Internacional

Ataque a comboio humanitário reafirma caráter nazifascista do Estado de Israel

Forças de Israel atraem palestinos famintos e, numa armadilha, disparam contra civis desarmados, matando pelo menos 122 pessoas e ferindo 760

Redação

1 de março de 2024
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Imagens de drones mostram palestinos fugindo de disparos realizados por forças israelenses

Se havia alguma dúvida ou polêmica sobre o caráter nazifascista do Estado de Israel e a sua prática de extermínio em massa da população palestina, as cenas que chocaram o mundo nesta quinta-feira, 29, colocam uma pá de cal nessa discussão.

Cenas gravadas por um drone das próprias IDF (Forças de Defesa de Israel, o nome hipócrita que se autointitulam as Forças Armadas do Estado sionista), revelam uma multidão de palestinos aglomerada em torno a caminhões que distribuíam ração a uma população faminta devido ao bloqueio imposto por Israel que já durava um mês. De repente, essa multidão se dispersa de forma desesperada, fugindo de disparos das forças sionistas. 

Enquanto fechávamos este texto, já haviam sido confirmadas 122 mortes, e pelo menos 760 feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Aparentemente, disparados por soldados e tanques de guerra que escoltavam os veículos. A primeira versão das autoridades israelenses dava conta que os próprios palestinos se pisotearam, alguns ainda morrendo sufocados ou esmagados. As cenas dos corpos e feridos por balas forçaram Israel a reconhecer que atiraram, mas “para o alto” e nas pernas de algumas pessoas para que não se aproximassem dos caminhões, matando “só” 10 palestinos.

Cenas dos mortos e feridos, além do depoimento do chefe de enfermagem do hospital al-Shifa, porém, revelam que todos os ferimentos dos pacientes atendidos na unidade decorreram por tiros e artilharia de tanque. 

 

Uma jornalista palestina, e várias organizações, denunciaram o que seria, na verdade, uma armadilha arquitetada pelas forças do Estado de Israel para provocar uma aglomeração sob a justificativa de distribuir comida, servindo-se da condição falimentar dos palestinos, para assassinar o maior número de pessoas possíveis de uma só vez. O relato ainda faz uma comparação com práticas de extermínio judeu no Holocausto, quando as vítimas eram enganadas para entrarem nas câmaras de gás sem resistência.

Fato é que as cenas desta quinta-feira representam, até agora, as imagens mais dramáticas e reveladoras do plano de extermínio da população palestina pelo Estado sionista. Um projeto iniciado com a Nakba há 75 anos, e que agora adquire um caráter de “solução final”. Antes mesmo desse ataque de quinta-feira, a população já corria risco de vida devido à falta de comida provocada pelo bloqueio israelense. “A deterioração do estado nutricional que se produziu na população em Gaza em 4 meses não tem precedentes em nenhuma outra população a nível mundial”, chegou a declarar a Unicef.

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, após as malfadadas tentativas de justificar o morticínio, declarou que a ação do Exército foi “excelente”. “Deve ser dado apoio total aos nossos heroicos combatentes que operam em Gaza, que agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los”, escreveu no X, antigo Twitter. O ministro do governo Netanyahu ainda defendeu o fim de qualquer ajuda humanitária à população de Gaza. 

Postagem do ministro Itamar Ben-Gvir

Isolamento internacional

O que já vem sendo chamado de “Massacre da Farinha” ampliou o isolamento do governo de Netanyahu. Líderes como o presidente Emmanuel Macron chegaram a expressar “profunda indignação” com o caso, sem, contudo citar ou responsabilizar os causadores dessa matança. O presidente Biden, que fornece grande parte do armamento que mata palestinos, exigiu “explicações”. Declarações que refletem não só uma desaprovação da radicalização da política de extermínio perpetrada pelo Estado de Israel, mas, principalmente, expressam a pressão interna que vêm sofrendo com um ódio crescente da opinião pública contra Israel. Mesmo com a maior parte da mídia tratando o massacre desta quinta como “incidente” ou, como no caso do G1 no Brasil, uma “confusão”.

Para o Grupo Globo, assassinato foi “confusão”

O presidente da Colômbia chegou a tachar de “genocídio que recorda o Holocausto” e anunciou a suspensão da compra de armas isralenses. “Saudamos a tardia mas importantíssima decisão de Gustavo Petro de suspender a compra de armamento de Israel, esperamos a expulsão da embaixada e a ruptura de todos os pactos econômicos e militares”, declarou o PST, partido irmão do PSTU, filiado à LIT-QI.

Situação parecida ocorre no Brasil, onde o presidente Lula, acertadamente, denunciou o genocídio praticado por Israel, mas mantém o embaixador no país e não tocou nas relações diplomáticas, comerciais e, inclusive, militares com esse Estado terrorista. 

Já foram assassinados até agora mais de 40 mil palestinos, sendo 15.120 bebês e crianças e 9.300 mulheres, segundo o Monitor Euromediterrâneo de Direitos Humanos.

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Reforçar a luta contra o genocídio

Acima, manifestação realizada pelo Comitê de Solidariedade à luta do povo palestino de BH 

O Massacre da Farinha reafirma a necessidade de se fortalecer a luta contra o genocídio e em defesa do povo Palestino, principalmente agora, num momento em que as vidas de 1,5 milhão de pessoas em Gaza sofrem perigo iminente. Protestos vem ocorrendo por praticamente todo o mundo, inclusive nos EUA, onde um jovem militar se auto-imolou em frente à embaixada israelense contra o genocídio. 

É necessário exigir um cessar-fogo imediato, a retirada das tropas das áreas ocupadas e pressionar os governos para que rompam todas as relações com o Estado nazifascista de Israel.

No próximo dia 2 de março ocorre o Dia de Ação Global por Gaza. Em São Paulo, acontece na Praça Oswaldo Cruz, às 14h.