Dia 25 de junho foi dia de mobilização nacional por justiça para Matheus Menezes
Na última terça-feira, 25 de junho, completaram-se quatro meses do assassinato de Matheus Menezes, 21 anos. Familiares, amigos e vizinhos uniram forças com movimentos sociais, como o Brasilândia Nossas Vidas Importam, CSP-Conlutas, Rebeldia e Os 9 que perdemos, para marcar a data com um protesto nas redes sociais.
A iniciativa também teve o objetivo de cobrar que o policial responsável vá a júri popular. Como revelou a Ponte Jornalismo, no dia 7 de junho o Ministério Público Estadual de São Paulo se manifestou pelo envio à Justiça Militar com a inacreditável justificativa de que o agente agiu sem intenção de matar.
Fuzil no pescoço
Em fevereiro, o jovem negro e um amigo andavam de moto próximo a um baile funk na rua Cláudio Ghirelli, na Brasilândia. Era o começo da manhã de domingo e havia uma operação policial na área.
O tenente responsável, Gabriel Montoro Dantas, atacou de surpresa os dois rapazes para derrubá-los do veículo. Esse tipo de procedimento absurdo é bem conhecido por quem mora nas periferias da cidade. Desta vez, contudo, o resultado foi mais trágico.
Como se vê em filmagens feitas por uma câmera de segurança, o agente saiu de surpresa de trás de um poste e empurrou o fuzil contra Matheus. Perfurou seu pescoço, causando a morte do rapaz.
Quando sua mãe, ainda com a roupa do trabalho, chegou ao local onde agonizava, a polícia tentou impedir, de forma truculenta, o acesso ao jovem. Repetiu o que já havia feito com outros parentes que tentaram chegar a ele.
Quem era Matheus
O jovem Menezes, como era chamado por amigos, trabalhava com carteira assinada em uma empresa de ônibus na Zona Oeste e morava no Jd. Vista Alegre, na Brasilândia. Dividia a casa com a mãe, Valdirene Menezes, e com os avós. Sua moto foi presente do avô aposentado para fazer entregas e complementar a renda.
Era muito querido por todos. No dia do seu velório, dezenas de parentes, vizinhos e amigos, compareceram para prestar solidariedade. Mais gente ainda participou da homenagem feita a ele pelo sétimo dia de morte, quando aconteceu uma verdadeira manifestação na sua rua e em seguida no local onde o Estado lhe tirou a vida.
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Na ocasião a tia de Matheus, Aline Nathalia Souza, chegou a denunciar nas redes sociais a presença incomum de viaturas na área. Como não demorou a se comprovar pela própria conduta dos PMs e o fato de estarem fortemente armados, foram lá para intimidar quem chegava ao local. Tanto é que pessoas com camisetas com a foto do jovem eram questionadas para onde iam ao passar pela barreira policial.
Na Brasilândia, violência policial é regra
Matheus foi mais uma vítima da Polícia Militar do Governo Tarcísio (Republicanos). Desde 2023, vemos um aumento no número de mortes causadas por policiais com autorização pública do governador e do Secretário de Segurança, Guilherme Derrite.
Na região da Brasilândia, em particular, assistimos nos últimos tempos a episódios preocupantes. Além do caso aqui tratado, em maio policiais reprimiram uma manifestação estudantil contra o fechamento de salas de aula com extrema violência.
Sem contar fatos mais antigos, como a prisão irregular dos jovens Lucas Mirtzrael e de Samuel Mohamed. Ambos foram condenados por um crime que não cometeram e já estão há mais de um ano presos.
Todas essas histórias levam uma única conclusão: isso que os governantes e a mídia chamam de segurança pública é, na verdade, uma guerra racista aos pobres. As polícias e o Judiciário costumam tratar quem mora nas periferias como gente perigosa, que deve ser controlada na marra.
Essa política de medo permanente revela, contudo, que o pavor dos poderosos é enorme. O que eles temem? A nossa organização para lutar contra as injustiças do sistema. Também por esse motivo a manifestação virtual foi importante, ao mostrar que não baixaremos a cabeça até termos o mínimo de justiça para Matheus.
Com informações de Brasilândia Nossas Vidas Importam e Ponte Jornalismo