Editorial

O Brasil sob ataque do imperialismo: é hora de uma resposta independente dos trabalhadores

Redação

11 de julho de 2025
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O Brasil está sob um ataque direto do imperialismo. A medida anunciada por Donald Trump, que impõe sobretaxas às exportações brasileiras, é uma grave violação da nossa soberania e independência nacional. Mais que uma questão econômica, trata-se de uma inaceitável ingerência política. A justificativa de Trump, que inclui a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe, e o pedido de anistia aos golpistas, configura uma interferência explícita no processo político nacional em apoio à extrema direita e contra as instituições do Estado brasileiro.

No plano econômico, o objetivo é explícito: aprofundar as vantagens e a dominação dos Estados Unidos sobre o Brasil. O imperialismo estadunidense há décadas domina nossa economia por meio de seus monopólios que superexploram os trabalhadores, saqueiam nossas matérias-primas e remetem lucros bilionários aos seus acionistas. Os lucros das empresas estadunidenses aqui instaladas são uma das formas mais cruéis de pilhagem do nosso povo.

O bolsonarismo, como era de se esperar, aplaude a medida de Trump. Faz isso porque o projeto da extrema direita é justamente o da subserviência total ao imperialismo. Foram inclusive lobistas dessa manobra, como parte da tentativa de reabilitar politicamente Bolsonaro. Comemoram a agressão estrangeira como parte de sua estratégia para evitar a prisão do ex-presidente e voltar à disputa eleitoral. Essa postura revela o verdadeiro caráter desses setores: não são patriotas, são lacaios dos interesses imperialistas, dispostos a sacrificar o país em troca de seus próprios objetivos políticos e projeto autoritário.

Mas não nos iludamos com o restante da burguesia brasileira. Embora critique a medida de Trump, sua resposta é tímida e conciliadora. Clamam por negociação e diálogo, porque seus lucros dependem da associação subordinada ao imperialismo. A história do Brasil mostra que nenhum setor burguês esteve disposto a romper de fato com os interesses imperialistas. A dependência é parte estrutural do modelo econômico que defendem.

O governo Lula, apesar da retórica inicial de “reciprocidade”, passadas 24 horas afirmou que a reciprocidade só será usada em “última instância”, representando a vontade da burguesia vira-lata brasileira. Isso só reforça a necessidade de a classe trabalhadora entrar em cena para dar uma resposta à altura. O mínimo aceitável diante dessa agressão é proibir a remessa de dólares dos fundos de investimento credores da dívida pública, de lucros e dividendos das multinacionais e estar disposto a nacionalizar os monopólios imperialistas, as empresas estadunidenses que atuam no país, estatizar setores estratégicos sob controle dos trabalhadores e iniciar um processo de ruptura real com o imperialismo.

A postura da esquerda eleitoral e institucional é muito limitada. No ato da Avenida Paulista, o discurso de Boulos não dá respostas à gravidade do ataque imperialista. Centrou-se na eleição de 2026 e na defesa de ajudar o governo Lula a governar “contra o centrão”. Não diz que, na verdade, quando propõe que os trabalhadores ajudem a governar, está falando em manter e apoiar a política econômica neoliberal do governo e seu arcabouço fiscal, que protege os banqueiros, incluindo os credores dos fundos de investimentos dos EUA que rapinam nossas riquezas. Além disso, faz um discurso enganoso quando esquece que quem alimenta o centrão é o próprio governo que entrega ministérios e verbas a ele.

Essa política de conciliação com a burguesia desarma os trabalhadores. A luta contra o imperialismo deve estar ligada à luta contra os cortes de verbas sociais, contra o arcabouço fiscal, contra a escala 6×1 e pela taxação dos bilionários e dos capitalistas. É preciso unir as lutas populares de forma independente da burguesia, do Congresso, do STF e dos governos. Para derrotar o imperialismo e também o bolsonarismo é preciso enfrentar de fato os ricos, os banqueiros, a Fiesp, os monopólios do agronegócio, o Congresso, e não conciliar e governar com todos eles como faz Lula.

Para defender a soberania do país diante de uma agressão imperialista desse porte, é necessário que as organizações dos trabalhadores e populares rompam com a burguesia e chamem a mobilização dos trabalhadores, com independência política dos governos e patrões, para defender o país e nossas reivindicações.

Os trabalhadores precisam construir uma mobilização própria, que não dependa de nem uma fração da burguesia. As centrais sindicais, os movimentos estudantis e populares devem ser pressionados a sair da passividade e a organizar uma resposta real. É necessário mobilização independente até para exigir medidas concretas do governo Lula para enfrentar os EUA, não discursos vazios ou negociações tímidas. Por isso, a luta contra o imperialismo deve estar conectada à luta pelas nossas reivindicações, às lutas dos trabalhadores e imigrantes dos EUA contra o governo Trump, com o povo Palestino contra o genocídio em Gaza e pelo fim do próprio sistema capitalista.

O momento exige firmeza, coragem e ação organizada – por soberania nacional, independência de classe e um futuro sem exploração.
Fora Trump do Brasil! Bolsonaro na prisão!

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