Opinião

“Não sou candidato em Tel Aviv”: Boulos, é assim que se combate a ultradireita?

João da Silva, do PSTU Noroeste SP

11 de março de 2024
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O pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), ao ser questionado sobre a fala de Lula, que comparou, corretamente, a chacina promovida na Palestina ao Holocausto, respondeu, entre outras coisas, que “não era candidato a prefeito de Tel Aviv [capital do Estado fantoche de Israel]”.

Israel é um dos bastiões da extrema-direita internacional

Há meses cresce nas redes sociais uma série de vídeos da chacina israelense contra os palestinos, sendo a maioria das vítimas crianças e mulheres. O mundo se revolta com tamanha brutalidade. Já as mídias burguesas, como Rede Globo, Estadão e Folha de S.Paulo, promovem a defesa desavergonhada do genocídio palestino, usando todo tipo de artifício retórico para defender o indefensável: o suposto direito de Israel matar crianças em uma guerra que não existe. Trata-se puramente de um genocídio. Enquanto políticos de direita apoiam o massacre na Palestina, outros, de esquerda, se calam ou até mesmo apoiam o Estado sionista.

Enquanto isso, os ativistas comprometidos com a causa palestina e aqueles com consciência de classe, saem às ruas em atos pró-palestina, combatem as fake news difundidas pela mídia e pelos políticos de direita.

O Estado de Israel, há anos, é um dos bastiões da extrema direita internacional. É um “Estado” fantoche, mantido pelos Estados Unidos, que, anualmente, destina bilhões de dólares para mantê-lo. Somente em 2023, foram 3,8 bilhões de dólares investidos pelos EUA, em troca de influência política no Oriente Médio, uma área de importante tráfego de mercadorias e rica em petróleo. Beneficia-se ainda dos demais imperialismos e países, inclusive do Brasil, que ainda mantém relações comerciais, e militares, com esse Estado.

Não é possível, nos dias de hoje, combater a ultradireita sem denunciar o genocídio promovido por Israel contra os palestinos. No Brasil, Bolsonaro e sua trupe de militares e milicianos sempre louvaram Israel como sendo um referencial para eles, já que Israel possui uma cultura armamentista e belicistas, sendo um dos maiores exportadores de armamento do mundo, fornecendo armas para as polícias e exército brasileiro. As bandeiras no ato bolsonarista do dia 25 de fevereiro são somente a demonstração mais recente deste fato.

Não é candidato a prefeito de Tel Aviv, mas é de São Paulo, terra das chacinas

Boulos procura se projetar no cenário político como um combatente contra a ultradireita militar/bolsonarista, mas diante de uma das maiores expressões da ultradireita internacional, se cala, se esconde. Isso acontece, pois, para ganhar a prefeitura de São Paulo, Boulos se junta com setores que flertam com a ultradireita, como Marta que, antes de aceitar ser sua vice, compunha o governo de Ricardo Nunes. Inclusive, a mesma Marta que apoiou o impeachment da Dilma, que Boulos chama de golpe à democracia.

Essa movimentação não é exclusividade de Boulos. Em Belém do Pará, Edmilson Rodrigues (PSOL) se aliou com todos os políticos parasitas do povo paraense para ganhar a prefeitura e tem acumulado altos índices de rejeição. O preço a ser pago por aqueles que se conciliam  com a burguesia e seus políticos é ter que aplicar suas políticas de austeridade e cortes contra os trabalhadores. Mente quem diz que vai “governar para todos”. Ou se governa para os trabalhadores, ou para os milionários!

Na cidade de São Paulo e Região, de 1980 até 2020, ocorreram mais de 800 chacinas. Cabe salientar que esses dados são subnotificados. Sendo assim, o povo pobre, preto, há séculos sofre com o nosso próprio holocausto. Qualquer ativista que se coloque como candidato à prefeitura de São Paulo, precisa ter convicção que é necessário combater essa política permanente de extermínio do povo preto. Além disso, nós brasileiros temos que ser os campeões na luta contra o genocídio palestino, pois as mesmas armas que matam os palestinos são vendidas para a nossa polícia militar nos matar aqui. Quando acontecer a próxima chacina em São Paulo, Boulos vai se esquivar como fez com os palestinos? Vai afirmar que não é governador? Qual será a próxima desculpa para não se posicionar e assim agradar seus aliados burgueses?

Lula acerta em chamar de genocídio, mas é preciso romper todas as relações com Israel

Lula, por sua vez, após meses dando declarações recuadas sobre o conflito na Palestina, decidiu se manifestar de forma enfática. Porém, faz isso apenas em discurso! Quem vê de fora acredita ser apenas um comentarista político, que nada pode fazer de concreto. Mas, na verdade, tem o poder para romper todas as relações com o Estado de Israel, econômica, diplomática, política e militarmente. Não podemos aceitar que nosso país tenha relações com um Estado que promove um “Holocausto” ao vivo para todo o mundo!