Entre a crise política e o jogo dos coronéis: Qual a alternativa para a classe trabalhadora de Mariana?
Depois de 3 anos após as eleições municipais em Mariana, a Justiça se decidiu sobre o “probleminha” da contagem de prazo de sentença de Celso Cota (MDB) e o liberou para assumir a prefeitura, junto a seu vice-prefeito, Cristiano Vilas-Boas (PT).
Além dessa decisão, ainda correm, na mesma justiça burguesa, processos de improbidade administrativa contra os “garotos” e contra o coronel, pelo “mau” uso da máquina pública. Com toda essa instabilidade, a classe trabalhadora da cidade precisa tirar as conclusões corretas sobre a situação, para enfrentar os desafios colocados pela vida dura que enfrentamos no cotidiano.
Para se ter uma noção do problema pelo qual passa a cidade: No período de 6 mandatos, a cadeira do Executivo foi ocupada e desocupada por 16 vezes. Uma verdadeira dança das cadeiras, mas que povo trabalhador mesmo não se diverte. O caos reina em Mariana!
No meio dessa bagunça, da disputa de cargos e vantagens, os serviços básicos e essenciais para a população ficaram à deriva da crise política e dos diversos coronéis que tomam conta da cidade há anos. Não houve nenhum desenvolvimento concreto para a população. E quem sofre com isso somos nós trabalhadoras, trabalhadores e juventude que temos batalhado diariamente para sobreviver numa cidade rica, mas que oferece tão pouco para quem mora nela.
Só no ano passado, foram mais de R$ 570 milhões em arrecadação. Para onde vai esse dinheiro? Uma prestação de contas não consegue explicar. O que se sabe é que não vai para satisfazer as necessidades do povo pobre e trabalhador.
No meio do caos, um problema permanece: quem manda nessa cidade são as grandes empresas da mineração!
No meio de todo esse vendaval, algo permanece como está: a relação de dependência e de dominação frente às grandes empresas da mineração. Todos que estiveram na prefeitura administraram muito bem a cidade para os interesses dos acionistas dessas grandes corporações. Infelizmente não para os mineiros que trabalham na área, não para os trabalhadores de outros serviços, não para as pessoas atingidas, não para os moradores de Mariana de modo geral.
O modelo predatório de mineração segue deixando rastro de exploração e destruição e sem enfretamentos reais. A Samarco, sem reparar totalmente as pessoas atingidas pelo crime de 2015, anunciou um projeto de retomada total das atividades. E o fez com o apoio dos representantes da prefeitura na época.
A Vale não parou um dia sequer de sua produção, na época da pandemia, sendo a principal responsável pela circulação do vírus na região. E assim fez sem ser questionada pela prefeitura, que, inclusive, quando da repercussão dos números de casos, diluiu os dados na população geral para não deixar à mostra a realidade.
A Cedro já chegou aplaudida e com muitas parcerias com a prefeitura, com um projeto de minerar bem ao lado da Mina del Rei, local onde a mineração foi barrada por afetar diretamente a vida da população no entorno, além do risco para uma fonte de água importante na nossa cidade.
Há quem diga que Mariana depende da mineração. Nada mais ilusório e mentiroso. Além de ser a mineradora que depende de nós trabalhadores, já temos provas suficientes de que esse modelo predatório de mineração não serve ao presente nem para o futuro de nossa classe.
Quando a mineração estava no auge, no período de 2002 até 2008, foi muita riqueza que saiu daqui para os acionistas estrangeiros e, das migalhas que ficaram na região foram usadas para medidas eleitoreiras e não solução efetiva de nossos problemas. Vide os elefantes brancos que foram construídos na cidade, a estrutura da prefeitura fazendo aniversários, a cooperativa de leite, a falta de moradia popular…
Enquanto isso, o trânsito está caótico, a poeira se alastra, a falta de moradia se aprofunda ante a especulação imobiliária, o hospital privado ficou sem receber repasse do município, a água não chega nas casas, os caminhões-pipa correm a cidade o dia inteiro. A população quase dobrou de quantidade com os trabalhadores que vieram para trabalhar em temporada, mas, de novo, por conta da política de favores, por conta dessa dança das cadeiras, a cidade jamais se preparou para atender a sua população.
Por causa de tudo disso, a população tem reclamado e lutado, mostrando que não está satisfeita com essa dura realidade. Não faltam exemplos de mobilizações das comunidades na batalha por seus direitos mais elementares.
Defender um projeto de cidade para os trabalhadores e povo pobre!
Não podemos aceitar tudo isso como sendo normal. Precisamos de uma mudança real nessa política da cidade, sem jogos, sem coronéis, sem corrupção.
Queremos moradia digna, com obras públicas, para geração de empregos e construção de casas populares, para atender as famílias de baixa renda e acabar com a especulação imobiliária.
Queremos saúde e educação de qualidade e com valorização e pagamento do piso salarial dos profissionais dessas áreas, assim como de todo o serviço público.
Queremos água de qualidade em nossas casas e que os trabalhadores do SAAE junto à população tenham o controle dessa autarquia para livrá-la das amarras da política de favores.
Queremos diversidade econômica para oportunizar outras potencialidades da nossa região e romper com a dependência da indústria predatória da mineração.
Queremos controle sobre a riqueza e o orçamento municipal por parte da população de Mariana através de Conselhos Populares democráticos atuantes e representativos.
Assim se constrói a mudança real e efetiva em Mariana. E isso não será feito por nenhum político ou partido aliado às grandes mineradoras, viciados na prática de corrupção dos coronéis.
É preciso construir uma alternativa socialista, revolucionária e independente!
Conheça o PSTU Mariana!
Só quem pode garantir a luta em torno dessa pauta de reivindicação é a classe trabalhadora organizada e mobilizada, independente e consciente de suas tarefas. E para cada uma dessas batalhas é muito importante se organizar em sindicatos, associações de bairro, movimento estudantil e de combate as opressões.
Além disso e mais fundamental, é que a classe trabalhadora precisa organizar-se politicamente. Construir um partido não apenas para disputar as eleições e cargos no parlamento, mas para organizar a luta a todo momento pelas demandas mais urgentes do povo e, junto com isso, lutar pela superação dessa sociedade marcada pela opressão e exploração e, assim, construir uma sociedade justa, realmente democrática e igualitária, uma sociedade socialista.
O PSTU se propõe a ser essa ferramenta e esse partido. Venha conosco organizar nossos sonhos e lutas e contra a podridão da política tradicional em Mariana.