Educação

Ceará: Professores da rede estadual se revoltam contra a direção burocrática e pelega do Sindicato

Redação

5 de abril de 2024
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O ginásio Aécio de Borba, em Fortaleza (CE), lotado com professores da rede estadual na assembleia que decidiria sobre a deflagração de greve | Foto: CSP-Conlutas

Acontece uma rebelião na base dos professores da rede estadual de ensino no Ceará contra a postura burocrática da direção do Sindicato da categoria (APEOC), que na assembleia realizada ontem (4/4) impediu a aprovação da greve e tentou impor a aceitação de uma proposta rebaixada negociada com o governador Elmano de Freitas (PT).

Os professores da rede estadual do Ceará estão em mobilização há alguns meses, mas o governador petista não atende a pauta de reivindicação, inclusive, chegou a suspender a mesa de negociação que foi reaberta semanas atrás, depois de muita pressão da categoria.

Reposição salarial acima da inflação; pagamento do retroativo do Piso do Magistério; equiparação dos salários dos professores temporários com o salário inicial de carreira dos efetivos; pagamento das gratificações em atraso estão entre as reivindicações dos professores. Essas são pautas se repetem em todos os Estados brasileiros, como consequência do processo de precarização da educação pública, que se ampliação com a manutenção do Novo Ensino Médio pelo governo Lula (PT). A luta dos professores do Ceará se soma à luta dos professores em São Paulo, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais e em outros Estados.

Burocracia sindical

Também se repete as ações burocráticas da maioria das direções dos sindicatos, ligadas principalmente ao PT e ao PCdoB, que agem para impedir o avanço das lutas e do enfretamento com os governos. Isso é mais forte em Estados em que esses partidos são governos, a exemplo do Ceará.

“A mobilização dos professores cearenses vem crescendo, o que obrigou o governo estadual a reabrir a mesa de negociação. Ao invés de avançar na luta, a direção do Sindicato fechou uma proposta rebaixada e quis enfiar goela abaixo dos professores na assembleia”, diz Luís Everardo, professor, ativista da oposição ‘CSP-Conlutas na base da Educação’ e militante do PSTU.

“Os professores foram para assembleia votar a rejeição da proposta rebaixada vindas do governo Elmano Freitas, do PT, e aprovar o início da greve. A categoria se revoltou contra a direção do sindicato, composta por militantes do PCdoB, PT e PSOL, após o presidente do sindicato manobrar para que não houvesse a votação sobre a deflagração da greve. A direção do sindicato já havia tornado público, dias antes, sua posição de aceitar o resultado da mesa de negociação com a Secretaria Estadual de Educação”, ressalta Everardo.

“Ao não pôr em votação e praticamente encerrar a campanha salarial, a categoria se revoltou, gritou palavras como ‘golpistas’, ‘traidores’, ‘covardes’ e tentou subir no palco para confrontar a diretoria. Houve agressão por parte dos seguranças contratados pela direção burocrática do sindicato. Ao sair do local da assembleia, a diretoria foi vaiada e atacada com cadeiras pelos professores”, completa.

Construir uma oposição classista e combativa

A mobilização segue por baixo, apesar da atitude burocrática da direção da APEOC. Várias escolas estão aprovando paralisação no próximo dia 8, com a realização de uma em frente ao Palácio da Abolição (sede do governo), às 8h.

“É preciso seguir a luta, mobilizar por baixo, organizar as escolas, independente do sindicato, que nesse momento presta um sujo serviço ao governo do Estado. Tenta salvar o governador do PT de uma terceira greve de servidores. A burocracia conseguiu fazer isso na campanha salarial dos trabalhadores do Detran e da universidade estadual. As burocracias sindicais fazem o mesmo jogo dos governos contra os trabalhadores , mas as bases trabalhistas resistem e luta contra para avançarem em seus direitos e conquistas”, pontua Everardo.

O ativista da oposição ‘CSP-Conlutas na base da Educação’ defende a construção de uma oposição combativa e chama os ativistas do Coletivo Travessia, da corrente Resistência (PSOL) a romperem com a direção da APEOC.

“Na assembleia, os militantes do Coletivo Travessia mudaram de posição e passaram a defender a greve junto com a gente. Isso foi importante. Mas é precisam que eles rompam com essa direção, não é possível seguir compondo uma diretoria com essa corja de burocratas e pelegos. A conclusão que se impõe é construir urgentemente uma oposição classista e combativa, que lute pela expulsão da diretoria traidora do nosso sindicato e reconquistar a APEOC para os trabalhadores”, finaliza.

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