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As crises ambientais, o impacto das privatizações e interesses de classe nas políticas públicas

Adriano Espíndola, de Uberaba (MG)

24 de maio de 2024
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Catástrofe no Sul expõe a ganância criminosa dos capitalistas e seus governos | Foto: Agência Brasil

A privatização de serviços públicos é um tema que gera muitos debates, principalmente em momentos de crise, quando a eficiência e o acesso a esses serviços são ainda mais importantes. Através deste pequeno texto busco demonstrar como as privatizações podem precarizar serviços essenciais e como os interesses empresariais influenciam as políticas públicas, muitas vezes em detrimento das necessidades populares, inclusive, em momentos de tragédias ambientais, como a que vivemos atualmente no Rio Grande do Sul.

O impacto das privatizações

Quando empresas privadas assumem o controle de serviços essenciais, como água, energia e transporte, o foco principal passa a ser o lucro, e não o bem-estar da população. Isso pode levar a uma queda na qualidade dos serviços, com menos investimentos em infraestrutura e piora no atendimento. Além disso, regiões menos lucrativas, como áreas rurais e comunidades de baixa renda, podem ficar esquecidas, aumentando ainda mais as desigualdades sociais e econômicas.

Outro problema é que as privatizações podem fazer com que as tarifas e os custos dos serviços aumentem, já que as empresas querem maximizar seus ganhos. Isso torna esses serviços básicos inacessíveis para muita gente, especialmente durante crises econômicas. E o pior é que o controle público sobre esses preços e sobre a gestão dos serviços diminui, ficando mais difícil garantir tarifas justas para todos.

Os trabalhadores também são prejudicados com as privatizações. Para reduzir custos, as empresas privadas muitas vezes cortam direitos trabalhistas, baixam salários, tiram benefícios e terceirizam a mão de obra. Além disso, demissões em massa são comuns, o que piora o desemprego e a instabilidade econômica, principalmente em tempos difíceis.

Em momentos de crise, como desastres supostamente naturais ou pandemias, os serviços privatizados podem ter mais dificuldade para responder de forma rápida e eficiente. Isso acontece porque falta investimento em infraestrutura e porque o lucro é sempre a prioridade. E o mais contraditório é que, nessas horas, as empresas privatizadas geralmente precisam de ajuda e dinheiro do governo para continuar funcionando, jogando o peso financeiro de volta para o Estado e para os contribuintes.

Interesses dos ricos

Os interesses das grandes empresas e dos grupos empresariais também têm um papel importante nas políticas públicas. Os grandes empresários, os banqueiros e o agronegócio usam seu poder e influência para pressionar os políticos e governos, sejam esses de direita como Bolsonaro, Leite, Tarcísio, Zema, entre outros, seja pretensamente de esquerda, como os governos do PT e seus satélites, como o PCdoB e até mesmo o PSOL (Lula, governadores ditos progressistas, etc.), a moldarem as leis de acordo com seus interesses, o que não raramente é feito prejudicando as necessidades da maioria população, ou seja, dos de baixo, do povo pobre que vive de sua força de trabalho.

Uma das formas que os ricos fazem isso é através do lobby e do financiamento de campanhas eleitorais dos grandes partidos. As empresas investem dinheiro para eleger políticos, ainda que indiretamente, por meio de seus proprietários, que defendam seus interesses, mesmo que isso vá contra o interesse da maioria. Outra prática comum é a das “portas giratórias”, quando executivos de empresas assumem cargos públicos e vice-versa, o que deixa bem claro a serviço de quem estão os governos na sociedade capitalista.

Os interesses patronais, que é na verdade o interesse dos grandes patrões, também pressionam por menos regulação, dizendo que isso melhora a eficiência e o crescimento econômico. Mas o que acontece, na verdade, é uma precarização das condições de trabalho, mais danos ao meio ambiente e menos proteção para os consumidores. E quando se trata de privatizar serviços públicos, as empresas usam o argumento de que o setor privado é mais eficiente, mas como já vimos, as privatizações pioram a qualidade dos serviços e aumentam as desigualdades sociais.

As políticas sociais também são afetadas pelos interesses empresariais. Muitas vezes, os investimentos em áreas como saúde, educação e assistência social são reduzidos para favorecer o setor privado. E as políticas públicas acabam sendo voltadas principalmente para o crescimento econômico, deixando de lado o desenvolvimento social e a sustentabilidade ambiental. Isso beneficia setores como o agronegócio e a indústria, mas prejudica aos trabalhadores, as comunidades locais e o meio ambiente.

Aqui no Brasil, temos exemplos claros disso. O agronegócio, ao mesmo tempo que sonega direitos trabalhistas, tem uma influência enorme nas políticas ambientais, resultando em desmatamento e degradação da natureza, degradação esta que, por exemplo, é a grande responsável pela tragédia que abate o Rio Grande do Sul neste momento. Os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais são frequentemente ignorados em favor dos interesses do agronegócio. Outro exemplo é a indústria farmacêutica, que pressiona por políticas de saúde que mantêm os preços dos remédios altos e dificultam o acesso a tratamentos essenciais.

Diante disso, o que fazer?

Vivemos numa sociedade dividida em classes sociais, numa sociedade capitalista, no qual o Estado – e portanto, os governos que chefiam a presidência da República, os estados e os municípios, sejam de direita, centro ou esquerda – está a serviço dos lucros dos verdadeiramente ricos: os grandes empresários, os banqueiros, o latifúndio (atualmente chamado de agronegócio).

É preciso organizar, portanto, a resistência aos interesses empresariais através dos sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais e ambientalistas e organizações da sociedade civil. Esses grupos têm um papel fundamental na luta pelos direitos dos trabalhadores e das comunidades afetadas.

No entanto, para que se dê de forma consciente, essa luta deve ser feita denunciando todos os políticos, partidos e governos que se rendem aos interesses dos patrões, construindo, a partir da luta, um polo de resistência, luta essa que deve ser combinada com a luta contra o sistema responsável por essa exploração, falo do capitalismo.

Somente assim, é possível fazer avançar a consciência de classe, inclusive, sobre a necessidade da luta pela revolução socialista e construção e fortalecimento de uma alternativa revolucionária.

Quer saber mais? Converse com o PSTU e seus militantes sobre o assunto. Veja em nosso site, os nossos contatos.

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