PA: Greve da construção civil impõe derrota à patronal
Categoria garante aumento real nos salários e na cesta básica, e classificação para mulheres

Após nove dias de uma forte greve da construção civil de Belém, Ananindeua e Marituba que parou as principais obras da capital paraense e região metropolitana, incluindo obras da COP 30, operários e operárias impõem derrota à patronal, mesmo com toda a pressão realizada pelos empresários, que ofereceram dinheiro para voltarem a trabalhar, além das ameaças de corte de ponto, de demissão e à repressão do aparato policial, enviado pelo governador Helder Barbalho (MDB), para tentar acabar com o movimento grevista.
A categoria conseguiu uma vitória importante e histórica. Em assembleia, realizada na manhã de hoje (24/9), votaram pelo fim da greve, por unanimidade, com vitória da luta.
A greve ganhou a solidariedade da população de Belém, de diversos sindicatos e ativistas do estado e de várias partes do Brasil. Ganhou repercussão na imprensa internacional. Tudo isso ajudou a forçar a patronal a recuar, pois desde o início se manteve intransigente e sem querer sentar à mesa para negociar. Eles sentiram a força da greve, viram que os operários estavam com sangue nos olhos e dispostos a brigar por seus direitos. Foram nove dias de piquetes e passeatas pelas ruas de Belém, onde eram realizadas também as assembleias, que democraticamente organizavam a luta.
Negociação
Na tarde ontem (23/9), após mais uma assembleia encerrada, a patronal procurou a direção do Sindicato para apresentar uma nova proposta, que foi discutida e apresentada pelo sindicato na assembleia de hoje. Os operários e operárias arrancaram aumento real de 1,37% nos salários, 45,5% de reajuste na cesta básica, com uma aumento de R$ 50. Além disso, conseguiram uma conquista histórica para as mulheres. As operárias que estiverem trabalhando na ferramenta, diferente da função de servente, terão quatro meses para serem classificadas. A greve conquistou também uma PLR de R$ 350 para a categoria.
“A patronal queria dar apenas o reajuste de 5,13%. Foi obrigada, pela força do movimento, a avançar de sua proposta inicial. A proposta de reajuste aprovada foi de 6,5% de reajuste salarial. O salário do servente de pedreiro, que hoje é de um salário mínimo, passará para R$ 1,616,67. Um aumento de quase R$ 100 reais. As cláusulas sociais da convenção foram mantidas”, pontua Cleber Rabelo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, filiado à CSP-Conlutas, e militante do PSTU.
“A categoria mostrou a sua força e organização. Provamos que mesmo em uma conjuntura difícil, onde a patronal arranca o couro dos peões todos os dias nos canteiros de obras, é possível lutar, é possível vencer. E a luta não termina com a suspensão da greve. Agora, é partir para os canteiros para garantir que os dias parados não sejam descontados. E seguir mobilizados para as lutas que virão”, destaca o diretor do sindicato.
“A categoria, a direção do Sindicato, a CSP-Conlutas e os militantes do PSTU que estiveram juntos e misturados nesses nove dias de greve estamos de parabéns. Isso foi só uma pequena mostra de que quando a classe se junta a uma direção consequente e combativa, ninguém segura. Viva a luta dos operários e operárias da construção civil do Pará”, finaliza Cleber Rabelo.
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