Juventude

Em defesa da permanência e por outro movimento estudantil na UERJ

Rebeldia-Uerj

23 de abril de 2024
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Nas últimas semanas, diversos acontecimentos importantes de serem debatidos aconteceram na UERJ. Novamente, os auxílios e bolsas atrasaram, com pouca explicação ou transparência por parte da reitoria sobre o que estava acontecendo. Além disso, as BAVS (Bolsa Auxílio Vulnerabilidade Social) estão sendo ameaçada, já que apenas prevê uma duração máxima de dois anos, tempo completamente insuficiente para qualquer estudante se formar, e depois dos 24 meses de receber os estudantes ficam sem a bolsa, enquanto a reitoria não dá nenhuma resposta sobre essa questão. Essa situação não se limita só aos estudantes, nessa mesma semana houve atrasos no pagamento dos professores substitutos e os técnicos estão, também, com seus auxílios ameaçados, por isso, inclusive, realizaram uma importante paralisação no dia 11 de abril.

A questão dos auxílios e bolsas para os estudantes têm um papel central na permanência. O processo do vestibular já é um filtro social e racial enorme, e, ainda, para quem consegue furar esse filtro, o desafio é permanecer. Todos os meses os estudantes têm passado por inseguranças referente ao pagamento. Todos os meses não se sabe se o auxílio cairá na data prevista, dificultando o pagamento de contas e, inclusive, a ida à própria UERJ. Não se sabe, também, se os auxílios estão ameaçados. Isso porque não existe uma política de transparência por parte da reitoria, apenas notas vazias que não explicam muita coisa. Diante disso, a nossa principal luta, nesse momento, enquanto estudantes da UERJ, é a luta pela permanência estudantil. Não só pela manutenção de todas as bolsas e auxílios, como pela ampliação do bandejão no Maracanã e criação de bandejões em todos os campis, a luta contra o pagamento dos 14,25 para estudantes bolsistas no bandejão, a luta pela contratação de professores, entre muitos outros. Achamos que, inclusive, a luta dos estudantes da UERJ também deve estar lado a lado com os servidores técnicos e docentes, contra todos os desmandos da política de Claudio Castro. Diante disso, queremos discutir nesta nota, nossas necessidades de avanço enquanto movimento estudantil para concretizar tudo isso.

Sobre o DCE e os últimos acontecimentos

O DCE (Diretório Central Estudantil) é gerido pela UJS (União da Juventude Socialista), PT (Partido dos Trabalhadores), Levante Popular da Juventude e Coletivo Marighella. Um DCE é, dentro de uma universidade, a entidade máxima de representação estudantil, eleito em eleições periódicas. A função de um DCE é organizar a luta dos estudantes dentro da universidade, estar à frente desses processos de luta. E, a função dos centros acadêmicos e diretórios acadêmicos é fazer isso dentro dos cursos. Infelizmente, isso não acontece há muito tempo na UERJ. Nos últimos anos, a tradição de organizar lutas dentro da universidade foi se perdendo, pois a política do DCE, de maneira geral, foi de canalizar todas demandas e indignações dos estudantes para respostas institucionais e burocráticas. Ou seja, as ações do DCE sempre foram no sentido de fazer reuniões a portas fechadas com a reitoria. Com o tempo, o DCE se transformou numa correia de transmissão da reitoria. Ora, não tem nenhum problema realizar reuniões com a reitora, mas isso sempre deve ser amparado pela luta dos estudantes por baixo, bem como não deve ser a única forma de atuação do DCE, que é responsável pela organização do movimento estudantil. Isso sem falar que, muitas vezes, a política das reitorias podem ir na contramão do interesse estudantil. Infelizmente, hoje, muitos estudantes pensam que não podem fazer nada para mudar sua realidade dentro do curso ou na universidade, e isso se dá por que a tradição de luta do movimento estudantil combatido, organizado e democrático foi ruindo dentro da UERJ.

