Política

RJ: Crescimento do PIB não garante emprego na cidade do Rio

Capital fluminense vive ainda um grande aumento do trabalho informal

Sérgio Ribeiro, do Rio de Janeiro (RJ)

23 de junho de 2025
star2 (4) visibility 41
Carteiras de trabalho de candidatos a vagas de emprego tempor‡rio oferecidas pela Metalœrgica Aliana, em uma mesa do departamento pessoal da empresa.

O município do Rio de Janeiro vive há décadas um processo de desindustrialização absoluta, tendo como consequência a situação mais crítica entre as capitais do país no que diz respeito ao crescimento dos empregos formais. A situação só não é pior devido à indústria do petróleo.

O Rio de Janeiro é a segunda maior economia do Brasil, respondendo por 11,4% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, mas ainda assim amarga a sexta maior taxa de desemprego entre os estados brasileiros. Segundo dados mais recentes da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desocupação fluminense foi de 9,3% no primeiro trimestre de 2025, empatada com Sergipe e atrás apenas de Pernambuco (11,6%), Bahia (10,9%), Piauí (10,2%), Amazonas (10,1%) e Rio Grande do Norte (9,8%). Fazendo a comparação, a média nacional de desemprego no mesmo período ficou em 7%, a mais baixa já registrada pelo IBGE para o primeiro trimestre desde o início da série histórica, em 2012. Já Santa Catarina liderou com a menor taxa: 3%.

Outro dado que chama a atenção é o da informalidade, que alcançou 37,2% dos trabalhadores fluminenses no primeiro trimestre de 2025. Esse é o segundo maior índice entre os estados do Sudeste e Sul, ficando atrás apenas do Espírito Santo (37,5%), e muito acima da média de 25,3% registrada em Santa Catarina. Nacionalmente, a informalidade é de 38%, com picos como os 58,4% do Maranhão. Isso se reflete na Nota técnica da FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que mostra que o grosso do crescimento dos empregos na cidade do Rio está nos empregos informais e precarizados.

Diante desse quadro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) está avançando num processo de terceirização e parcerias com a iniciativa privada que precarizam os serviços prestados à população e os empregos dos trabalhadores do município, e beneficia os empresários da saúde, educação e transportes.

Paes vem buscando dar resposta à decadência econômica do Rio de Janeiro, “por meio do investimento no turismo, na revitalização econômica da região portuária e no estabelecimento de parcerias com o setor privado”, segundo suas próprias palavras. Ou seja, dando dinheiro público para a iniciativa privada. Recentemente, foram criadas a Companhia Carioca de Parcerias e Participações (CCPar), que fomenta parcerias público-privadas e a Invest.Rio, uma empresa de promoção e atração de investimentos da cidade. Um dos decretos de janeiro foi o estabelecimento do Programa Licenciamento Zero para facilitar as licenças a empresas.

Enquanto isso, a população segue entre o desalento e a informalidade, uma vez que os números do PIB não se refletem em empregos de qualidade e melhor distribuição de oportunidades. A situação de desemprego, alta dos preços dos alimentos e transportes e custos dos aluguéis têm contribuído fortemente para o aumento da população em situação de rua no município do Rio.

Enquanto isso medidas que poderiam, ao mesmo tempo, melhorar a vida da população e diminuir o desemprego estão muito longe de serem realizadas. Medidas como a remunicipalização dos serviços públicos que foram diretamente privatizados ou entregues à iniciativa privada, como a saúde; a abertura de concursos públicos (não apenas na esfera municipal, onde faltam professores e funcionários nas escolas, mas também na saúde municipal e federal); ou ainda o fim das terceirizações com a incorporação de todos os trabalhadores terceirizados e a abertura de concurso, e a utilização do dinheiro público exclusivamente para as empresas públicas, sem dar um centavo para a iniciativa privada.

Ou mesmo, para resolver o problema das pessoas em situação de rua e de baixa renda que pagam aluguel, medidas como a expropriação, sem indenização, dos imóveis abandonados e vazios. Sem falar na necessidade de suspender imediatamente o pagamento da dívida municipal e de fazer uma ampla auditoria dessa dívida.

WordPress Appliance - Powered by TurnKey Linux - Hosted & Maintained by PopSolutions Digtial Coop