BH: Nosso Carnaval é de alegria, folia, protesto e luta!
Tradicional bloco "Então, Brilha" leva a solidariedade à luta do povo palestino, protesto e reivindicações da classe trabalhadora à avenida
Tal como nos últimos 15 anos, o Carnaval de Belo Horizonte só começa oficialmente quando o bloco “Então, brilha” desfila. São quatro e meia da manhã no sábado de Carnaval e a atmosfera é indescritível! Aos poucos, os foliões começam a chegar dos vários cantos, são moradores da região metropolitana, do interior de Minas, de outros estados e até de outros países.
Ao passo que o sol começa a dar as caras, e o dia começa a brilhar, centenas de milhares se aglomeram na avenida. Alguns chegam em dourado e rosa, as cores do Brilha, como o bloco é conhecido carinhosamente, por uma multidão de Entãobrilhenses, outros improvisam fantasias. Como já é tradição, alguns chegam com lama pelo corpo em protesto contra os crimes da Samarco/Vale em Mariana, e da Vale em Brumadinho. Outros com fantasias pelo Fora Zema e contra o prefeito de BH, Fuad Noman, e pela prisão de Bolsonaro.
Às 5h30, quando o toque da bateria invade o ambiente, é impossível ficar impassível, uma combinação única de protesto, Carnaval, luta e folia envolve instantaneamente a todos. A energia, a eletricidade percorrem de maneira arrebatadora a multidão, e quase sem perceber os foliões dançam, cantam, sorriem, choram de emoção, gritam, protestam, cada um à sua maneira, ao mesmo tempo que são parte de um fenômeno massivo.
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Esse ano, as manifestações em solidariedade ao povo palestino fizeram com que toda essa atmosfera durante o desfile do “Então, brilha” fosse ainda mais intensa, mais inebriante.
Os esforços das dezenas de ativistas do Comitê Mineiro em Solidariedade ao Povo Palestino que inundaram o desfile com bandeiras, adesivos, estandartes, balões em defesa da luta do povo palestino, combinados aos importantes esforços do Brilha proporcionaram um momento inesquecível de protesto contra o genocídio que o sionismo israelense impõe ao povo palestino. Um momento particularmente emocionante foi o que Samuel Alves, professor de filosofia do CEFET-MG e integrante do Bloco “Então, Brilha” chamou a todos a se solidarizar com o povo palestino.
A luta em defesa da Palestina que começou de maneira explosiva no “Então, Brilha” seguirá durante todo o Carnaval nos desfiles dos 30 blocos que, assim como o Brilha, assinaram o Manifesto “Carnaval de BH é de resistência e solidariedade! Palestina livre, do Rio ao Mar”, em unidade com o Comitê Mineiro em Solidariedade ao Povo Palestino.
São poucos os momentos que trabalhadoras, trabalhadores, negras, negros, LGBTQI’s podem se divertir no capitalismo. Durante os quatro dias de Carnaval as ruas, as praças e avenidas são tomadas pela população. Por isso, não é menos importante que o Carnaval de BH, que ressurgiu em 2009-2010, combinando folia, alegria, emoção, protesto e luta, siga resistindo ao avanço da política de privatização do governo Zema.
É preciso resistir aos ataques e genocídio de Israel ao povo Palestino, é preciso resistir contra as privatizações de Zema, é preciso lutar contra o capitalismo, seus governos e bilionários. E é preciso também resistir às inúmeras tentativas de mercantilizar o Carnaval de BH.
Como diz o manifesto, no Carnaval de BH existem dezenas de blocos que reivindicam sua história de ocupação do viaduto Santa Tereza feita pela Família de Rua com o Duelo de MC’s, do combate direto à prefeitura higienista, promovido pelo antigo Movimento Fora Lacerda, que originou a Praia da Estação. Blocos que reivindicam a luta por moradia de qualidade, por transporte público e mobilidade urbana e dos diversos movimentos sociais que atuam na cidade. São escolas de samba que ocupam a cidade há décadas, mas também novos Blocos Afro, periféricos, que saem às ruas contra o racismo e a intolerância. São blocos de luta contra as pressões machista, LGBTfóbica que reivindicam o direito de se viver e de ser como se é. Assim Baques que compartilham da cultura popular do Brasil e de blocos feitos por e para todas as idades e jeitos de ser gente.
Essa síntese emociona e por isso nos sentimos representados pelo manifesto quando diz: “Entendemos que no Carnaval “gente é pra brilhar, pra sorrir e estar viva!” – não somente em Belo Horizonte, mas em qualquer lugar do mundo! Movidos por esse compromisso com a vida e com a alegria, convidamos neste ano a nossa cidade a portar conosco a bandeira “Carnaval da Solidariedade e da Resistência: Palestina livre!”.
Assine aqui o abaixo-assinado pela ruptura das relações diplomáticas e comerciais do Brasil com Israel