também, “pulverizou” a JxC, coligação de Patrícia Bullrich.
Este fenômeno se deu por uma combinação de fatos. Em primeiro lugar, o próprio Milei, que nunca escondeu seu programa e objetivos antioperários e contrários aos mais elementares direitos democráticos. Em segundo lugar, o peronismo soube destacar os aspectos mais reacionários desse discurso.
Junto a isso, um setor majoritário da grande patronal e do imperialismo se “jogou” por Bullrich e atacou Milei, com medo que um governo seu tentasse enfrentar subitamente o conjunto da classe operária e do povo.
Os trabalhadores argentinos, apesar das traições do peronismo e da burocracia sindical, não estão derrotados. Um ataque muito rápido e brutal pode desencadear uma reação difícil de controlar. O “Argentinaço” de 2001 ainda está na memória.
E agora?
Veremos se a “contra onda” de rejeição a Milei se mantém e se aprofunda, ou não. Em qualquer circunstância, o seu projeto é macabro, incluindo a reivindicação da ditadura militar e das piores receitas econômicas, copiadas dos governos que mais causaram prejuízos ao povo trabalhador.
Um projeto de retrocesso das conquistas democráticas, como o direito de lutar, de aborto, de Educação Sexual Integral etc.
Muitos votaram nele para enfrentar a “casta”, os políticos e sindicalistas. Contudo, querem trocar uma casta por outra: Milei é um admirador da casta militar, funcionário dos grandes empresários.
A maioria da classe trabalhadora, por sua vez, está optando por votar em Massa, para que Milei ou “a direita” não vençam as eleições. Vão fazer isso sem nenhuma confiança em Massa. Todos sabem que Massa é homem ligado a Washington e ao FMI. É um agente deles.
Massa e Milei não são a mesma coisa, têm projetos diferentes, mas nenhum é favorável aos trabalhadores.
Com todo respeito, dizemos que Massa não é saída. Ele pagará a dívida externa ao FMI, vai retirar direitos e não vai combater a inflação. Ou seja, continuaremos perdendo salário e vendo piorar as condições de trabalho, apesar de medidas como as que tomou nos últimos meses, parciais e insuficientes, como parte da campanha eleitoral. Com Massa continuaremos ladeira abaixo. Com ele, os dirigentes patronais que os usurpam continuarão à frente dos sindicatos.
Lamentavelmente, votar nele é apoiar e fortalecer um futuro governo que só trará mais penúrias. Massa continuará com um projeto submisso ao FMI, que elevou a inflação e aumentou a pobreza. Ele já falou de Reforma Trabalhista e prometeu perseguição às lutas. Por isso, é mentira que votar em Massa serve para “enfrentar a direita”, porque o próprio Massa é um dirigente de direita.
Para enfrentar a direita, os socialistas revolucionários devem estar nas ruas, junto às centenas de milhares de trabalhadores e jovens peronistas, como fizemos em 2001, ou contra Macri, nas mobilizações de 2017.
Não votamos em nenhum deles
Por isso, chamamos a não votar, votar em branco ou anular o voto. Para enfrentar Milei, bem como rejeitar Massa. Porque sendo diferentes, são ambos patronais e responsáveis pela catástrofe em que nosso país está.
Insistiremos que a única saída para o país é uma revolução socialista, um governo dos trabalhadores e do povo. No dia seguinte às eleições, ganhe quem ganhar, estaremos juntos nas fábricas e nas ruas, nas universidades e escolas, em cada bairro, enfrentando, juntos, os planos de fome que o FMI e seus políticos nos impõem, mais além de suas diferenças.
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