Para mudar o país, só com mobilização dos trabalhadores com independência de classe

A imposição de novas tarifas de 25% sobre a exportação de aço e alumínio brasileiro para os Estados Unidos, pelo governo Trump, revela a dominação imperialista que há décadas não apenas subjuga, mas também pilha os recursos do país. Longe de ser o Brasil o explorador dos Estados Unidos, como diz Trump, é este último, por meio de suas multinacionais, que há tempos drena as riquezas nacionais e deposita os lucros nos cofres dos bilionários estadunidenses.
Essa medida tarifária não passa de mais um instrumento do arsenal imperialista, que visa encarecer os produtos brasileiros e, assim, favorecer as empresas instaladas nos EUA, intensificando a exploração e a dominação econômica sobre o Brasil.
A posição subalterna que a burguesia nacional adota frente aos monopólios internacionais é notória: mesmo diante de um tapa na cara dado pelos EUA, não toma nenhuma medida minimamente séria em defesa da soberania nacional. Pelo contrário, aceita calada, submissa, corre para articular negociações que com certeza se traduzirão em mais entrega para os bilionários estrangeiros.
A burguesia brasileira fala grosso e é uma fera contra os trabalhadores. Quanto a seus amos imperialistas, reina a cumplicidade dos que se alimentam do lucro que sobra do banquete da rapina imperialista.
Submissão ao imperialismo
Diante disso, mais uma vez o governo Lula sinaliza para acordos, conciliação e negociações com aquele que é o máximo representante tanto da ultradireita mundial quanto da burguesia e do imperialismo. Agora seria a hora de atacar os lucros das multinacionais instaladas aqui e sobretaxar a remessa de lucro para o exterior e os lucros das multinacionais. Ao reagirem com ameaças de sair do país, deveriam ser expropriadas e terem seus bens colocados a serviço do desenvolvimento do país. Nem investem no Brasil, porque para eles dá mais lucro nos deixar no atraso, submetendo-nos à potência tecnológica e aos capitais vindos dos países centrais. Lula deveria romper este ciclo de dominação imperialista. E ir para o combate contra as tarifas deveria ser o primeiro passo para isso.
O silêncio de bolsonaros, nikolas e outros setores da ultradireita sobre a taxação de Trump não poderia ser diferente. Afinal, se abrissem a boca seria para defender as medidas de Trump e dos EUA, pois é tudo que sabem fazer: servir e ser submissos ao chefe do seu projeto político autoritário e de dilapidação dos direitos dos trabalhadores.
É preciso derrotar a política econômica do governo
Enquanto isso, a vida real dos trabalhadores é bem pior do que diz o governo. É marcada pelo aumento absurdo dos preços de itens essenciais, pela precarização das condições de trabalho e pelas jornadas extenuantes. A educação e a saúde públicas seguem sufocadas e sem verbas por conta da política de arcabouço fiscal do governo Lula e Haddad.
Para mudar o país, os trabalhadores precisam construir uma mobilização independente de fato dos governos, da patronal e da direita. Em meio a um cenário de retrocessos e contradições, no qual a política econômica oficial favorece os interesses dos bilionários e dos mercados financeiros, é urgente que os trabalhadores vão à luta contra a exploração da burguesia brasileira e internacional. É preciso, portanto, derrotar a política econômica do governo Lula, derrubar o arcabouço fiscal, acabar com as privatizações e reestatizar o que já foi entregue. As lutas contra a jornada 6×1, a das mulheres com os atos do 8 de Março, assim como a vitória da luta indígena no Pará, apontam o caminho.
Nesse contexto, centrais sindicais e partidos governistas – inclusive aqueles que se apresentam como representantes da esquerda, como o PT e o PSOL – optam por uma estratégia de conciliação com a patronal e com o governo, recusando-se a enfrentar de maneira efetiva sua política econômica. Essa postura, além de minar a possibilidade de uma transformação autêntica, acaba por reforçar a hegemonia da direita e dos setores conservadores, que se organizam em blocos de rua para reivindicar medidas como a anistia para golpistas e o aprofundamento ainda maior do capitalismo.
Sufocar e segurar a luta dos trabalhadores, como fazem o PT, a CUT, o PSOL e a UNE, é deixar o caminho livre nas ruas para a extrema direita.
Oposição de esquerda e socialista
Hoje, mais do que nunca, é fundamental que os trabalhadores se unam em torno de um projeto de transformação que rejeite as concessões e os pactos com a direita. Por isso, a necessidade de uma oposição de esquerda e socialista ao governo Lula e aos demais governos.
Organizar os trabalhadores para lutarem por suas reivindicações, derrotando a burguesia e a política econômica do governo, é o caminho inclusive para infligir uma derrota definitiva à ultradireita impulsionada por Trump e Bolsonaro.
Somente assim será possível fortalecer uma alternativa revolucionária capaz de acabar com os alicerces de um sistema que privilegia os interesses capitalistas, tanto nacionais quanto internacionais, e perpetua a exploração e o empobrecimento da maioria.
A independência de classe, portanto, não é apenas uma exigência teórica, mas uma necessidade histórica para que os trabalhadores possam construir um programa próprio, alheio aos interesses dos governos e da patronal, capaz de derrotar de fato a extrema direita e promover uma verdadeira emancipação.