MG: Chega de violência e feminicídios! Justiça por Clara!

Clara tinha 21 anos e todo um futuro pela frente, mas sua vida foi brutalmente interrompida por um feminicídio bárbaro. Atraída por seus assassinos, com a promessa de receber o dinheiro de uma dívida, a jovem foi asfixiada até a morte e seu corpo concretado no quintal de uma casa no Bairro de Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. Há ainda a suspeita de vilipêndio à cadáver.
Clara conhecia seus assassinos, pois já haviam trabalhado juntos. Relatos apontam que ela havia sido anteriormente assediada por um dos acusados, o qual teria ficado com muita raiva ao saber que ela estava num relacionamento. Além disso, a aproximação de um dos acusados com ideologias de extrema direita, o que havia sido criticado por Clara, levanta questões sobre como discursos de ódio e a naturalização da violência podem estar ligados a atos tão cruéis.
Violência machista e omissão do Estado
O feminicídio de Clara não foi um caso isolado: foi a culminação de uma cultura que objetifica, subjuga e violenta as mulheres, tratando-as como inferiores e descartáveis. Seu assassinato mostra a face mais bruta do machismo: a morte de mulheres com requintes de crueldade.
Também expõe a falha do Estado e dos governos em proteger nossas vidas com toda a insuficiência de políticas públicas eficazes de combate à violência de gênero. A cada hora, 13 mulheres são agredidas e a cada 6 horas uma mulher morre por feminicídio no país. Em Minas Gerais, 161 feminicídios consumados e 248 tentativas foram registrados em 2024, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública.
A total ausência de campanhas educativas que combatam o machismo e a violência, enquanto, setores conservadores e de direita continuam a se opor à inclusão de conteúdos que promovam a igualdade de gênero e o respeito à diversidade nos currículos escolares, perpetuam uma cultura que naturaliza a violência contra as mulheres e contribuem para a perpetuação desses crimes.
Não por acaso, em Belo Horizonte e região metropolitana, as notícias de feminicídio aparecem todos os dias estampadas nos jornais, são mulheres como Kéia Oliveira, de 33 anos, assassinada pelo ex-marido em seu local de trabalho; ou meninas, como Ana Luíza Gomes, de 12 anos, que foi assassinada e deixada na calçada; ou a garota Stefany Vitória, de 13 anos, encontrada morta em um matagal.
Enquanto o governador Romeu Zema (NOVO) vetou verbas para a concessão de auxílio transitório para vítimas de violência doméstica e inclusão produtiva de mulheres em situações de vulnerabilidade social; em nível federal, o governo Lula tampouco tem politicas para mudar essas realidade, o Ministério das Mulheres executou menos de ¼ do seu orçamento e o Ministério da Justiça não destinou um centavo sequer para ações de combate à violência às mulheres. Isso mostra o total descaso dos governos proteger nossas vidas.
A morte de Clara não é apenas responsabilidade de seus assassinos. É também resultado de um sistema que falha em educar, prevenir e proteger. Quantas mais precisarão morrer para que o Estado e a sociedade acordem para a urgência de políticas que garantam a segurança e a dignidade das mulheres?

Manifestação exige justiça por Clara
Justiça por Clara!
O caso de Clara gerou comoção e revolta em Belo Horizonte e em todo o país. No sábado, 15 de março, centenas de pessoas se reuniram na capital mineira para protestar contra o feminicídio e exigir justiça. A manifestação, organizada por movimentos sociais, familiares e amigos de Clara, contou com a presença de diversas entidades, incluindo o PSTU, que se solidariza com a dor da família e dos amigos de Clara e se somou ao coro de vozes que clamam por punição aos culpados e por medidas efetivas de proteção às mulheres, pois não podemos mais aceitar que crimes como esse se tornem rotina em nossas vidas.
Carregando cartazes com frases como “Justiça por Clara”, “Chega de feminicídio” e “Nem uma a menos”, manifestantes ecoavam um sentimento que tem se espalhado por todo o Brasil: a necessidade de combater a violência de gênero de forma incisiva e urgente. A morte de Clara não pode ser em vão. Ela deve servir como um impulso para seguirmos na luta por mudanças estruturais que garantam a segurança e o respeito às mulheres. Por justiça por Clara e por todas as mulheres trabalhadoras que sofrem com a violência, a opressão e a desigualdade. Enquanto os assassinos de Clara não forem punidos e enquanto o machismo continuar a ceifar vidas, não podemos nos calar.
Clara, que era uma jovem trabalhadora, dedicada e com um futuro pela frente, teve sua vida brutalmente interrompida por dois homens com os quais ela havia trabalhado. O que mais nos indigna é que esse crime, que envolveu premeditação e crueldade, é apenas mais um exemplo da violência que recai sobre as mulheres, especialmente as mulheres pobres, negras e periféricas. A classe trabalhadora sofre diariamente com a falta de segurança, a violência doméstica e a exploração sem fim. Basta!
Chega de violência e feminicídio!
Punição aos agressores!
Justiça por Clara!