Internacional

Israel interrompe a trégua e intensifica sua ofensiva genocida

Daniel Sugasti

2 de dezembro de 2023
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O cessar-fogo acordado entre Israel e o Hamas, com mediação do Qatar, Egito e Estados Unidos, chegou ao fim. O Estado sionista retomou, com maior intensidade do que antes, os bombardeios indiscriminados na Faixa de Gaza, onde o sistema de saúde relata que pelo menos 200 pessoas morreram na sexta-feira e outras 600 ficaram feridas.

Mais de 400 ataques aéreos, de norte a sul, castigaram os habitantes da Faixa de Gaza, a maior prisão ao ar livre do mundo. A Meia Lua Palestina denuncia que os sionistas proibiram a entrada de ajuda humanitária pela passagem de Rafah “até novo aviso”.

Netanyahu declarou que as negociações estão em um “ponto morto” e retirou seus negociadores do Qatar. Ele reafirmou, além disso, seu “compromisso” com três objetivos: “libertar os reféns, eliminar o Hamas e garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça para os residentes de Israel“. No entanto, a delicada questão dos prisioneiros israelenses nas mãos do Hamas e de outras milícias palestinas continua sendo um fator de crise interna. As famílias acusam o governo de indiferença e negligência. De fato, os intensos bombardeios sionistas custaram a vida de muitos israelenses detidos em Gaza.

Por sua vez, o Hamas declarou: “O que não conseguiram antes do cessar-fogo, não conseguirão depois dele“. Cerca de cinquenta projéteis foram lançados de Gaza em direção ao centro e sul de Israel, mostrando que o Hamas mantém certa capacidade militar. Essa questão também gerou controvérsias dentro de Israel. A crise interna, por outro lado, foi avivada pela reportagem do New York Times que revelou que as autoridades e serviços de inteligência israelenses conheciam os planos de um ataque em grande escala vindo de Gaza há mais de um ano. No entanto, esses relatórios foram ignorados. Não é exagero dizer que Netanyahu e seu gabinete, repleto de elementos extremistas, estão apostando todo o seu destino político na ofensiva contra os palestinos.

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O cessar-fogo permitiu a troca de 105 israelenses nas mãos do Hamas por 240 mulheres e menores de idade presos em prisões de Israel. Além disso, o acordo incluía a entrada de 200 caminhões de ajuda humanitária por dia, incluindo combustível, um aspecto que, segundo o Hamas, não foi cumprido integralmente.

Os Estados Unidos, evidentemente, atribuíram o fim do cessar-fogo ao Hamas. No entanto, é possível notar a crise nas declarações do secretário de Estado, Antony Blinken, que advertiu, com certo tom de reprimenda, que é “imprescindível que Israel aja de acordo com as leis humanitárias internacionais e as leis da guerra” e acrescentou que “não pode ser repetido” no sul as “perdas massivas de vidas civis” nem o “deslocamento em grande escala” que ocorreu no norte. O governo de Biden, pressionado pelas críticas domésticas que atingem até mesmo setores do partido democrata, tenta incorporar o elemento “humanitário” em suas declarações, sem que isso signifique algum obstáculo real para a ofensiva genocida de Israel.

Até 24 de novembro, mais de 15.000 pessoas, incluindo mais de 6.150 crianças e cerca de 4.000 mulheres, haviam morrido em Gaza. Quase metade dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa foi forçada a deixar suas casas e fugir para o sul.

O cessar-fogo, aceito de forma forçada por parte de Israel, foi um alívio passageiro para os palestinos. Como alertamos, a ofensiva israelense foi retomada com intensidade redobrada. A única alternativa para o povo palestino, em unidade com os demais povos árabes, é a derrota político-militar do Estado sionista. Enquanto existir esse Estado extremista, não haverá paz nem na Palestina nem na região. O governo sionista busca o controle direto de Gaza como parte de um plano de exterminar os palestinos, rotulados como “animais humanos”.

A limpeza étnica, cada vez mais próxima de se tornar uma “solução final”, continuará. Por isso, é fundamental não dar trégua na campanha e nas mobilizações contra o genocídio em Gaza. É necessário defender a visão de uma Palestina única, secular, democrática e não racista, uma bandeira que, por sua vez, pressupõe a destruição, o completo desmantelamento, do Estado sionista de Israel.

Publicado no Portal da LIT-QI

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