ARTIGO | O imperialismo e a xenofobia da revista ‘The Economist’
O portal de uma das principais revistas do Reino Unido foi obrigado a substituir o título de uma matéria em que abordava a produtividade dos trabalhadores e trabalhadoras latino-americanos, na última sexta-feira, dia 9. O título, agora, é “Por que os trabalhadores latino-americanos são tão notavelmente improdutivos?”. E, por mais absurdo que já seja, foi colocado para substituir o original, ainda mais asqueroso (“Uma terra de trabalhadores inúteis”), depois de uma onda de protestos e indignação nas redes sociais.
Sinceramente, daria pra falar um monte sobre a publicação porta-voz da burguesia britânica. Contudo, basta fazer um “perfil do DNA” da revista pra saber de onde vem o ataque, não por acaso num momento de crise do sistema capitalista.
A revista The Economist ecoa o som das chibatas e os gritos nos porões dos navios negreiros; carrega rios de sangues derramados com o auxílio de pseudocientistas que propagaram teses como a da eugenia (superioridade racial); está impregnado pelas dores dos trabalhadores e trabalhadoras (inclusive crianças) que deram suor e sangue para que a Inglaterra capitaneasse as duas revoluções industriais e, evidentemente, ainda sonha em retomar o poder que o Império Britânico tinha quando dominava uma enorme parcela do mundo, a custas da exploração sem limites, guerras, falcatruas financeiras e corrupção de governos lacaios.
Emenda tão nefasta quanto o soneto
Diante do repúdio e justas acusação de xenofobia, os editores alteraram o título, sem, contudo, mudar nada em relação ao conteúdo, acrescentando uma introdução que fala muito tanto sobre os interesses da burguesia britânica quanto sua hipocrisia, que mal encobrem o desejo em aumentar a superexploração para amenizar os efeitos da crise econômica detonada em 2008.
“Mudamos [o título] para deixar claro que estamos analisando os custos sociais e econômicos da baixa produtividade. Nosso objetivo é chamar a atenção para as causas estruturais da baixa produtividade média do trabalho nos países latino-americanos, incluindo poderosos oligopólios que silenciam a concorrência e um grande setor informal que obriga muitas empresas a permanecerem na subescala”, escreveram os editores do “The Economist”.
Ou seja, em última instância, “culpam” a própria classe trabalhadora pela verdadeira barbárie social que já corre solta nos países latino-americanos (assim como na África, Ásia e, inclusive, nos bolsões de imigrantes e refugiados nas potências imperialistas). Além disso, “se esquecem” que os tais oligopólios são, em sua quase totalidade, formados por empresas imperialistas que sufocam e estrangulam os mercados nacionais.
E, se não bastasse, uma dos principais porta-vozes do neoliberalismo, das contrarreformas trabalhistas e no sistema previdenciário, da terceirização e da precarização, além da defesa de cortes em áreas sociais, ousa “denunciar” os problemas acarretados pela existência de um “grande setor informal” em nossos países.
Enfim, hipocrisia pouca é bobagem. Mas, tenho certeza, um dia, mais cedo ou mais tarde, os trabalhadores e trabalhadoras do mundo inteiro, a começar pelos que sofreram com o Colonialismo e Imperialismo, darão o troco, virando o jogo, e varrendo estes inúteis da face da Terra.