Netanyahu retoma plano de expulsão de palestinos com anuência estadunidense

No último dia 7 de julho, o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu fez uma reunião a portas fechadas com o presidente Trump em Washington. Os temas discutidos foram Gaza, Irã e Iêmen.
Nos dias que antecederam a reunião, Trump defendeu um cessar-fogo de 60 dias para a libertação dos prisioneiros israelenses em Gaza, e anunciou que Israel concordara com o cessar-fogo, e que o Hamas estava interessado em um acordo.
Após a reunião, Netanyahu reafirmou sua intenção de expulsar os palestinos com a anuência de Trump. Posteriormente, ele explicou que apoia um cessar-fogo que não é um cessar-fogo, mas sim uma rendição na qual o Hamas seria desarmado e seus líderes exilados. Para isso, Israel manteria a presença das tropas israelenses em toda a Faixa de Gaza. Isso é totalmente diferente do cessar-fogo firmado em 15 de janeiro e rompido por Israel.
O Hamas anunciou que apoia um cessar-fogo similar ao firmado em 15 de janeiro, com a retirada das tropas israelenses de Gaza, o livre ingresso de ajuda humanitária, a troca de prisioneiros, que aponte para um cessar-fogo permanente, e para o fim do genocídio israelense em Gaza.
Campo de concentração nas ruínas de Rafah
Em Israel, o ministro da Defesa Israel Katz explicou o plano de limpeza étnica aprovado pelo governo israelense. O primeiro passo é criar um campo de concentração no sul de Gaza, sobre as ruínas da cidade de Rafah. Cerca de 600 mil palestinos seriam confinados e só poderiam sair de lá para fora da Faixa de Gaza.
O segundo passo é ampliar o número de palestinos confinados nesse campo de concentração para 1,5 milhão, e expulsar meio milhão para fora da Palestina. Desta forma, o exército israelense manteria 80% do território de Gaza sem palestinos, abrindo o caminho para a instalação de assentamentos israelenses com colonos fascistas.
As crises de Israel
Nem tudo são flores na rota genocida planejada pelo Estado de Israel. A economia do país está em frangalhos, aumentando sua dependência do imperialismo. Metade dos soldados reservistas evadem da convocação militar, e inúmeros soldados em Gaza têm problemas psíquicos por conta, principalmente, das ações diárias da resistência palestina que faz feridos e mortos entre os sionistas, mesmo em desvantagem militar. Netanyahu recuperou parte de sua popularidade, mas as pesquisas eleitorais apontam para sua derrota nas eleições que serão convocadas até outubro de 2026.
Repúdio aumenta
No exterior, o genocídio é amplamente repudiado. Esportistas e artistas israelenses são alvo de protestos populares. Hotéis e restaurantes se recusam a atender soldados israelenses em férias. Até Netanyahu e seu ex-ministro Yoav Gallant têm ordem de prisão expedida pelo Tribunal Penal Internacional, e não podem visitar os países que reconhecem sua jurisdição. E a tendência é esse repúdio se materializar em novas mobilizações enormes.
Iêmen e Irã na mira dos sionistas
Na reunião com Trump, Netanyahu tentou convencê-lo a atacar militarmente os iemenitas houthis, que continuam impedindo o comércio com Israel no Mar Vermelho em solidariedade com os palestinos, e o Irã, que está em condições de reconstituir seu programa nuclear e a fabricação de mísseis balísticos. A posição de Trump, de cujo apoio Israel depende para suas ações genocidas, ainda não está clara.

Vítimas do bombardeio israelense na Palestina. Foto Motaz Azaiza/UNRWA
Fato documentado
Relatora da ONU denuncia o genocídio uma vez mais
A combativa relatora da ONU para direitos humanos nos territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, apresentou seu terceiro relatório no qual reafirma que as ações israelenses se caracterizam como crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio, o crime mais grave tipificado pelo direito internacional.
Ela ainda nomeou uma série de corporações capitalistas que lucram com o genocídio em curso, tais como as big techs estadunidenses e a indústria armamentista. E recomendou o indiciamento de todos os CEOs dessas empresas por descumprimento das normas do direito internacional.
O governo Trump aplicou sanções contra a relatora alegando perseguição contra as multinacionais estadunidenses. Francesca Albanese respondeu dizendo estar em paz com sua consciência.
Palestina Livre
A questão palestina será decidida na luta local e internacional
A resistência palestina, armada e pacífica, e a imensa solidariedade internacional ainda não conseguiram paralisar o genocídio em Gaza. Mas como diz o ditado: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.”
O fim do genocídio é um primeiro passo. A libertação da Palestina enfrenta inimigos poderosos. Israel é armado e financiado pelo imperialismo estadunidense e europeu. O imperialismo chinês é o principal parceiro comercial de Israel. E o imperialismo russo exporta petróleo que move a máquina de guerra sionista.
Os regimes árabes protegem Israel e impedem a mobilização da juventude e da classe trabalhadora árabe que odeia Israel e almeja a libertação da Palestina. E a burguesia palestina, representada pela Autoridade Palestina, mantém a colaboração de segurança com Israel.
Por isso que a libertação da Palestina depende, em primeiro lugar, da resistência palestina, mas também das lutas árabes para derrubar os regimes que colaboram com Israel, e da solidariedade internacional para paralisar o envio de armas para Israel e seu financiamento.
Para impulsionar esse projeto de libertação, é muito importante construir um partido revolucionário e internacionalista que alimente a multifacetada solidariedade internacional, que construa uma nova onda de revoluções árabes e apoie incondicionalmente a resistência palestina para pôr fim ao Estado de Israel e construir uma Palestina livre, do rio ao mar!