Missa na Sé relembra vida dos 9 jovens mortos pela polícia nos seis anos do Massacre de Paraisópolis
Nesta terça-feira, 2, ocorre o lançamento de relatório sobre o massacre no Baile da DZ7, na Zona Sul de São Paulo
Na data em que se completam seis anos do Massacre de Paraisópolis, neste 1º de dezembro, mães, familiares e amigos dos nove jovens que foram assassinados pela Polícia Militar se reuniram numa missa na Catedral da Sé, no centro de São Paulo, para celebrar a memória de seus entes brutalmente arrancados pelas forças de segurança do Estado e, sobretudo, exigir justiça. Familiares vieram da Bahia pela primeira vez participar do movimento por justiça aos 9 de Paraisópolis.
A Catedral que já foi palco de importantes atos contra a Ditadura Militar denunciou, nesta segunda-feira, um Estado de Exceção que continua vigorando nas periferias, e ceifando vidas de jovens, sobretudo da juventude negra. As faixas e cartazes compuseram o altar que, mais que um ato religioso, foi um emocionante protesto contra o morticínio contra a população periférica. Cada jovem assassinado pela PM no Baile da DZ7 foi representado num estandarte.
Leia mais
Paraisópolis: Não foi acidente, foi chacina
“O Estado brasileiro, sobretudo aqui em São Paulo, que deveria proteger a população, ataca essa população”, afirmou o padre Antônio Naves, da Pastoral da Moradia e Favela, que celebrou a missa. Citando o massacre de mais de 500 anos perpetrado pelo Estado contra a população negra e os povos originários, Padre Antônio afirmou que “esse massacre continua até nos dias de hoje, quando não temos garantidos os direitos mínimos da vida”.

O nome de cada jovem assassinado pela polícia naquele fatídico 1º de dezembro de 2019 foi pronunciado no altar por Maria Cristina Quirino, do Movimento de Familiares das Vítimas do Massacre de Paraisópolis, sendo respondido, cada um, com um forte grito de “presente!”. Lágrimas e palavras-de-ordem se juntaram mostrando que a dor é proporcional à disposição das famílias de verem justiça sendo feita.
“A nossa luta não acaba aqui, muito pelo contrário, é apenas o começo, vamos seguir lutando e reforçando que nenhum dos jovens de Paraisópolis morreu pisoteado, foi uma ação arquitetada pela polícia, por 31 policiais covardes, que não queriam simplesmente acabar com o baile, queriam matar todos que estavam naquele local”, afirmou após a missa Maria Cristina Quirino, que perdeu seu filho Denys, de apenas 16 anos.
“É importante que a sociedade saiba que nenhum policial ali é inocente, direta ou indiretamente; só tem 12 no banco dos réus e a gente está lutando que eles paguem pelo crime que cometeram”, denunciou.
São seis anos de impunidade. Em março a Justiça deve decidir se os policiais irão a júri popular ou não.
Lançamento de relatório
Nesta terça-feira, 2, ocorre o lançamento do Relatório 2 do projeto “Os 9 que Perdemos”. “O Massacre no Baile da DZ7, Paraisópolis: Baile Funk, Operações Policiais e a Segregação Militarizada”, fruto de uma pesquisa do CAAF (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense) da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e o movimento “Os 9 que Perdemos” será apresentado a partir das 18h no Museu da Língua Portuguesa.
Ver essa foto no Instagram
A parceria entre pesquisadores da universidade e o movimento está sendo fundamental para embasar as denúncias contra os policiais que, deliberadamente, promoveram o massacre.
