Meio ambiente

COP 30: Evento foi marcado por promessas vazias e pelo avanço dos interesses do capital

Povos indígenas apontaram o caminho da resistência e da luta direta

PSTU-PA

3 de dezembro de 2025
star5 (1) visibility 0
Povos indígenas realizaram protestos na COP30, em Belém| Foto: RS/Fotos Públicas

A COP 30 transformou Belém no centro do debate climático mundial. Mas, para além dos discursos oficiais e da vitrine internacional, o que realmente ficou evidente é a distância crescente entre as promessas dos governos e a vida concreta dos povos da Amazônia, dos trabalhadores e das comunidades que enfrentam diariamente os impactos da crise climática, crise agravada pelo mesmo sistema que a COP se recusa a enfrentar: o capitalismo.

O governo Lula buscou apresentar o Brasil como referência ambiental, mas, enquanto discursava sobre sustentabilidade, avançava na liberação de novos agrotóxicos, na defesa da exploração de petróleo na foz do Amazonas e no apoio a obras como a BR-319 e o pacote de ferrovias e hidrovias voltadas ao agronegócio. A imagem “verde” apresentada em Belém contrasta com a prática de aprofundar a destruição ambiental e favorecer grandes grupos econômicos.

Também ficou claro que a COP 30 reforçou a lógica de cidade-espetáculo: investimentos bilionários em estruturas temporárias, espaços exclusivos para autoridades e corporações e uma narrativa de “revitalização” que não chega às periferias. Em Belém, as obras que correram para receber chefes de Estado não se traduziram em saneamento para as favelas, melhoria nos serviços públicos ou políticas reais para enfrentar as desigualdades históricas que atingem os povos amazônidas. O evento passou e a população continua lidando com enchentes, insegurança alimentar, falta de infraestrutura básica e aumento do custo de vida.

Enquanto isso, dentro da COP predominou o lobby das empresas de energia, mineração e agronegócio. São elas que lucram com a destruição e, paradoxalmente, orientam as “soluções de mercado” defendidas nas mesas de negociação. Créditos de carbono, compensações ambientais e metas voluntárias seguem sendo tratados como saídas viáveis, mesmo após décadas mostrando que apenas adiam decisões e permitem que os grandes emissores continuem operando como sempre.

Fora dos espaços oficiais, porém, emergiu outra COP: a COP do povo, da organização social, dos movimentos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, juventudes, trabalhadores urbanos e rurais. A Cúpula dos Povos mostrou que existe uma força real na luta popular, que denuncia o racismo ambiental, a violência contra defensores da floresta, a expulsão de comunidades tradicionais e a desigualdade que coloca mulheres negras entre os grupos mais expostos aos impactos da crise climática. Foi ali, longe dos salões climatizados, que se ouviram as propostas mais profundas e transformadoras. Isso poderia ter ido mais além, com enfrentamento direto à COP 30.

A Cúpula dos Povos não cumpriu um papel de contraponto à COP 30 devido as organizações governistas e burocráticas que controlavam o evento, que tinham como estratégia transformar o espaço que deveria ser de resistência em um apêndice do espaço oficial da Conferência Climática da ONU. Contudo, povos indígenas atropelaram a direção governista e protagonizaram enfretamentos, ocupação dos espaços oficiais e barricadas na entrada do espaço principal da COP 30, ganhando destaque na imprensa mundial e apontando o caminho da luta como saída.

O que ficou evidente em Belém é que não existe saída climática dentro das regras do capitalismo. Um sistema que depende do lucro infinito às custas da floresta, da água, do trabalho e da vida não pode oferecer soluções reais para a crise que ele mesmo produz. A COP 30, mais uma vez, serviu de vitrine, de teatro institucional e de balcão de negócios, enquanto os verdadeiros afetados continuam sendo ignorados.

O PSTU seguirá fazendo o que a COP não faz: denunciar os interesses que movem a destruição, dar voz aos povos e trabalhadores que resistem e fortalecer a perspectiva de que só uma transformação estrutural — anticapitalista, popular e socialista — pode enfrentar a crise climática com justiça e verdade.

Porque defender a Amazônia é defender vidas, territórios, culturas e o futuro. E isso não cabe nos limites desse sistema.

Leia também!

COP 30 foi mais uma vitória da indústria fóssil, enquanto humanidade caminha para a barbárie climática

WordPress Appliance - Powered by TurnKey Linux - Hosted & Maintained by PopSolutions Digtial Coop