MS: O machismo mata mais uma mulher em Campo Grande
A jornalista Vanessa Ricarte, morreu na noite do dia 12 de fevereiro, após ser esfaqueada em casa pelo ex-noivo

A imprensa nacional deu destaque a mais um caso de violência machista ocorrido em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. No último dia 12, a jornalista e servidora pública Vanessa Ricarte, 42 anos, foi brutalmente assassinada em sua própria casa pelo ex-noivo, Caio Nascimento.
O PSTU de Mato Grosso do Sul manifesta a sua indignação e o seu repúdio a mais um caso de feminicídio, que demonstra o quanto a violência de gênero está enraizada na cultura da sociedade machista, que banaliza e muitas vezes culpabiliza a vítima.
E com Vanessa não foi diferente. Além de ter sido mais uma vítima de machismo por parte, inclusive, de um homem que a conhecia e que mantinha uma relação afetiva, ainda temos o fato de ela ter procurado a delegacia da mulher registando ocorrência contra seu ex-noivo e, inclusive, solicitado medida protetiva. Esta medida foi concedida, mas sem que tenha tido qualquer efeito para se evitar mais esse feminicídio, apesar do longo histórico do assassino em atos de violência contra mulheres, inclusive, contra sua própria mãe.
Vivemos em um país mergulhado numa profunda crise social que tem reflexos diretos na vida das mulheres. No Brasil, o número de feminicídios chegou a mais de 1.467 apenas no último ano, sendo que o Mato Grosso do Sul é o 4º estado que mais mata mulheres no Brasil. Na contramão da crueldade a qual as mulheres estão submetidas, os governos cortam verbas e investimentos em políticas públicas de combate à violência contra a mulher. A impunidade também é um fator determinante no aumento dos casos de violência contra a mulher.
Apesar dos avanços na Lei Maria da Penha, a mulher continua sendo vítima de repressão e violência e em muitos casos é assassinada, por causa da falta de investimento em políticas públicas, como medidas protetivas, por exemplo. E quando essas medidas são concedidas, muitas vezes o poder público chega atrasado demais, como foi o caso de Vanessa.
O fator decisivo nesses crimes é o machismo. Enquanto as mulheres forem vistas como propriedade do homem, esse quadro inaceitável vai se repetir todos os dias, no mundo inteiro.
Lutar e se defender da violência machista
O PSTU defende que as mulheres se organizem para lutar e se defender da violência machista. É necessário que as organizações sindicais e os movimentos sociais se mobilizem em solidariedade a esse setor de nossa classe que está no mundo do trabalho tanto quanto os homens, só que recebendo os piores salários, muitas vezes realizando o mesmo tipo de trabalho do homem.
A mulher jovem é a parte mais frágil dessa violência que ronda cotidianamente as mulheres. Parentes, colegas de escola, companheiros, todos acham que podem assediar essas jovens, seja oprimindo física e moralmente em casa, seja drogando, violentando e assassinando em casa e na rua.
A Lei Maria da Penha, uma iniciativa importante, continua com grandes limitações ao não dar garantias de segurança à mulher que faz a denúncia, exigindo que ela tenha que ficar à beira da morte para que a sua denúncia seja aceita. Por isso, o assassinato de Vanessa chama a atenção, porque é perceptível a fragilidade da atenção dada pelo Estado ao combate à violência contra as mulheres. Infelizmente, as estatísticas, as manchetes dos jornais e revistas deixam isso bem claro. A violência contra a mulher no Brasil é uma epidemia. Da mesma forma como os assassinatos de negros e negras na periferia e de pessoas LGBTIs.
A violência contra as mulheres continua sendo um problema muito sério no capitalismo: superando todas as fronteiras, não há lugar no mundo onde a violência contra as mulheres tenha sido eliminada. Não há lugar no mundo que se possa dizer que é seguro para as mulheres.
Por isso, o PSTU exige que o Estado tome medidas efetivas para que assassinatos como este não ocorram mais. Expressamos toda a nossa solidariedade à família de Vanessa Ricarte. Mas para, além disso, fazemos um chamado às mulheres da classe trabalhadora, oprimidas e exploradas a se somarem na luta contra a violência machista. Para isso, devemos nos organizar e exigir dos governos tanto a nível federal, estadual e municipal o investimento de políticas públicas de combate à violência contra a mulher, bem como a punição aos agressores.
Basta de machismo! Basta de violência contra a mulher!
Efetivação da lei contra o feminicídio! Nem uma a menos!