RJ: Crescimento do PIB não garante emprego na cidade do Rio
Capital fluminense vive ainda um grande aumento do trabalho informal

O município do Rio de Janeiro vive há décadas um processo de desindustrialização absoluta, tendo como consequência a situação mais crítica entre as capitais do país no que diz respeito ao crescimento dos empregos formais. A situação só não é pior devido à indústria do petróleo.
O Rio de Janeiro é a segunda maior economia do Brasil, respondendo por 11,4% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, mas ainda assim amarga a sexta maior taxa de desemprego entre os estados brasileiros. Segundo dados mais recentes da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desocupação fluminense foi de 9,3% no primeiro trimestre de 2025, empatada com Sergipe e atrás apenas de Pernambuco (11,6%), Bahia (10,9%), Piauí (10,2%), Amazonas (10,1%) e Rio Grande do Norte (9,8%). Fazendo a comparação, a média nacional de desemprego no mesmo período ficou em 7%, a mais baixa já registrada pelo IBGE para o primeiro trimestre desde o início da série histórica, em 2012. Já Santa Catarina liderou com a menor taxa: 3%.
Outro dado que chama a atenção é o da informalidade, que alcançou 37,2% dos trabalhadores fluminenses no primeiro trimestre de 2025. Esse é o segundo maior índice entre os estados do Sudeste e Sul, ficando atrás apenas do Espírito Santo (37,5%), e muito acima da média de 25,3% registrada em Santa Catarina. Nacionalmente, a informalidade é de 38%, com picos como os 58,4% do Maranhão. Isso se reflete na Nota técnica da FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), que mostra que o grosso do crescimento dos empregos na cidade do Rio está nos empregos informais e precarizados.
Diante desse quadro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) está avançando num processo de terceirização e parcerias com a iniciativa privada que precarizam os serviços prestados à população e os empregos dos trabalhadores do município, e beneficia os empresários da saúde, educação e transportes.
Paes vem buscando dar resposta à decadência econômica do Rio de Janeiro, “por meio do investimento no turismo, na revitalização econômica da região portuária e no estabelecimento de parcerias com o setor privado”, segundo suas próprias palavras. Ou seja, dando dinheiro público para a iniciativa privada. Recentemente, foram criadas a Companhia Carioca de Parcerias e Participações (CCPar), que fomenta parcerias público-privadas e a Invest.Rio, uma empresa de promoção e atração de investimentos da cidade. Um dos decretos de janeiro foi o estabelecimento do Programa Licenciamento Zero para facilitar as licenças a empresas.
Enquanto isso, a população segue entre o desalento e a informalidade, uma vez que os números do PIB não se refletem em empregos de qualidade e melhor distribuição de oportunidades. A situação de desemprego, alta dos preços dos alimentos e transportes e custos dos aluguéis têm contribuído fortemente para o aumento da população em situação de rua no município do Rio.
Enquanto isso medidas que poderiam, ao mesmo tempo, melhorar a vida da população e diminuir o desemprego estão muito longe de serem realizadas. Medidas como a remunicipalização dos serviços públicos que foram diretamente privatizados ou entregues à iniciativa privada, como a saúde; a abertura de concursos públicos (não apenas na esfera municipal, onde faltam professores e funcionários nas escolas, mas também na saúde municipal e federal); ou ainda o fim das terceirizações com a incorporação de todos os trabalhadores terceirizados e a abertura de concurso, e a utilização do dinheiro público exclusivamente para as empresas públicas, sem dar um centavo para a iniciativa privada.
Ou mesmo, para resolver o problema das pessoas em situação de rua e de baixa renda que pagam aluguel, medidas como a expropriação, sem indenização, dos imóveis abandonados e vazios. Sem falar na necessidade de suspender imediatamente o pagamento da dívida municipal e de fazer uma ampla auditoria dessa dívida.