Ato em São Paulo condena golpe na Guiné-Bissau
No domingo, 30 de novembro, cerca de 100 pessoas se reuniram na região central de São Paulo para protestar contra o golpe militar na Guiné-Bissau. A manifestação foi composta majoritariamente por integrantes da comunidade guineense, mas também contou com a presença de angolanos, senegaleses e brasileiros solidários à luta do povo guineense.
Ao longo do ato, diversos discursos emocionados marcaram a atividade, em sua maioria em crioulo, língua franca da população guineense. As falas exigiram a divulgação dos resultados eleitorais, a punição dos golpistas e denunciaram os “marmiteiros” considerados oportunistas ligados ao regime, acusados de tentar se beneficiar politicamente em meio à crise. Diversos manifestantes afirmavam também que não se poderia depositar esperanças na União Africana, agora presidida por João Lourenço, ditador angolano.
Bacar, militante da UPRG Cassacá 64, seção simpatizante da LIT-QI na Guiné-Bissau, foi um dos organizadores do protesto. Pedindo licença para falar em português, que definiu como “língua do colonialismo”, explicou que o fazia para dialogar também com os brasileiros presentes, saudou a solidariedade recebida e exigiu a libertação imediata de todos os presos políticos. Relembrou a unidade entre as lutas dos diferentes povos ali presentes, que tiveram que lutar pela sua independência e no Brasil pela sua democracia, e que é fundamental a luta igualdade e justiça social para todos os povos.

A CSP-Conlutas participou do ato e declarou apoio à luta da comunidade guineense. Em sua intervenção, Cleber Rabelo, dirigente da central, relembrou a mobilização de senegaleses em São Paulo contra o assassinato de um trabalhador pela polícia e ressaltou a necessidade de enfrentar a opressão, a exploração e a xenofobia no Brasil, defendendo o apoio ativo da classe trabalhadora brasileira à classe trabalhadora guineense.
Também esteve presente o PSTU, representado por Israel Luz, que reafirmou a solidariedade ao povo da Guiné-Bissau. Em sua fala, Israel cobrou que o governo brasileiro condene o golpe de forma concreta, criticou as declarações “vazias”, afirmou que Umaro Sissoco Embaló, conhecido como Bolsonaro africano, deve, assim como o ex presidente brasileiro, ser punido por seus crimes; além disso, ressaltou a importância da defesa das liberdades democráticas e da organização independente da classe trabalhadora na Guiné-Bissau contra o golpe e contra os exploradores do imperialismo português e francês.
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O ato em São Paulo se somou às manifestações internacionais em solidariedade ao povo guineense, reforçando que a luta contra o golpe na Guiné-Bissau está diretamente ligada ao combate ao racismo, à xenofobia, à exploração e à ingerência imperialista em todo o continente africano. A presença de diferentes nacionalidades e organizações de trabalhadores expressou a disposição de construir a solidariedade ativa e de manter as mobilizações até que sejam aplicados os verdadeiros resultados eleitorais e os responsáveis pelo golpe sejam punidos.