Lutas

Não ao fechamento da fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP)!

É inadmissível que, em meio ao anúncio de um investimento tão volumoso no país, a empresa feche uma fábrica na qual seria plenamente possível investir e dar continuidade às suas operações

Frodo, de Indaiatuba-SP

4 de abril de 2024
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Segue a luta pela manutenção da fábrica em Indaiatuba | Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região

Na esteira das demais montadoras que vêm anunciando investimentos no país, a Toyota oficializou, neste dia 5 de março, um investimento, na planta de Sorocaba, num total de R$ 11 bilhões até 2030, sendo os primeiros R$ 5 bilhões até 2026.

Tanto o anúncio oficial quanto a maioria das matérias publicadas na grande imprensa e a repercussão dos governos estadual e federal, param por aí. No entanto, há uma informação importante sendo deixada de lado: o fechamento da planta de Indaiatuba (SP). O anúncio foi um balde de água fria e um tapa na cara de todos e todas. Até agora, muitos têm a sensação de que isso se trata de uma piada de mau gosto. Mas, lamentavelmente, não é!

Lucros bilionários para os empresários e descaso com os trabalhadores

Em Indaiatuba, desde 1998, se produz o Corolla sedã, o modelo que detém 90% das vendas de sedãs médios no país. E dali, também, saem as exportações para grande parte da América Latina. São bilhões de reais em lucros gerados todos os anos pelos 1500 trabalhadores e trabalhadoras que ali trabalham, utilizados, inclusive, para construir as plantas mais recentes da empresa (em Sorocaba e Porto Feliz, também em São Paulo).

É inadmissível que, em meio ao anúncio de um investimento tão volumoso no país, a empresa feche uma fábrica na qual seria plenamente possível investir e dar continuidade às suas operações. Tampouco pode-se confiar na informação de que os empregos serão garantidos, com uma transferência para Sorocaba, seja em função das diferenças salariais, seja por gastos que a empresa teria com o deslocamento de tanta gente. Sem falar no incômodo de perder mais algumas horas da vida com uma viagem de uma cidade a outra.

Sem falar nas tantas isenções de impostos que as grandes empresas tiveram ao longo desses anos por parte de todos os governos. Para a Toyota não foi diferente. É mais um exemplo de como os bilionários se aproveitam, ao máximo, da classe trabalhadora, adoecendo centenas, devido ao ritmo da produção, e, depois, descartando todo mundo.

Vai ter luta

Trabalhadores reagem ao fechamento

A forma como a empresa fez o anúncio e como tem repetido seus planos funciona como uma pressão sobre as trabalhadoras e os trabalhadores, como se fossem planos indestrutíveis de uma multinacional todo-poderosa. Assim, eles tentam obrigar todo mundo a se submeter, usando justificativas técnicas muito fracas, mas que, de fundo, só servem para tentar encobrir a busca por ainda mais lucros do que o que já têm hoje em dia.

Os trabalhadores em mobilização na fábrica em Indaiatuba | Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região

Assembleia e organização de base

Em assembleia com as trabalhadoras e os trabalhadores, no dia 6 de março, o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região expôs a situação e disse que não se pode aceitar tal postura da empresa. Com esse objetivo, foi colocada em votação a proposta de realização de uma grande campanha pelo não fechamento da planta, que foi aprovada pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores A cobrança será feita sobre os governos das três esferas, bem como sobre parlamentares. E a própria matriz, no Japão, será alvo da reivindicação.

Neste primeiro mês desde o anúncio, já foram realizadas assembleias na porta da fábrica e os trabalhadores também receberam algumas moções de apoio. A campanha ainda vai ser bastante ampliada, tanto na cidade quanto nos níveis estadual e federal e, também, em escala internacional. É preciso lutar até o fim pela reivindicação do que é o melhor para todas e todos que trabalham ali, que é a manutenção da fábrica em Indaiatuba.

Luta coletiva e solidariedade

Para nós, esse é o caminho: organizar a luta de maneira coletiva, envolvendo o sindicato, os cipeiros e toda a peãozada, para dar visibilidade ao problema e ter condições de reverter a decisão. A Toyota jogou uma bomba no colo de todos e, agora, quer resolver o “problema” rapidamente.

Mesmo sendo uma situação tensa, que gera enorme ansiedade, é importante ter paciência. A pressa para tirar o atraso da produção é da empresa, não dos trabalhadores. Ela segue com o plano dela, e os trabalhadores devem seguir com o seu próprio plano.

A solidariedade de toda a classe trabalhadora é crucial neste momento. Os movimentos, sindicatos etc. podem nos ajudar muito, através da divulgação da situação e do envio de moções, como já foi feito pela CSP-Conlutas, seus sindicatos e outras entidades.

Pedimos que entrem em contato com o sindicato (diretoria@metalcampinas.org.br), para pegar o modelo de moção e os e-mails para os quais ela deve ser enviadas. O PSTU está junto com a companheirada na linha de frente deste combate e chamamos todos os movimentos sociais, organizações e quem mais se dispuser a enfrentar a Toyota para que também estejam juntos.

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