Esquerdogata: a face liberal da esquerda capitalista
Neste final de semana, um vídeo vazado de Aline Nardy Dutra, que tem um perfil público no Instagram chamado “Esquerdogata”, mostrava a moça humilhando um policial, numa abordagem em que ela dizia que o salário dele valia uma sandália que ela estava usando, entre outras falas racistas, elitistas e preconceituosas.
Aline, que se reivindica como “Esquerdogata”, pode até representar os ideais da dita “esquerda”, mas é uma esquerda da ordem, uma esquerda capitalista, e não a esquerda que realmente está comprometida com a revolução, que é a esquerda revolucionária.
Aline é mais uma dos influencers de “esquerda” que falam de um socialismo que os intelectuais pequeno-burgueses que se reivindicam “socialistas” gostam de ouvir, e menosprezam as pessoas pobres que votam na direita.
Ela, provavelmente, é uma daquelas que disseram “Eu avisei” quando Bolsonaro ganhou… E não quis dialogar com a classe trabalhadora.
A partir dessa discussão, surgiu uma fala de Sueli Carneiro que diz “entre esquerda e direita, eu continuo sendo negra”, e é compreensível que, quando se vê um homem negro sendo humilhado por alguém que se reivindica de esquerda, as pessoas pretas fiquem decepcionadas e propaguem esse discurso. É compreensível, mas não é o caminho, não é a saída para a opressão acabar.
E, realmente, essa esquerda capitalista que flerta com o pós-modernismo e o liberalismo, não tem mesmo condições de responder minimamente o tema das opressões, porque lhes falta algo muito importante que é o debate classista e materialista, que enxerga a sociedade sobre o prisma da opressão e da exploração.
A frase de Malcolm X que diz que “não há capitalismo, sem racismo”, denuncia o que precisamos dizer: enquanto o sistema capitalista for vigente, ele lucrará sobre as opressões da classe.
Há também uma esquerda que acredita no combate à exploração, sem estar combinado com o combate às opressões, e esse método também não é libertador, pois se estivermos libertos dos grilhões do capitalismo, e não estivermos soltos dos grilhões do machismo, do racismo… Não seremos plenamente livres.
Precisamos de um debate classista a respeito do que oprime a classe trabalhadora, e organizá-los para esse combate, juntos, para conquistar uma sociedade socialista, em que possamos viver plenamente.
Enquanto a esquerda da ordem continuar a fazer o debate com um viés puramente pós-moderno, ela nunca responderá aos problemas reais da sociedade.
Quem está comprometido com a construção de uma revolução socialista e internacional, precisa estar comprometido também com a luta pela libertação da classe de toda forma de exploração e opressão. Com esse compromisso, não há como reproduzir, nem que seja sob efeito de álcool, aquilo que não se defende como ideologia.
Para finalizar, fica uma citação de Rosa Luxemburgo, que, de maneira objetiva, traduz pelo quê os revolucionários lutam: “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes, e totalmente livres.”