Operários da Toyota de Indaiatuba resistem a fechamento da fábrica e avisam: “Se demitir 1 trabalhador, paramos”
Os metalúrgicos da montadora japonesa Toyota, em Indaiatuba, cidade do interior de São Paulo vizinha a Campinas, seguem resistindo à ameaça de fechamento da planta na cidade.
Em assembleia realizada nos dois turnos nesta segunda-feira, 25, os trabalhadores aprovaram um “comunicado de greve” diante da recusa da empresa em aceitar a reivindicação de estabilidade no emprego por 2 anos, com a fábrica funcionando. A proposta havia sido protocolada pelo sindicato da categoria, porém, a Toyota tentou chantagear os trabalhadores, indicando aceitar a estabilidade em troca do fechamento da fábrica e a abertura de um PDV (Programa de Demissão Voluntária). Os operários rechaçaram essa chantagem e reafirmaram a exigência de estabilidade com a permanência da fábrica na cidade, aprovando ainda que, caso 1 trabalhador seja demitido, todos entrarão automaticamente em greve. Também decidiram não realizar horas extras diante da atual situação.
“É um absurdo o que a Toyota está fazendo aqui, eles tiveram todo o tipo de subsídio e isenção, como desconto na conta de água, quem aqui teve desconto na conta de água? A prefeitura cedeu terrenos para a montadora, e quem não se lembra quando teve a redução do IPI? A gente saía moído da fábrica, a Toyota ganhou muito dinheiro em cima do nosso trabalho, e do dinheiro público, para enriquecer seus acionistas, e agora querem chegar e simplesmente dizer: ‘Valeu, estamos indo embora‘”?, indigna-se Frodo, funcionário da Toyota e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região.
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Além dos subsídios federais e municipais, recentemente, a montadora recebeu do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nada menos que R$ 1 bilhão em créditos do ICMS para a empresa investir no estado. Ou seja, o governo está financiando o fechamento da fábrica com dinheiro público e o consequente fim dos empregos.
O plano da empresa é transferir a fábrica de Indaiatuba para a cidade de Sorocaba, onde a média salarial é bastante inferior, assim como os direitos trabalhistas. Processo semelhante ao que ocorreu recentemente com a Honda, que se mudou de Sumaré para Itirapina, substituindo aos poucos os trabalhadores egressos da cidade vizinha por novos contratados, com salários e direitos muito mais rebaixados.
No Opinião Socialista 669
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Todo apoio aos trabalhadores da Toyota de Indaiatuba
A mobilização dos operários da Toyota se intensifica e vem ganhando o apoio de setores e categorias em todo o país, transformando-se numa verdadeira campanha contra o fechamento da planta e em defesa dos empregos. “Não estamos sozinhos nessa luta, estamos recebendo muitas moções, a CSP-Conlutas e seus sindicatos, assim como outras centrais, estão enviando moções, fazendo aumentar a pressão em cima da montadora“, informa ainda Frodo, que explica que a luta se estende também aos terceirizados da fábrica, que também serão afetados com o eventual encerramento das atividades da planta.
“É necessário ampliar essa mobilização e cercar de solidariedade a luta dos operários da Toyota, impedindo o fechamento da fábrica e qualquer demissão, e exigindo dos governos, que deram bilhões à multinacional, a manutenção da planta e de todos os empregos“, defende Atnágoras Lopes, da Direção Nacional da CSP-Conlutas e dirigente do PSTU, que esteve nas assembleias prestando solidariedade ativa aos trabalhadores.