No último dia 10 de abril, houve uma reunião com a PR4 sobre a questão dos auxílios juntamente com o DCE e os CA’s e DA’ s. Após a reunião, membros do DCE se dirigiram à ocupação que estava sendo realizada por um grupo de estudantes dentro da sala do DCE desde setembro de 2023 e acabaram tirando-os à força de lá. Diante desses fatos, nós repudiamos a ação do DCE, pois, ao invés de organizar a luta dos estudantes pelo imediato pagamento dos auxílios, acharam mais importante tirar os alunos a força da sala do DCE. Os métodos dos que tem que agir com a responsabilidade de ser a representação dos estudantes nunca podem ser a agressão física como forma de dirimir debates e disputas políticas, e essa atitude por parte das forças do DCE é mais um exemplo de como essa gestão está a contramão da situação e do que os estudantes realmente precisamos. Enquanto dezenas de estudantes estavam sem suas bolsas e auxílios, a prioridade dessa gestão do DCE foi ir e na base da porrada expulsar os estudantes da ocupação, algo inadmissível.

Quais são os métodos do movimento estudantil?

Dito isso, achamos importante também discutir nesta nota os métodos que devemos defender dentro do movimento estudantil. A ocupação do DCE começou em setembro de 2023. Nesse período, estava acontecendo uma luta importante pelo pagamento imediato dos auxílios, pois, novamente, todos auxílios e bolsas estavam em atraso. Novamente, a ação do DCE diante desse fato, foi escrever notas de repúdio no instagram, apenas se restringindo a isso. Por isso, a oposição ao DCE chamou diversas ações que foram extremamente importantes, como ato no Hall do Queijo e uma plenária estudantil geral, para fazermos um calendário de lutas em relação ao tema da permanência. Aqui, é importante lembrar que não ocorre uma assembleia geral chamada pelo DCE há mais de 4 anos dentro da UERJ. Esses espaços são extremamente importantes para que o movimento estudantil debata democraticamente suas pautas e delibere ações concretas.

Dessa forma, foi extremamente importante o chamado a plenária geral. Esse deve ser o caminho dentro da UERJ. Nesta assembleia, havia duas propostas de debates: um calendário de lutas ou a ocupação da sala do DCE. A proposta de ocupação da sala do DCE perdeu, mas, os proponentes resolveram ocupar a sala do DCE mesmo assim, rachando a própria plenária que tinha sido construída com muito esforço e militância dos diversos setores de oposição. Nós, também, não concordamos com esse método, pois, no final desrespeita a democracia existente na assembleia, passando por cima da vontade dos estudantes presentes em assembleia. Não se pode fazer movimento estudantil baseado na vontade de um grupo menor de estudantes. É por isso que, ao longo do tempo, a ocupação do DCE foi perdendo força e, no final, tinham poucos estudantes ocupando, pois acabou se isolando do restante do corpo estudantil. Muita gente, inclusive, não sabia da existência da ocupação. Não justificamos nem defendemos e repudiamos a ação violenta do DCE contra a ocupação, mas somos contra os métodos e a política dessa ocupação, entendendo que um movimento estudantil democrático e de luta não pode ser construído com os mesmos métodos burocráticos e autoritários que a gestão atual já utiliza.

Qual movimento estudantil defendemos?

Na nossa opinião, precisamos do movimento estudantil com mais gente participando, mais opiniões e mais espaços democráticos, que não tenha rabo preso com a reitoria, e dessa forma, possa levar a fundo e de maneira consequente a nossa luta dentro da universidade.Hoje, é o oposto do que acontece na UERJ! E o resultado disso são os constantes ataques aos nossos direitos, por isso, precisamos batalhar para que consigamos fortalecer um movimento estudantil democrático, independente da reitoria e de qualquer governo, combativo e que tenha espaço em que os estudantes possam colocar suas demandas e organizar suas lutas, como assembleias, fóruns, comitês. Um movimento estudantil que respeite as diferenças de opiniões, e que também se ampare pelas decisões da maioria. Achamos, também, que só nos fortaleceremos com a união entre o corpo estudantil, técnico e docente. O coletivo se coloca à disposição de tentar construir isso em defesa da UERJ, contra qualquer ataque aos nossos direitos ou contra qualquer ataque do governo genocida de Cláudio Castro!

  • Por uma mudança radical no movimento estudantil uerjiano! por uma assembleia estudantil já!
  • Pela continuidade de todas as bolsas e auxílios, avançando na sanção de uma lei de permanência estudantil que garanta os direitos conquistados!
  • Por um movimento estudantil democrático e de luta, independente da reitoria e de todos os governos!