SP: Movimentos sociais lançam campanha nacional pela demissão do Secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite

Neste sábado, 26 de abril, familiares de vítimas das polícias, movimentos sociais, sindicatos e partidos se reuniram no lançamento da campanha Fora Derrite.
A roda de conversa aconteceu na Central Sindical e Popular –Conlutas no centro da cidade de São Paulo. Com a adesão de movimentos de várias partes do estado e apoio de lutadores e personalidades do Paraná, Pará, Rio de Janeiro, coletivos antirracistas de Portugal, a iniciativa traz em seu manifesto um convite à reflexão.
“Quando um PM joga um homem indefeso da ponte na Zona Sul, ou quando invade um velório de mais uma pessoa morta pela PM, como em Bauru, a nossa segurança melhora? Será que com quase 1 milhão de presos no país, simplesmente encarcerar mais gente representa alguma saída? Nós que assinamos este manifesto acreditamos que não e que tem algo muito errado com a tal segurança ‘pública‘ “, diz o texto.
De fato, enquanto o governador é só elogios a Derrite, São Paulo bate recorde em feminicídios como aponta o manifesto. De acordo com levantamento do G1, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, há um aumento expressivo dos casos nos últimos três anos:
O chocante assassinato da estudante da USP Bruna Oliveira da Silva, 28 anos, em abril comprova tristemente que um problema tão elementar passa longe das prioridades do governo paulista.
O manifesto afirma ainda: “o genocídio do povo negro, indígena, periférico e trabalhador é uma política de Estado” e todos “os governos fazem parte dessa máquina de guerra, inclusive os do PT. O caso do estado da Bahia não deixa dúvidas quanto a isso… Por sua vez, o Governo Lula lamentavelmente tem permitido a militarização da segurança e tentado tapar o sol com a peneira com medidas de efeito no mínimo questionáveis“. A Proposta de Emenda Constitucional 18/2025, a PEC da Segurança Pública, apresentada neste mês pelo governo federal não deixa dúvida disso.
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O manifesto afirma ainda não haver “segurança para a maior parte de nós, mas sim uma guerra racista e de classe. Aliás, as polícias são bem treinadas para tocar o terror nas quebradas. Se você duvida, preste atenção às denúncias que familiares de vítimas fazem incansavelmente no país todo“. Em seguida, são mencionadas algumas das muitas vítimas das polícias de norte a sul do país.
Diante deste quadro, o texto finaliza chamando à “organização independente, unindo as organizações de bairro, os movimentos sociais, sindicatos, grupos de familiares. Esse é o caminho para conseguirmos mudar essa situação e defendermos nossas vidas“.
Coerente com essa ideia, a roda de conversa também foi o momento de apresentação do “Manual de sobrevivência na guerra dos de cima contra os de baixo: a nossa segurança pública feita nóis por nóis”, confeccionada pelo Luta Popular, Movimento de Familiares das Vítimas do Massacre em Paraisópolis, Comitê Brasilândia Nossas Vidas Importam e Apeoesp (Subsede Oeste-Lapa).
Trata-se de uma cartilha de autodefesa contra os abusos dos poderosos. Como se sabe, as próprias autoridades por vezes são as primeiras a desrespeitarem o tal Estado Democrático de Direito, uma ficção nos bairros populares. Casas são invadidas sem mandado, jovens negros tomam enquadro sem justificativa, bailes funk são dispersados à bala, sem falar nas mortes de inocentes e prisões forjadas.
Agora os materiais da campanha serão levados aos bairros populares, fábricas, escolas, ocupações, bailes funk e vários outros locais. Eles também podem ser acessados online. Haverá uma reunião no final de maio para avaliar o andamento das atividades e definir os próximos passos.