Lutas

Indaiatuba (SP): Metalúrgicos da Toyota aprovam greve por tempo indeterminado

Negociações após anúncio de fechamento da fábrica não avançaram. É preciso cercar de solidariedade e apoio luta dos trabalhadores

CSP Conlutas, Central Sindical e Popular

11 de abril de 2024
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O Sindicato tem cobrado os governos federal, estadual e municipal para que se posicionem em defesa dos metalúrgicos | Foto: Sindmetal Campinas e Região

Em assembleia, nesta quarta-feira (10), os trabalhadores e trabalhadoras da Toyota de Indaiatuba (SP) aprovaram greve por tempo indeterminado. A decisão pela greve ocorre após as negociações entre o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e a montadora, que em março anunciou o fechamento da planta na cidade, chegarem a um impasse.

No dia 5 de março, a Toyota anunciou um investimento de R$ 11 bilhões até 2030 no Brasil, mas, ao mesmo tempo, informou que irá fechar a unidade de Indaiatuba, que possui cerca de 1.500 trabalhadores. O fechamento da unidade será feito para concentrar a produção na planta de Sorocaba e o plano é dar início à transferência das operações em 2025 e concluir em 2026.

No último dia 3, os trabalhadores realizaram uma paralisação de 24h.

A direção da montadora diz que todos os 1,5 mil funcionários terão a oportunidade de trabalhar em Sorocaba, cidade a cerca de 50 km de Indaiatuba. Contudo, como denunciou o Sindicato logo no início, na prática, as atitudes da empresa mostram que na verdade ela não quer essa movimentação.

Nas reuniões realizadas desde então, a empresa propôs ajuda de custo aos trabalhadores que saírem de Indaiatuba para Sorocaba e um “plus” para quem aceitar se mudar. E, por fora das negociações com o Sindicato, a Toyota apresentou por conta própria propostas de PDV (Programa de Demissão Voluntária) consideradas “ridículas”, nas palavras dos trabalhadores.

Segundo o Sindicato, uma demonstração de que a empresa pretende é impor sua proposta, com fechamento da planta.

Em reunião com a empresa, a entidade defendeu que é possível a permanência da fábrica em Indaiatuba e garantia de estabilidade aos trabalhadores até 2026. O Sindicato também tem cobrado os governos federal, estadual e municipal para que se posicionem em defesa dos metalúrgicos.

O diretor do Sindicato e ativista da CSP-Conlutas Fábio Silva Bezerra, conhecido como Frodo, questiona os argumentos da montadora para tentar justificar supostas dificuldades para manter a fábrica em Indaiatuba. Ele ressalta ainda que os trabalhadores da planta na cidade garantiram bilhões de reais em lucros à empresa, que, inclusive, bancaram a construção das plantas mais novas da empresa, em Sorocaba e Porto Feliz.

Em Indaiatuba, é produzido o Corolla sedã, modelo que detém 90% das vendas de sedãs médios no país. Da fabrica saem também as exportações para grande parte da América Latina.

“Além de não aceitar discutir alternativas para a permanência na cidade, a Toyota ainda quer impor um PDV rebaixado”, criticou.

O fechamento da fábrica representaria a perda de cerca de 4 mil empregos entre diretos e indiretos em Indaiatuba e região.

“A direção da empresa só está pensando em lucros, sem considerar a vida de milhares de trabalhadores e suas famílias”, disse. “A gente chama a solidariedade e apoio de todos os sindicatos, centrais e movimentos para fortalecer essa luta, para enfrentar a ganancia dessa multinacional que, como toda empresa, não pensa nos trabalhadores, nas suas famílias. A vitória dessa luta é de toda classe, pois vai fortalecer as lutas por empregos e direitos e contra os desmandos dos patrões”, concluiu Frodo.

A CSP-Conlutas se soma ao chamado para cerca de solidariedade e total apoio à luta dos metalúrgicos e metalúrgicas da Toyota de Indaiatuba.

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