Ir às ruas contra os ataques de Trump e pela soberania nacional

É preciso resistir e enfrentar, além das palavras, o ataque de Trump. Devemos repudiar a aplicação de sanções contra Alexandre de Moraes e demais chantagens sobre os ministros do STF. Devemos exigir de Lula a aplicação da reciprocidade em tudo o que beneficie o Brasil, além de proibir a remessa de lucros e dividendos das empresas dos EUA, bem como suspender o pagamento da dívida pública aos credores norte-americanos.
Neste mesmo sentido, é preciso quebrar as patentes dos medicamentos norte-americanos e defender a exploração nacional e estatal das terras raras, com compromisso em relação ao meio ambiente e com a defesa das terras indígenas e quilombolas.
Já as big techs (incluindo a rede de Trump) devem ser taxadas e regulamentadas, sendo obrigadas a respeitar as leis do Brasil e proibidas de interferirem no processo político e institucional do país.
A classe trabalhadora vem dando o exemplo, como as manifestações realizadas no dia 1º de agosto. É hora de intensificar essa mobilização, inclusive com unidade de ação com o governo e todos os setores que estejam dispostos a enfrentar o imperialismo, mas com independência de classe, sem aceitar qualquer ataque ou entrega de nossos recursos naturais.
E, no processo, exigindo a prisão de Bolsonaro na cadeia, como também d todos os golpistas e entreguistas, que tramam com Trump contra o Brasil.
Combater o imperialismo e não aceitar rebaixamento de direitos
A classe trabalhadora deve estar à frente da luta contra o ataque do imperialismo, em defesa da soberania e, também, por seus salários e empregos. O tarifaço de Trump visa aumentar ainda mais a espoliação e exploração do país, atingindo em cheio a classe.
Por outro lado, a burguesia nacional, covarde e entreguista, abaixa a cabeça para Trump e quer atacar os trabalhadores para proteger seus lucros e até se aproveitar da situação para avançar contra o que resta de direitos trabalhistas.
Não abrindo mão da unidade de ação para enfrentar o ataque imperialista de Trump, com todos os setores dispostos a isso (o que inclui até setores da burguesia), a classe trabalhadora deve se organizar e manter sua independência de classe frente aos governos e aos patrões. Não pode aceitar nenhuma demissão ou redução de direitos.
O agronegócio, que já conta, inclusive, com o bilionário Plano Safra, deve disponibilizar, a preço de custo, sua produção para o mercado interno, reduzindo a galopante inflação dos alimentos que corroí a renda do povo brasileiro.
Semicolônia
Querem tirar o que resta de soberania do Brasil
O Brasil sempre foi um país dominado. De colônia de Portugal, passou por um processo negociado de independência que, longe de construir um país realmente soberano, o manteve sob a sombra do então hegemônico imperialismo inglês. Com a ascensão do imperialismo norte-americano, o Brasil continuou subordinado. Agora, vem crescendo a influência do capital chinês, ainda que os EUA continuem mandando.
É uma dominação que se reflete não só nas trocas comerciais desiguais, mas na exploração direta dos monopólios transnacionais instalados aqui, que exploram a mão-de-obra barata dos trabalhadores brasileiros para remeterem seus lucros às matrizes lá fora.
Exemplos disto são a participação do capital estrangeiro nas empresas brasileiras (como a BlackRock, que tem participação na Embraer), a exploração de serviços públicos através de concessionárias ou, ainda, as Parcerias Público-Privadas (PPPs). E, também, os juros da dívida pública, pagos aos banqueiros e megafundos de investimento.
Em quase todos os setores da economia, o imperialismo (o norte-americano e o europeu, em menor grau, assim como a China, que vem crescendo) domina o Brasil. É um processo de recolonização que vem avançando nas últimas décadas. Mesmo assim, ainda temos uma relativa autonomia, com instituições relativamente independentes do imperialismo, o que, vez ou outra, desata algumas contradições, como estamos vendo agora, com o ataque de Trump.
A política do imperialismo norte-americano é justamente acabar com o que resta de soberania, fazendo o país regredir à condição de colônia, sem nem mesmo termos o direito de eleger o presidente, ou sob quais leis se submeterão as big techs. Por isso, a importância da luta contra o ataque de Trump e do imperialismo e o necessário rechaço à sua ingerência sobre a política e o judiciário.
Brasil não pode ser quintal de ninguém
A saída para essa luta, porém, não pode ser a troca da subordinação aos EUA pela submissão à China ou qualquer outro imperialismo. Não existe um “capital do bem”. Os interesses da China sobre o Brasil não são para desenvolver o país, num ambiente amistoso de uma cooperação igualitária, como faz parecer boa parte da esquerda. O exemplo da África já deveria servir para mostrar como a China explora de forma voraz os países que estão sob sua influência.
O embate do ascendente imperialismo chinês com o imperialismo norte-americano em decadência não torna Pequim mais progressivo. Pelo contrário, a China, assim como os EUA, quer impor um novo patamar de exploração e espoliação sobre o Brasil. O que estamos vendo é uma competição interimperialista pela hegemonia do capitalismo mundial.
Uma verdadeira soberania, porém, só virá quando os trabalhadores derrubarem esse regime e o Estado burguês e construírem um outro tipo de Estado, governado pela própria classe trabalhadora e o povo oprimido. Uma sociedade socialista.
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