MS: Em Três Lagoas, PSTU avança em um programa para a Educação
PSTU – Três Lagoas (MS)
No último sábado, dia 18, o PSTU — Três Lagoas (MS) fez uma importante discussão sobre a realidade dos trabalhadores da educação. No debate, participaram trabalhadoras e trabalhadores da educação estadual e municipal, representantes de entidades que atuam na luta em defesa das pessoas com deficiência, moradoras e moradores da Ocupação São João, estudantes da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, e pré-candidatos do PSTU para prefeitura e câmara municipal.
Expressou-se uma grande indignação em relação às políticas adotadas pelos governos federal, estadual e municipal. As falas foram importantes contribuições para a construção de um programa revolucionário para a cidade, que o PSTU vai apresentar durante o período eleitoral.
“O evento foi uma iniciativa para ouvirmos as trabalhadoras e os trabalhadores em educação sobre os problemas mais sentidos nas escolas. Além disso, apresentamos alguns dados relativos à educação municipal e estadual para termos uma compreensão mais ampla da realidade que as famílias da classe trabalhadora enfrentam todos os dias”, destacou o Professor Vítor, pré-candidato a prefeito pelo PSTU
.”O país vem passando por um intenso processo de desindustrialização, privatização e precarização do trabalho. Enquanto os países imperialistas disputam entre si para ver quem vai ficar com a maior parte do mundo, a economia brasileira vem se tornando cada vez mais dependente das empresas estrangeiras. Indústrias nacionais, como a Embraer, uma das únicas indústrias nacionais de alta tecnologia, tem fechado portas e demitido centenas de operários e operárias”, completou Vítor.
Trabalho informal
O fechamento dos grandes parques industriais, combinado com o crescimento do agronegócio e uma enorme flexibilização das leis trabalhistas, tem levado milhares de pessoas ao trabalho informal. E o que isso tem a ver com a educação? Tudo.
Em um país que tem a sua renda dependente das exportações agrícolas e de minérios para abastecer as empresas de outros países, não é ‘lucrativo’ investir em educação e melhorar a situação da classe trabalhadora. Não faz sentido, de acordo com a lógica dos governos capitalistas, investir em ciência se o foco é importar tecnologia de países estrangeiros. Isso gera desvalorização do trabalho no Brasil e, principalmente, nas regiões dominadas pelo agronegócio, como a de Três Lagoas.
As reformas educacionais feitas nos últimos 30 anos serviram apenas para atender os interesses do mercado. A Reforma do Ensino Médio, por exemplo, veio para adequar os currículos a uma realidade marcada pelo trabalho informal, pela precarização e pelo desemprego. Isso ficou evidente nas falas das companheiras e companheiros que participaram do debate.
Em Três Lagoas não é diferente. Sob um falso discurso de que a nossa cidade é uma referência na educação, esconde-se problemas muito sentidos pelos trabalhadores nas escolas.
Hoje, as escolas em Três Lagoas são depósito de crianças, sem que haja uma política de melhoria na estrutura. Professores esgotados, burocratização do trabalho docente, assédio moral, adoecimento mental e os trabalhadores administrativos sem serem reconhecidos, sendo tratados como verdadeiros animais de carga, são a realidade da educação Municipal e Estadual. Além disso, foi apontado uma dependência das políticas adotadas nas escolas à necessidade de apresentar resultados nas avaliações externas. Isso gera uma grande pressão em cima das trabalhadoras e trabalhadores em educação e mascara o problema da evasão escolar.
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Alimentação escolar
Outra questão apontada na discussão foi a ausência de política para a alimentação escolar que estabeleça uma relação com a agricultura familiar, muito presente em nossa região. Na verdade, o interesse da prefeitura é justamente desapropriar as famílias que produzem comida saudável, como é o caso do Cinturão Verde, que corre o risco de serem desapropriadas do território que ocupam há mais de 40 anos.
A contradição é que em uma cidade tão rica como Três Lagoas (pelo menos é o que está sendo divulgado pela imprensa local), existem tantos problemas estruturais nas escolas. Para se ter uma ideia, até mesmo as folhas sulfite são controladas na escola, isso em uma cidade conhecida por ser a capital da produção de papel e celulose. A riqueza de Três Lagoas, muito propagandeada em períodos eleitorais, é produzida por nós, trabalhadores. No entanto, não sentimos nem o cheiro dessa riqueza, porque ela vai para as contas bancárias dos grandes empresários e dos senhores do eucalipto.
A luta dos trabalhadores administrativos da educação municipal, que se levantaram contra a desvalorização; as lutas dos moradores da Ocupação São João e do Cinturão Verde, que se enfrentaram com a política de despejo dos pobres, mostram o caminho. Precisamos nos organizar, todos nós, para exigir dos governos melhores condições de trabalho e de vida. A nossa organização deve ser a base para construirmos uma sociedade onde todos nós poderemos usufruir de fato da riqueza que produzimos. Pode até ser “fora de moda”, mas essa sociedade tem nome.
Ou lutamos pelo socialismo, ou continuaremos vivendo essa barbárie capitalista.
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