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Artigo na Folha de São Paulo: Fora todos eles

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Artigo publicado na Folha de S. Paulo em 08/04/2016

O vice-presidente Michel Temer, que pode ser incluído em inquérito da Lava Jato no Supremo, e o PMDB, que tem diversos políticos filiados sendo investigados por corrupção, são tão responsáveis quanto o PT pelos ataques feitos por este governo aos direitos dos trabalhadores.
A turma do PSDB, por sua vez, posa de defensora da moral e dos bons costumes quando todos sabem de casos de corrupção no governo de FHC, do escândalo da merenda em São Paulo e das denúncias que pesam sobre Aécio Neves.
Nem PT, PSDB ou PMDB estão preocupados com os problemas que atormentam a vida do povo: desemprego, inflação, corte de direitos, caos na saúde, na educação, no transporte e na moradia e a violência contra negros e pobres.
O PT governa para bancos, empreiteiras e multinacionais, assim como o PSDB. Ambos brigam para administrar o país hoje, mas estão unidos na hora de sacrificar os trabalhadores para atender aos interesses das grandes empresas.
Não devemos defender nem um nem outro. É preciso colocar para fora todos eles e convocar eleições gerais, já! Trocar todo mundo. Precisamos de uma greve geral que ponha fim às demissões, ao corte de direitos sociais, ao ajuste fiscal e ponha os corruptos e corruptores na cadeia, expropriando seus bens.
Não estamos diante de uma ameaça de golpe no país, como alardeia o PT. A classe operária e o povo pobre deste país querem colocar para fora o governo Dilma o quanto antes, pois o elegeu e foi traído por ele. É absolutamente justo o rechaço à alternativa que o vice Michel Temer representa, mas nem por isso podemos defender o “Fica, Dilma”. Temos de colocar para fora todos eles. Por isso o impeachment não é a solução. Só trocaria Dilma por Temer – seis por meia dúzia.
Não faz sentido criticar o ajuste fiscal do governo e, ao mesmo tempo, defender o “Fica, Dilma” alegando a defesa da democracia, como fazem, por exemplo, a direção do PSOL e a do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto).
Ora, a democracia já está sendo atacada pelo governo petista quando sanciona a chamada Lei Antiterrorismo. E o ajuste fiscal é a cara deste governo. Defender sua continuidade é ser cúmplice com o que este governo está fazendo contra os trabalhadores. É preciso romper com o governismo e vir para a luta contra ele e contra o PSDB.
As mudanças que o país precisa não virão com nossa participação em atos convocados pelo PSDB, pela Fiesp ou pela Rede Globo para tirar Dilma e colocar Temer ou apoiar Aécio. Nem tampouco virá de manifestações para defender o “Fica, Dilma”. Nada disso nos representa.
Os trabalhadores precisam tomar a frente da luta para tirar todos eles do poder: Dilma, Temer, Cunha, Renan Calheiros, Aécio e este Congresso Nacional inteiro. Devemos exigir eleições gerais já e com novas regras: sem financiamento privado de campanha, tempo de televisão igual para todos os partidos, revogabilidade de mandatos e salários dos políticos iguais ao de uma professora ou ao de um operário.
Mas é preciso dizer que este país só vai mudar de verdade quando tiver um governo dos trabalhadores. A verdadeira mudança não virá das eleições. Os trabalhadores precisam lutar por um governo seu, um governo socialista, sem patrões e sem corruptos, baseado em conselhos populares, que se apoie nas lutas da classe trabalhadora e do povo pobre para mudar o país.
José Maria de Almeida, 58, metalúrgico, é presidente nacional do PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado. Foi candidato à Presidência da República pelo partido em 2014
Artigo publicado na Folha de S. Paulo em 08/04/2016.
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